José Reinaldo: Os sionistas mentem quando dizem querer a paz
A candidata Dilma Rousseff à Presidência da República pela coligação Para o Brasil Seguir Mudando, da qual fazem parte os comunistas, visitou na última segunda-feira a Confederação Israelita do Brasil, onde voltou a defender a política externa brasileira e ratificou as posições do governo do presidente Lula sobre o Irã.
Por José Reinaldo Carvalho*
14 DE SETEMBRO DE 2010
Dilma afirmou que a relação com o país persa “é em busca da paz”. E num recado às forças imperialistas asseverou: “Qualquer um que abrir mão da paz está defendendo que o método correto é a guerra. E não é. As experiências no Iraque e no Afeganistão são dramáticas”. Ao mesmo tempo, a candidata demarcou-se daqueles que eventualmente neguem o holocausto: “É um fato histórico. As provas são contundentes, por isso mesmo, dramáticas”, pontuou.
São muitas as controvérsias quanto à interpretação de opiniões de líderes árabes e iranianos sobre o Holocausto. Negar sua negação é importante para não se cair na trampa de ser acusado de anti-judeu ou anti-semita. Rigorosamente, quem enxovalha a própria história do povo judeu são os sionistas no poder em Israel, porquanto cometem contra os árabes e especialmente os palestinos crimes semelhantes aos que Hitler praticou.
As declarações de Dilma apontam na direção correta. Também no que diz respeito à política externa, ela indica que dará continuidade à obra do governo Lula, conduzida durante os dois mandatos pelo Itamaraty, sob a gestão do ministro Celso Amorim, com eficiência, competência e visão estratégica correta quanto aos grandes problemas da geopolítica.
Particularmente em relação ao Oriente Médio o governo Lula fez algo comparável aos 12 trabalhos de Hércules.
Passe a expressão, por ser exata: Nunca antes na história da República o chefe de Estado havia visitado a região. Foram incontáveis as iniciativas brasileiras para fomentar as relações com os países árabes, das quais destacamos cinco, pelo seu significado.
A condenação brasileira à guerra de agressão dos EUA ao Iraque, dois meses depois da posse de Lula; a Primeira Conferência América Latina – Países Árabes, no primeiro mandato, realizada em Brasília, a ação solidária do Brasil com o Líbano, quando o país do cedro foi bombardeado em 2006 durante mais de um mês pela aviação israelense, a visita presidencial à Palestina ocupada e o acordo tripartite Brasil-Turquia-Irã em torno da questão nuclear, seguido pelo voto NÃO brasileiro no Conselho de Segurança das Nações Unidas às sanções propostas pelo imperialismo estadunidense.
Um rico acervo de realizações. Como se vê, há lógica, consistência e coerência na orientação brasileira em face da questão do Oriente Médio. Somos otimistas quanto à sua permanência. O Brasil pode e deve continuar desempenhando papel construtivo na criação de um ambiente propício à paz.
Durante o encontro com Dilma Rousseff, os dirigentes da Confederação Israelita entregaram-lhe um documento em defesa da democracia (!), pela preservação das liberdades políticas e a mobilização da sociedade na luta contra a pobreza (!) e reivindicando que o Brasil reafirme sua tradicional posição “em favor do direito de todos os povos do Oriente Médio à autodeterminação.” (sic).
Até aqui palavras, nada mais do que palavras, todas vazias de conteúdo, meras abstrações ou platitudes, lançadas no papel para iludir. Os sionistas mentem quando dizem querer a paz.
O verdadeiro objetivo do libelo sionista foi, entretanto, revelado em outro parágrafo do texto entregue a Dilma: “Todas as nações da região devem ter o direito de existir em paz e em segurança. Esse princípio é essencial para a solução de conflitos regionais”, sustenta o texto divulgado pela Confederação Israelita do Brasil, organização dedicada ao lobby sionista no país, à defesa dos interesses do Estado israelense, à difusão da sua ideologia racista e à estigmatização dos que se opõem aos crimes desse estado como anti-semitas e defensores do Holocausto.
O busílis da questão para o sionismo e que se encontra no substrato de toda a política de guerra e agressão de Israel contra os árabes em geral, os palestinos em particular e o Irã é a concepção, que vem da fundação do seu Estado em 1948, de que esses povos constituem uma ameaça à sua paz e segurança, com o que pretende justificar a sua própria natureza de Estado terrorista, genocida e a serviço da política imperialista estadunidense de domínio estratégico da região.
Há uma simbiose entre Israel e os Estados Unidos em função dos interesses que ambos defendem. Israel quer a sua expansão e, se possível, o extermínio dos palestinos. O imperialismo estadunidense quer seguir dominando o mundo, objetivo para o qual a conquista do Oriente Médio é fundamental.
A causa dos conflitos no Oriente Médio é a política agressiva e expansionista do Estado sionista israelense contra os povos árabes, em particular o povo palestino. E a política de domínio estratégico exercida pelo imperialismo norte-americano, que não se detém diante de nenhum crime, como atestam a guerra ao Iraque e o invariável apoio financeiro e militar aos agressores israelenses.
Defender a paz, na visão das forças antiimperialistas é também tomar partido do que é justo, é praticar a solidariedade com as vítimas do genocídio e da barbárie contidos nas guerras de agressão desencadeadas pelos sionistas e os imperialistas.
Palavras como paz e democracia não combinam com a conduta racista e belicista do movimento sionista espalhado pelo mundo.
A luta das forças anti imperialistas é política, nada tem a ver com reinterpretação de fatos históricos, com nacionalismo estreito e vulgar, muito menos com anti-semitismo. É uma luta pelo direito internacional, pela justiça, contra o militarismo e a guerra. Uma luta pela paz.
*Editor do Vermelho
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=136940&id_secao=1
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Amorim defende continuidade da política externa
Para o chanceler, a linha adotada pelo Brasil deve ser mantida independentemente de quem ganhar a eleição de outubro. 'Os benefícios são tão óbvios', disse. 'Seria pouco sensato abandoná-la.'
Alexandre Rocha
São Paulo – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a continuidade da política externa do governo brasileiro, independentemente de quem seja o vencedor da eleição para presidente em outubro. “Minha convicção é que a política externa não vai se alterar”, afirmou o chanceler, na noite desta sexta-feira (13), antes de jantar em sua homenagem oferecido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
“Mesmo aquelas pessoas com menor sensibilidade do ponto de vista político e cultural, ou que não têm interesse na paz mundial, que acham que a gente não deveria se envolver, não vão poder abandonar [a política externa]”, declarou Amorim.
Para ele, os benefícios da aproximação promovida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com outros países em desenvolvimento, especialmente do Oriente Médio e África, “são tão óbvios”. Como exemplo, ele citou o aumento do comércio do Brasil com o mundo árabe, que saiu de pouco menos de US$ 5 bilhões em 2003, primeiro ano do primeiro mandato de Lula, para mais de US$ 20 bilhões em 2008.
“Os aspectos materiais são muito fortes”, disse. Ele ressaltou que, além da exportação de alimentos, empresas brasileiras vendem produtos de alto valor agregado, como aviões e veículos terrestres, além de realizarem investimentos industriais na região. O Brasil tem também atraído investimentos árabes. “Acho que a política será mantida, seria muito pouco sensato abandoná-la”, acrescentou.
Sérgio Tomisaki/Agência Meios
O chanceler com os diretores da Câmara Árabe Michel Alaby e Nahid Chicani (D)
A política externa do governo tem sido criticada pelo principal candidato da oposição à Presidência, José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo. Ele e a candidata da situação, Dilma Roussef (PT), ex-ministra da Casa Civil de Lula, são os dois candidatos mais bem avaliados nas pesquisas de opinião.
Questionado se permanecerá no ministério caso Dilma vença, Amorim afirmou que “isso não é importante”, mas sim que o governo tenha a cara do governante e que a área internacional “é a cara do governo fora do país”. “Acho que ela (Dilma) tem que ter total liberdade para escolher seus assessores”, afirmou. “O que é importante é que a linha [política] permaneça, e acho que ela vai permanecer”, destacou.
Mais acordos
Enquanto o governo Lula não acaba, Amorim disse que é possível fazer ainda mais na seara das relações com os países árabes. Atualmente o Brasil está na presidência rotativa do Mercosul e Amorim acredita, por exemplo, que a negociação de livre comércio com a Jordânia “pode avançar e até ser concluída”. Na semana passada, o bloco sul-americano firmou um tratado do gênero com o Egito, o primeiro com um país árabe.
O chanceler acredita também que um acordo quadro para iniciar uma negociação semelhante com a Síria pode ser assinado até o final do ano.
Sobre outras tratativas do gênero já iniciadas, como com o Marrocos e o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), Amorim não fez previsões, mas disse que espera que o Brasil possa contribuir para que eles avancem. O GCC é composto por Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Catar, Kuwait e Omã.
No caso dos países do Golfo, o acordo emperrou por causa da resistência da indústria petroquímica do próprio Brasil em aceitar a redução de tarifas para importação de petroquímicos da região. Amorim afirmou que há também resistência no lado árabe no ramo de alimentos, especialmente dos produtores de carne de aves.
Ele ressaltou, porém, que em um caso como este “é preciso um pouco de audácia”, e citou o exemplo da negociação com o Egito, que foi facilitada pelo empenho pessoal do ministro da Indústria e Comércio do país árabe, Rachid Mohamed Rachid.
O chanceler destacou, por exemplo, que, se o acordo com o GCC não caminha na área de bens, pode-se avançar nas áreas de serviços e investimentos. Para ele, negociações assim são como uma “pescaria”, algumas vezes o retorno é fácil, mas em outras é preciso jogar a rede novamente. “É algo que exige tempo”, concluiu. (Veja abaixo vídeo com trechos da entrevista e imagens do evento)
Link do video:
Link da materia: http://www.anba.com.br/noticia_diplomacia.kmf?cod=10510810
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Salim Schahin destaca 'ousadia' do chanceler
Em homenagem feita pela Câmara Árabe, o presidente da entidade afirmou que, com a gestão de Celso Amorim, a diplomacia brasileira inseriu o país no cenário internacional com o respeito que merece.
Alexandre Rocha
alexandre.rocha@anba.com.br
São Paulo – O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, destacou a "ousadia" do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na condução da política externa do governo brasileiro. “O senhor ousou, senhor ministro”, afirmou Schahin, em discurso, durante jantar em homenagem ao chanceler na noite desta sexta-feira (13), no Esporte Clube Sírio, em São Paulo.
“A sua gestão nestes sete anos e meio de governo permitiu ao nosso país se inserir no cenário global, com o respeito que um país com dimensões continentais, com uma população de quase 200 milhões de habitantes e um dos dez maiores PIBs do mundo, merece”, disse o presidente da Câmara Árabe a um público formado por personalidades da comunidade de origem árabe, políticos, jornalistas, empresários e diplomatas.
Schahin ressaltou que hoje o Brasil “é um protagonista mundial, sem ufanismo, mas com responsabilidade”, e que essa situação foi alcançada “sem abrir mão da devida prudência sempre necessária na condução dos assuntos diplomáticos de um país”. “O país é hoje, graças ao binômio crescimento com inclusão social - pedras angulares do governo Lula -, reconhecido internacionalmente como uma potência emergente, e, como tal, é figura indispensável na discussão dos grandes problemas que continuam a afligir nosso planeta”, afirmou.
O presidente da Câmara Árabe acrescentou que a “ousadia” mostrada pela política externa brasileira pode ser vista na construção de novas relações internacionais, na ampliação da cooperação Sul-Sul, na integração dos países sul-americanos e na criação de novos mecanismos de diálogo multilateral. “Desenvolvendo uma política externa multipolar e abrangente, construindo novas relações sem deixar de lado suas alianças tradicionais, o Brasil não se apequenou”, disse.
Schahin destacou que o chanceler fez 60 visitas a países árabes, foram assinados 44 atos bilaterais com essas nações em diferentes áreas e deu ênfase ao crescimento das exportações brasileiras à região, que, em sua avaliação, podem chegar a US$ 11 bilhões este ano.
Cooperação da Câmara
Amorim retribuiu a homenagem da Câmara Árabe e declarou que sem a cooperação da entidade “não teríamos feito um décimo do que fizemos”.
Ele brincou que viajou quase tanto quanto Ibn Battuta, famoso explorador marroquino do século 14. “Me sinto muito engajado nessa tarefa de aproximação do Brasil com os países árabes”, afirmou. “Ir aos países árabes é também buscar nossa identidade”, acrescentou, referindo-se à origem de milhões de brasileiros.
O ministro ressaltou ainda que a diplomacia brasileira baseou-se nos últimos anos na busca por relações diretas com outros países em desenvolvimento. “Mostramos que o Brasil não precisa pedir licença para ninguém”, disse, em alusão às nações desenvolvidas, especialmente os Estados Unidos e União Européia.