terça-feira, 28 de setembro de 2010

ELEIÇÕES 2010: PELA CONTINUIDADE DA POLÍTICA EXTERNA

José Reinaldo: Os sionistas mentem quando dizem querer a paz

A candidata Dilma Rousseff à Presidência da República pela coligação Para o Brasil Seguir Mudando, da qual fazem parte os comunistas, visitou na última segunda-feira a Confederação Israelita do Brasil, onde voltou a defender a política externa brasileira e ratificou as posições do governo do presidente Lula sobre o Irã. 

Por José Reinaldo Carvalho*


14 DE SETEMBRO DE 2010

Dilma afirmou que a relação com o país persa “é em busca da paz”. E num recado às forças imperialistas asseverou: “Qualquer um que abrir mão da paz está defendendo que o método correto é a guerra. E não é. As experiências no Iraque e no Afeganistão são dramáticas”. Ao mesmo tempo, a candidata demarcou-se daqueles que eventualmente neguem o holocausto: “É um fato histórico. As provas são contundentes, por isso mesmo, dramáticas”, pontuou.

São muitas as controvérsias quanto à interpretação de opiniões de líderes árabes e iranianos sobre o Holocausto. Negar sua negação é importante para não se cair na trampa de ser acusado de anti-judeu ou anti-semita. Rigorosamente, quem enxovalha a própria história do povo judeu são os sionistas no poder em Israel, porquanto cometem contra os árabes e especialmente os palestinos crimes semelhantes aos que Hitler praticou.

As declarações de Dilma apontam na direção correta. Também no que diz respeito à política externa, ela indica que dará continuidade à obra do governo Lula, conduzida durante os dois mandatos pelo Itamaraty, sob a gestão do ministro Celso Amorim, com eficiência, competência e visão estratégica correta quanto aos grandes problemas da geopolítica.

Particularmente em relação ao Oriente Médio o governo Lula fez algo comparável aos 12 trabalhos de Hércules.

Passe a expressão, por ser exata: Nunca antes na história da República o chefe de Estado havia visitado a região. Foram incontáveis as iniciativas brasileiras para fomentar as relações com os países árabes, das quais destacamos cinco, pelo seu significado.

A condenação brasileira à guerra de agressão dos EUA ao Iraque, dois meses depois da posse de Lula; a Primeira Conferência América Latina – Países Árabes, no primeiro mandato, realizada em Brasília, a ação solidária do Brasil com o Líbano, quando o país do cedro foi bombardeado em 2006 durante mais de um mês pela aviação israelense, a visita presidencial à Palestina ocupada e o acordo tripartite Brasil-Turquia-Irã em torno da questão nuclear, seguido pelo voto NÃO brasileiro no Conselho de Segurança das Nações Unidas às sanções propostas pelo imperialismo estadunidense.

Um rico acervo de realizações. Como se vê, há lógica, consistência e coerência na orientação brasileira em face da questão do Oriente Médio. Somos otimistas quanto à sua permanência. O Brasil pode e deve continuar desempenhando papel construtivo na criação de um ambiente propício à paz.

Durante o encontro com Dilma Rousseff, os dirigentes da Confederação Israelita entregaram-lhe um documento em defesa da democracia (!), pela preservação das liberdades políticas e a mobilização da sociedade na luta contra a pobreza (!) e reivindicando que o Brasil reafirme sua tradicional posição “em favor do direito de todos os povos do Oriente Médio à autodeterminação.” (sic).

Até aqui palavras, nada mais do que palavras, todas vazias de conteúdo, meras abstrações ou platitudes, lançadas no papel para iludir. Os sionistas mentem quando dizem querer a paz.

O verdadeiro objetivo do libelo sionista foi, entretanto, revelado em outro parágrafo do texto entregue a Dilma: “Todas as nações da região devem ter o direito de existir em paz e em segurança. Esse princípio é essencial para a solução de conflitos regionais”, sustenta o texto divulgado pela Confederação Israelita do Brasil, organização dedicada ao lobby sionista no país, à defesa dos interesses do Estado israelense, à difusão da sua ideologia racista e à estigmatização dos que se opõem aos crimes desse estado como anti-semitas e defensores do Holocausto.

O busílis da questão para o sionismo e que se encontra no substrato de toda a política de guerra e agressão de Israel contra os árabes em geral, os palestinos em particular e o Irã é a concepção, que vem da fundação do seu Estado em 1948, de que esses povos constituem uma ameaça à sua paz e segurança, com o que pretende justificar a sua própria natureza de Estado terrorista, genocida e a serviço da política imperialista estadunidense de domínio estratégico da região.

Há uma simbiose entre Israel e os Estados Unidos em função dos interesses que ambos defendem. Israel quer a sua expansão e, se possível, o extermínio dos palestinos. O imperialismo estadunidense quer seguir dominando o mundo, objetivo para o qual a conquista do Oriente Médio é fundamental.

A causa dos conflitos no Oriente Médio é a política agressiva e expansionista do Estado sionista israelense contra os povos árabes, em particular o povo palestino. E a política de domínio estratégico exercida pelo imperialismo norte-americano, que não se detém diante de nenhum crime, como atestam a guerra ao Iraque e o invariável apoio financeiro e militar aos agressores israelenses.

Defender a paz, na visão das forças antiimperialistas é também tomar partido do que é justo, é praticar a solidariedade com as vítimas do genocídio e da barbárie contidos nas guerras de agressão desencadeadas pelos sionistas e os imperialistas.

Palavras como paz e democracia não combinam com a conduta racista e belicista do movimento sionista espalhado pelo mundo.

A luta das forças anti imperialistas é política, nada tem a ver com reinterpretação de fatos históricos, com nacionalismo estreito e vulgar, muito menos com anti-semitismo. É uma luta pelo direito internacional, pela justiça, contra o militarismo e a guerra. Uma luta pela paz.

*Editor do Vermelho


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=136940&id_secao=1


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Amorim defende continuidade da política externa



Para o chanceler, a linha adotada pelo Brasil deve ser mantida independentemente de quem ganhar a eleição de outubro. 'Os benefícios são tão óbvios', disse. 'Seria pouco sensato abandoná-la.'


Alexandre Rocha
alexandre.rocha@anba.com.br




Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
Amorim: acordo com Jordânia pode sair este ano

São Paulo – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a continuidade da política externa do governo brasileiro, independentemente de quem seja o vencedor da eleição para presidente em outubro. “Minha convicção é que a política externa não vai se alterar”, afirmou o chanceler, na noite desta sexta-feira (13), antes de jantar em sua homenagem oferecido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.

“Mesmo aquelas pessoas com menor sensibilidade do ponto de vista político e cultural, ou que não têm interesse na paz mundial, que acham que a gente não deveria se envolver, não vão poder abandonar [a política externa]”, declarou Amorim.

Para ele, os benefícios da aproximação promovida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com outros países em desenvolvimento, especialmente do Oriente Médio e África, “são tão óbvios”. Como exemplo, ele citou o aumento do comércio do Brasil com o mundo árabe, que saiu de pouco menos de US$ 5 bilhões em 2003, primeiro ano do primeiro mandato de Lula, para mais de US$ 20 bilhões em 2008.

“Os aspectos materiais são muito fortes”, disse. Ele ressaltou que, além da exportação de alimentos, empresas brasileiras vendem produtos de alto valor agregado, como aviões e veículos terrestres, além de realizarem investimentos industriais na região. O Brasil tem também atraído investimentos árabes. “Acho que a política será mantida, seria muito pouco sensato abandoná-la”, acrescentou.

Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
O chanceler com os diretores da Câmara Árabe Michel Alaby e Nahid Chicani (D)

A política externa do governo tem sido criticada pelo principal candidato da oposição à Presidência, José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo. Ele e a candidata da situação, Dilma Roussef (PT), ex-ministra da Casa Civil de Lula, são os dois candidatos mais bem avaliados nas pesquisas de opinião.

Questionado se permanecerá no ministério caso Dilma vença, Amorim afirmou que “isso não é importante”, mas sim que o governo tenha a cara do governante e que a área internacional “é a cara do governo fora do país”. “Acho que ela (Dilma) tem que ter total liberdade para escolher seus assessores”, afirmou. “O que é importante é que a linha [política] permaneça, e acho que ela vai permanecer”, destacou.

Mais acordos

Enquanto o governo Lula não acaba, Amorim disse que é possível fazer ainda mais na seara das relações com os países árabes. Atualmente o Brasil está na presidência rotativa do Mercosul e Amorim acredita, por exemplo, que a negociação de livre comércio com a Jordânia “pode avançar e até ser concluída”. Na semana passada, o bloco sul-americano firmou um tratado do gênero com o Egito, o primeiro com um país árabe.

Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
Schahin (C) e Amorim com embaixadores árabes
O chanceler acredita também que um acordo quadro para iniciar uma negociação semelhante com a Síria pode ser assinado até o final do ano.

Sobre outras tratativas do gênero já iniciadas, como com o Marrocos e o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), Amorim não fez previsões, mas disse que espera que o Brasil possa contribuir para que eles avancem. O GCC é composto por Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Catar, Kuwait e Omã.

No caso dos países do Golfo, o acordo emperrou por causa da resistência da indústria petroquímica do próprio Brasil em aceitar a redução de tarifas para importação de petroquímicos da região. Amorim afirmou que há também resistência no lado árabe no ramo de alimentos, especialmente dos produtores de carne de aves.

Ele ressaltou, porém, que em um caso como este “é preciso um pouco de audácia”, e citou o exemplo da negociação com o Egito, que foi facilitada pelo empenho pessoal do ministro da Indústria e Comércio do país árabe, Rachid Mohamed Rachid.

O chanceler destacou, por exemplo, que, se o acordo com o GCC não caminha na área de bens, pode-se avançar nas áreas de serviços e investimentos. Para ele, negociações assim são como uma “pescaria”, algumas vezes o retorno é fácil, mas em outras é preciso jogar a rede novamente. “É algo que exige tempo”, concluiu. (Veja abaixo vídeo com trechos da entrevista e imagens do evento)


Link do video:  






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Salim Schahin destaca 'ousadia' do chanceler


Em homenagem feita pela Câmara Árabe, o presidente da entidade afirmou que, com a gestão de Celso Amorim, a diplomacia brasileira inseriu o país no cenário internacional com o respeito que merece.


Alexandre Rocha
alexandre.rocha@anba.com.br
Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
Schahin: Brasil é hoje protagonista mundial
São Paulo – O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, destacou a "ousadia" do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na condução da política externa do governo brasileiro. “O senhor ousou, senhor ministro”, afirmou Schahin, em discurso, durante jantar em homenagem ao chanceler na noite desta sexta-feira (13), no Esporte Clube Sírio, em São Paulo.

“A sua gestão nestes sete anos e meio de governo permitiu ao nosso país se inserir no cenário global, com o respeito que um país com dimensões continentais, com uma população de quase 200 milhões de habitantes e um dos dez maiores PIBs do mundo, merece”, disse o presidente da Câmara Árabe a um público formado por personalidades da comunidade de origem árabe, políticos, jornalistas, empresários e diplomatas.

Schahin ressaltou que hoje o Brasil “é um protagonista mundial, sem ufanismo, mas com responsabilidade”, e que essa situação foi alcançada “sem abrir mão da devida prudência sempre necessária na condução dos assuntos diplomáticos de um país”. “O país é hoje, graças ao binômio crescimento com inclusão social - pedras angulares do governo Lula -, reconhecido internacionalmente como uma potência emergente, e, como tal, é figura indispensável na discussão dos grandes problemas que continuam a afligir nosso planeta”, afirmou.

Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
Chanceler destacou cooperação da Câmara Árabe
O presidente da Câmara Árabe acrescentou que a “ousadia” mostrada pela política externa brasileira pode ser vista na construção de novas relações internacionais, na ampliação da cooperação Sul-Sul, na integração dos países sul-americanos e na criação de novos mecanismos de diálogo multilateral. “Desenvolvendo uma política externa multipolar e abrangente, construindo novas relações sem deixar de lado suas alianças tradicionais, o Brasil não se apequenou”, disse.

Schahin destacou que o chanceler fez 60 visitas a países árabes, foram assinados 44 atos bilaterais com essas nações em diferentes áreas e deu ênfase ao crescimento das exportações brasileiras à região, que, em sua avaliação, podem chegar a US$ 11 bilhões este ano.

Cooperação da Câmara

Amorim retribuiu a homenagem da Câmara Árabe e declarou que sem a cooperação da entidade “não teríamos feito um décimo do que fizemos”.

Sérgio Tomisaki/Agência Meios Sérgio Tomisaki/Agência Meios
Jantar ocorreu no Esporte Clube Sírio
Ele brincou que viajou quase tanto quanto Ibn Battuta, famoso explorador marroquino do século 14. “Me sinto muito engajado nessa tarefa de aproximação do Brasil com os países árabes”, afirmou. “Ir aos países árabes é também buscar nossa identidade”, acrescentou, referindo-se à origem de milhões de brasileiros.

O ministro ressaltou ainda que a diplomacia brasileira baseou-se nos últimos anos na busca por relações diretas com outros países em desenvolvimento. “Mostramos que o Brasil não precisa pedir licença para ninguém”, disse, em alusão às nações desenvolvidas, especialmente os Estados Unidos e União Européia. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

REFUGIADOS PALESTINOS - BRASIL DOA 500 MIL DOLARES

Brasil doa 500 mil dolares para os deslocados do campo de refugiados Nahr el Bared

OLP - Organizacao Para a Libertacao da Palestina
Departamento de Expatriados
23/09/2010


A Embaixada do Brasil no Líbano anunciou a doação de quinhentos mil dólares do Brasil para os deslocados de Nahr al-Bared.

O anuncio aconteceu durante uma conferência de imprensa realizada no prédio da agência UNRWA, no Líbano, nas presenças do representante da OLP no Líbano, embaixador Dr. Abdullah Abdullah, do embaixador do Brasil, Paulo Roberto de Ventura, do secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, embaixador William Habib, do diretor da UNRWA no Libano, Salvador Lombardo, do Presidente da Comissão de Diálogo Palestino Libanês, Maya Majzoub e uma delegação do campo de deslocados.

Disse o embaixador do Brasil na conferência de imprensa: “Esta é a contribuição do Brasil para o alivio de Nahr al-Bared, como parte da ajuda que o Brasil oferece a UNRWA desde 1949, um parceiro desde cinqüenta anos atrás”. E reafirmou “o compromisso de ajudar o Estado libanês”, descrevendo as condições de vida no campo como" muito difícil ".
Por seu turno, o embaixador Habib disse: "Nós valorizamos muito esta contribuição do Estado do Brasil, esta contribuição  tem várias dimensões, incluindo a que o Brasil não aprovar a criação do Estado de Israel em 1948, e porque o Brasil recebeu milhares de libaneses e palestinos”.

Habib fez um chamado aos países amigos que têm o potencial para “ajudar a UNRWA em servir o povo que foi deslocado de sua terra ", desejando “ que se encontre uma solução justa para dar ao povo palestino a possibilidade de regressar à sua pátria e a sua terra ".
O embaixador Abdallah, disse: "Estamos felizes que a causa do nosso povo, tanto em sua dimensão humanitária como em suas necessidades diárias, ária e conta com o apoio dos países próximos e distantes". Ele acrescentou: "O Brasil agora abriga os palestinos, dos quais enfrentaram o risco de genocídio no ano passado, e o Brasil na sua intervenção de hoje apresenta novas evidências de que está comprometido com a vida humana e que contribui, dentro de usas possibilidades, para aliviar o sofrimento do nosso povo".

E continuou: “o problema do nosso povo no campo de refugiados de Nahr El Bared, é uma parte do problema do nosso povo que está lutando para retornar à sua terra natal”, dizendo "que o Líbano é um pais irmão, e com o qual temos laços geográficos e familiares, e que muito nos ajudou, e se Deus quiser, poderemos retribuir após o nosso retorno para a nossa pátria".

Ele ressaltou o trabalho para acabar com a tragédia do povo de Nahr al-Bared, referindo-se a criação de um fundo especial para os estudantes palestinos que vivem em solo libanês, e espero colaborar para preservar a dignidade do cidadão palestino e aliviar o seu sofrimento diário.


Maya Majzoub declarou "que essa assistência enfatiza a responsabilidade internacional para com o campo de refugiados de Nahr El Bared e também a responsabilidade do Estado libanês, que se comprometeu com a reconstrução do campo”. Ela disse: "O Comitê confirmou seu compromisso com Nahr El Bared e trabalhar para melhorar as relações Líbano - Palestina, incluindo a melhoria das condições dos campos”.


Salvador Lombardo agradeceu a audiência e disse: "Nossa presença aqui demonstra o nosso compromisso com a reconstrução de Nahr al-Bared”, e agradeceu ao Embaixador do Brasil na doação feita "porque enfatiza o provérbio árabe ‘amigo na necessidade’, especialmente a UNRWA que passa por uma crise financeira”.

Traducao de Emir Mourad

Texto original em arabe: 
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SAIBA MAIS SOBRE A QUESTAO DOS REFUGIADOS PALESTINOS:












Refugiados e retorno

Carla Folgôa *

Janus 2003


A primeira fuga massiva de palestinianos ocorreu após a divisão do território da Palestina em 1947. A expansão das fronteiras do Estado de Israel para além do previsto provocou o aumento dos movimentos de refugiados. Posteriormente, cerca de 120.000 habitantes árabes das zonas fronteiriças receberam o estatuto de refugiados, por parte das NU, na circunstância da perda das terras que lhes pertenciam e, em consequência, de meios de subsistência. A partir de 1967 ocorreram novas fugas de refugiados, resultantes de novos conflitos, reforçadas em 1982, pela invasão israelita do sul do Líbano.


A primeira fuga em massa de refugiados palestinianos coincide com a luta entre palestinianos e sionistas pelo controlo da Palestina. Em 1947, quando as Nações Unidas dividiram em dois o antigo protectorado britânico da Palestina, centenas de milhares de palestinianos fugiram para os países árabes vizinhos ou para a parte jordana da Palestina, na esperança de regressar em breve.

Em Maio de 1948, com a criação do Estado de Israel, iniciam-se os protestos árabes contra a partilha do território, que termina em guerra entre árabes e israelitas. O recém-formado Estado sai vitorioso, expandindo as suas fronteiras, cerca de 50%, além do que tinha sido inicialmente acordado, engrossando novamente as fileiras de refugiados (entre 600.000 e 780.000 árabes fugiram do território controlado por Israel). Mais 120.000 árabes, que viviam nas regiões fronteiriças foram mais tarde classificados como refugiados pelas Nações Unidas, porque tinham perdido as suas terras e sustento, embora não as suas casas.

A grande maioria dos refugiados fugiu para a Cisjordânia, Faixa de Gaza e para os países árabes vizinhos, Síria, Líbano e Egipto, tendo sido em grande parte proibidos de regressar aos seus lares por Israel.

Nas décadas seguintes à criação do Estado de Israel, centenas de milhares de outros palestinianos, foram forçados a deixar as suas casas. Em 1967, a Guerra dos Seis Dias, e a conquista pelas tropas israelitas da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, da Faixa de Gaza, assim como da Península do Sinai, no Egipto e dos Montes Golã, na Síria, criou uma nova onda de refugiados. Muitos destes eram forçados a fugir pela segunda vez. Entre eles estavam os refugiados do Sul da Síria, que partiram quando o exército israelita ocupou os montes Golã, e cerca de 150.000 refugiados registados na Cisjordânia e 38.500 da Faixa de Gaza.

Tal como em 1948, logo que os Palestinianos fugiram, o governo israelita bloqueou o regresso dos refugiados ao que se chamam hoje os “Territórios Ocupados”.

Face a esta situação, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, na Resolução n.º 242, declarou inadmissível a “aquisição de território pela guerra” e exigiu “um acordo justo para o problema dos refugiados”.

Desde 1967, outros conflitos levaram a novas fugas de refugiados palestinianos. Em 1982, com a invasão israelita do Líbano, milhares de refugiados deixaram este país. Os que permaneceram, ficaram muito vulneráveis. A sua falta de protecção foi tragicamente demonstrada com os massacres nos campos de Sabra e Chatila. Mais recentemente, em 1990, em consequência da invasão iraquiana do Koweit, estima-se que 70% a 80% dos 450.000 palestinianos que viviam no Koweit foram expulsos.

A questão crucial que se coloca desde sempre neste processo é o direito de retorno dos refugiados palestinianos à sua pátria, tal como foi concedido aos judeus – Declaração Balfour. Com a criação do Estado de Israel em 1948 e a “Lei do Retorno” concedeu-se a qualquer judeu, onde quer que se encontrasse, o direito de emigrar para Israel e de ali se estabelecer. Por outro lado, o Estado Israelita negou o direito aos palestinianos que ali viviam de retornarem aos seus lares.

O “direito de retorno” tem sido um elemento central da posição palestiniana através das negociações de paz. Este direito é expresso quer em termos do direito moral, quer em referência às resoluções das Nações Unidas. A mais importante destas resoluções é a resolução 194 (III) da Assembleia Geral, de Dezembro de 1948, que declara que os “refugiados que quisessem retornar às suas casas e viver em paz com os seus vizinhos deveriam ter o retorno garantido o mais cedo possível”.

Contudo, os sucessivos governos israelitas nunca aceitaram esta resolução, negando-se a reconhecer a sua responsabilidade moral e legal sobre a questão dos refugiados palestinianos. Para além disso, é mais ou menos unânime que nenhum governo israelita permitirá uma alteração substancial do balanço demográfico do Estado de Israel.

Passado meio século sobre a constituição do Estado israelita, este dossier continua por resolver. E entre o princípio e a sua aplicabilidade parece surgir um problema insolúvel. Porque, ainda que tomemos como base as posições mais moderadas israelitas que têm defendido que o direito de retorno deveria ser entendido como um retorno ao solo nacional – Cisjordânia e Gaza e não aos locais de origem de 1948 –, surge o problema do espaço, dada a exiguidade deste território.

Ainda assim, a criação do Estado da Palestina que aceitaria os palestinianos que desejassem voltar ao seu solo nacional, e que poderia adicionalmente conceder nacionalidade palestiniana a todos os que permanecessem na diáspora, assim como uma série de compensações (pelas propriedades perdidas em 1948 e para aqueles que optem por não regressar), reparações (como reconhecimento da injustiça histórica que criou o problema dos refugiados palestinianos) e o regresso a solo israelita de alguns palestinianos (sobretudo por motivos humanitários e de reunificação familiar), parece ser a via mais justa para a resolução da problemática dos refugiados. Mas esta perspectiva não parece ser a do partido Likud, que se encontra neste momento no poder, e que rejeita qualquer regresso dos palestinianos à região. Os refugiados palestinianos estão hoje na terceira ou quarta geração e o seu estatuto e futuro permanecem incertos.

Da população mundial de palestinianos que atinge 8 milhões de pessoas, a maioria são apátridas, e muitos dos que têm uma nacionalidade não podem exercer todos os direitos de que gozam os outros cidadãos. Sem direito de residência, cidadania ou direitos cívicos, esta população está vulnerável a todo o tipo de discriminações... até quando?


Informação complementar

Refugiado palestiniano


Segundo a definição da ONU, refugiados palestinianos são aqueles cuja residência habitual se localizava na Palestina pelo menos dois anos antes das hostilidades de 1948 (data da criação de Israel) e que, em consequência do conflito israelo-árabe, perderam as suas casas e os seus meios de subsistência. Os descendentes dos refugiados registados são também considerados refugiados. A definição não inclui os que foram deslocados em 1967, a não ser que já estivessem registados como tal.

Em 1950, o número de refugiados palestinianos era de 914.000. Hoje existem cerca de 5 milhões de refugiados, dos quais 3.8 milhões (dados de 2001) estão registados e recebem apoio da UNRWA (Organismo de Obras Públicas e Socorro aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente das Nações Unidas). Cerca de um terço, 1.2 milhões, vivem em campos de refugiados na Jordânia, Líbano, Síria, Faixa de Gaza e Cisjordânia (ver tabela intitulada “Campos de refugiados”). Os refugiados constituem cerca de 2/3 do total da população palestiniana – 8 milhões.

Testemunho de Afif Safieh


“Nasci em 1950 em Jerusalém Oriental, mas venho de uma família que vivia em Jerusalém Ocidental antes de 1948. A minha família é cristã. Em Maio de 1948 a minha família mudou-se para Jerusalém Oriental, vivendo durante três meses como refugiados numa escola. Depois viveram alguns meses no Líbano e na Síria como refugiados até retornarem a Jerusalém Oriental no fim de 1949. Jerusalém Oriental e a Cisjordânia eram então parte da Jordânia. Eu vivi em Jerusalém desde o meu nascimento até 1966. Depois de terminar o liceu em 1966, fui para a Bélgica para estudar na Universidade Católica de Louvain. Assim, quando a guerra rebentou em 1967 eu estava fora, tal como o meu irmão. Jerusalém Oriental foi ocupado durante a guerra e anexado por Israel. Após a ocupação, os israelitas realizaram um censo. Eu não fui incluído como residente porque me encontrava a estudar no estrangeiro. Deixei de existir do ponto de vista do governo israelita, assim como toda uma geração de estudantes palestinianos. Não nos foi permitido o regresso a Jerusalém porque não éramos residentes. O meu pai costumava dizer que “em 1948 perdemos o nosso país e em 1967 perdemos os nossos filhos”. Tenho vivido no exílio desde então. Em 1994, pedi a reunificação familiar. As pessoas que trataram o meu processo eram um judeu tunisino e um judeu etíope que tinham chegado recentemente a Israel. A minha família sempre viveu em Israel, no entanto, tive que pedir a reunificação familiar para poder regressar. A resposta do ministro do Interior foi não”.

*Carla Folgôa
Licenciada em Relações Internacionais pela UAL. Assessora da Direcção do Conselho Português para os Refugiados.


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Os refugiados palestinos: fatos e datos

24/05/2007

Na atualidade, os refugiados e deslocados palestinos são a maior população de desalojados no mundo. Aproximadamente um de cada três refugiados no mundo é palestino.



Quem são os refugiados palestinos?

Existem cinco grupos principais:
O grupo maior está composto por aqueles palestinos expulsos de seus lugares de origem em 1948. Este grupo inclui os refugiados que recebem assistência internacional da Agência de Socorro e Trabalho da ONU (UNRWA), ou seja, ‘refugiados registrados’; e os que não a recebem.


O segundo maior grupo de refugiados palestinos está composto por aqueles palestinos deslocados pela primeira vez de seus lugares de origem na Cisjordânia, Jerusalém oriental e na Faixa de Gaza (referidos, freqüentemente, como ‘pessoas deslocadas em 1967`).


A terceira categoria de refugiados inclui aqueles refugiados palestinos que não são os refugiados de 1948 nem de 1967 e estão fora dos territórios palestinos ocupados por Israel desde 1967, sem poder retornar devido à anulação de residência, negação à reunificação familiar, deportações, etc., ou pelo fundado medo à perseguição.


Além disso, existem dois grupos de deslocados palestinos internos. O primeiro inclui os que permaneceram na área que se tornou Estado de Israel em 1948. O segundo grupo inclui os deslocados palestinos da Cisjordânia, de Jerusalém oriental e da Faixa de Gaza.



Quantos refugiados são?

Os dados disponíveis sobre a população de refugiados e deslocados palestinos se caracterizam pela falta de qualidade e, principalmente, pela ausência de um sistema de registro compreensível, pela migração freqüente por razões econômicas e políticas, e pela falta de uma definição uniforme dos refugiados palestinos. Geralmente, a maioria deles é considerada como refugiados prima facie (ou seja, na ausência de evidência do contrário).


A UNRWA administra o único sistema de registro de refugiados palestinos. Entretanto, os dados da Agência somente incluem os refugiados deslocados em 1948 (e seus descendentes) que necessitam assistência e que se localizam nas zonas de operação da UNRWA –Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Líbano e Síria. O cálculo aproximado da população de refugiados e deslocados pode ser obtido a partir das estatísticas que possuem o Escritório do Alto Comissariado para Refugiados da ONU (UNHCR); dados do censo de países que receberam os refugiados e as projeções de crescimento da população.


Estima-se que a princípios de 2003 havia mais de 7 milhões de deslocados e refugiados palestinos. Isto inclui refugiados palestinos deslocados em 1948 registrados para assistência com UNRWA (3.97 milhões); refugiados palestinos deslocados em 1948 não registrados para a assistência (1.54 milhões); refugiados palestinos deslocados pela primeira vez em 1967 (753. 000); deslocados palestinos internos de 1948 (274.000), e deslocados palestinos internos de 1967 (150.000).



Onde vivem os refugiados?

A tendência dos refugiados palestinos foi manter-se o mais perto possível de seus lares e povos de origem baseados na crença de que regressariam ao terminar o conflito. Em 1948 cerca de 65% dos refugiados palestinos permaneciam em áreas da Palestina que não estavam sob controle israelense –isto é, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Durante a guerra de 1967, a maioria dos refugiados Palestinos se refugiou na Jordânia.


Apesar da mudança no padrão de distribuição dos refugiados palestinos nos últimos 50 anos, a maioria dos refugiados continua vivendo nos 100km de fronteiras com Israel, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, onde seus lares de origem se localizam.


Mais de 1.25 milhões de refugiados palestinos residem em 59 campos oficiais de refugiados na Cisjordânia, na Faixa de Gaza, Jordânia, Líbano, e Síria. Existe um número menor de acampamentos não oficiais de refugiados. O grande número de palestinos que permanecem nos campos de refugiados depois de mais de cinco décadas de exílio pode ser explicado devido a muitos fatores: a família e o apoio dos povos estruturados nos acampamentos; falta de recursos para alugar ou comprar hospedagem alternativa fora dos acampamentos; falta de espaço para as moradias fora dos acampamentos devido à aglomeração; obstáculos legais, políticos e sociais que obrigam os refugiados a permanecer nos acampamentos. Os campos de refugiados são um símbolo da natureza temporal do exílio e uma forma de exercer o direito ao retorno.



Como os palestinos se transformaram em refugiados?

A maioria dos palestinos tornou-se refugiada durante os conflitos armados e a guerra na Palestina. As causas da sua fuga incluem ataques indiscriminados a civis, massacres, saques, destruição das propriedades (incluindo povos inteiros), e expulsões forçadas. As forças militares israelenses adotaram políticas de “disparar para matar” ao longo das linhas de armistício para impedir o regresso dos refugiados. Em alguns casos os refugiados foram obrigados a assinar papéis nos quais se estabelecia que se deslocavam voluntariamente. Estima-se que em 1948 mais de 50% fugiu devido a assaltos militares diretos.


Em 1948, 85% dos palestinos que viviam nas áreas que foram incorporadas ao Estado de Israel se tornaram refugiados. Mais de 500 povoados palestinos foram desabitados e destruídos para impedir o regresso dos refugiados, o que compreende três quartos dos povos palestinos dentro das áreas mantidas pelas forças israelenses depois do fim da guerra. Nos distritos de Jaffa, Ramla, Beer Sheva, nenhum povoado palestino foi deixado em pie. Aproximadamente 35% da população palestina da Cisjordânia, de Jerusalém oriental e da Faixa de Gaza foi expulsa durante a guerra de 1967; 2% dos povoados foram destruídos, assim como muitos campos de refugiados.


Um número menor de palestinos se tornou refugiado devido às políticas e práticas relacionadas com o traslado de baixa intensidade. Estas incluem expulsões, deportações, revogação de direitos de residência, negação de reunificação familiar, confiscação de terras e demolições de casas. Entre 1948 e meados dos anos 50, Israel expulsou cerca de 15% da população palestina que permaneceu depois da guerra. Em 1967 havia expropriado metade da terra pertencente aos cidadãos palestinos. 



Israel deportou mais de 6.000 palestinos de 1967, ocupou a Palestina entre 1967 e a princípios dos anos 90, revogou os direitos de residência de cerca de 100.000 palestinos, demoliu 20.000 lares e assentamentos de refugiados, e confiscou milhares de quilômetros quadrados de terras.


Por que os palestinos continuam sendo refugiados depois de 50 anos?

Os refugiados palestinos continuam sendo refugiados porque não podem exercer seu direito humano básico de regressar a seus lares de origem. Israel se nega a permitir que os refugiados regressem a seus povos, aldeias e cidades dentro de Israel devido à etnia, nacionalidade e religião dos refugiados. Israel se define como um Estado judeu e não um Estado de todos seus cidadãos. Esta auto-definiçao enfatiza a necessidade de uma maioria judia; os judeus controlam recursos importantes como a terra, e o laço entre Israel e a diáspora judaica. Os cidadãos e os residentes judeus, e a diáspora judaica tem, portanto, garantidas as preferências especiais para a cidadania e possessão de terras.


As leis israelenses impedem que os refugiados palestinos regressem aos seus lares de origem. Os palestinos devem demonstrar que estavam no Estado de Israel em/ ou antes de 14 de julho de 1952, ou que são descendentes de palestinos que cumprem com esta condição. Devido ao fato de que a maioria dos refugiados palestinos foi deslocada fora do território do Estado Israel em/ou depois desta data, eles não podem provar um domicilio em sua pátria.


A prolongada duração da ocupação israelense na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em Jerusalém oriental e os procedimentos administrativos e ordens militares impedem que os refugiados regressem a estas áreas. Regulações de emergência, leis de abandono de propriedade, ordens militares e medidas administrativas afastam os refugiados de suas terras, as quais foram transferidas ao Estado de Israel e ao Fundo Nacional Judeu como propriedades inalienáveis do povo judeu.


A comunidade internacional não demonstrou suficiente vontade política para impulsionar soluciones duradouras de acordo com as leis internacionais e as resoluções relevantes da ONU. Os direitos dos refugiados estiveram ausentes no Processo de Paz no Oriente Médio, desde que este começou em Madrid em princípios dos anos 90. À diferença de outros acordos de paz, os acordos entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) estão baseados unicamente em um processo político acordado entre as partes.


As leis internacionais não fornecem um marco para a resolução do conflito nem as regulações futuras entre as partes. Não há referência explicita ao direito dos refugiados palestinos à moradia e à restituição de suas propriedades. Os acordos somente estabelecem foros nos quais as partes acordam em discutir o futuro status dos refugiados palestinos.



Texto em inglês: http://www.badil.org/Refugees/facts&figures.htm

BADIL: Centro de Recursos para os Residentes Palestinos e os Direitos dos Refugiados.



Tradução Daniela Mateus
http://www.palestinalivre.org/node/42

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Nove anos do estranho onze de setembro

É normal que a passagem dos anos traga um pouco de esquecimento a um fato. Também é regra que os humanos se esforcem para compreender os eventos "históricos", insuficientemente esclarecidos. Em resultado disso, novas evidências são trazidas à luz das zonas obscuras de conhecimento dos tais acontecimentos.


Por Manuel E. Yepe, no La República

Não foi assim com o famoso 11 de Setembro de 2001, ato terrorista que há nove anos matou em poucos minutos quase três mil pessoas nos Estados Unidos e foi motivo para que o governo daquele país declarasse uma guerra contra o terrorismo, contra um inimigo incerto, quiçá virtual, e restringisse as liberdades individuais em seu próprio território

Foi uma cruzada na qual o governo dos Estados Unidos envolveu, de uma forma ou de outra, cerca de cinqüenta países, cujos povos, em seu conjunto, sofreram milhares de baixas, a maioria delas civis, um grande número delas de menores, mulheres e idosos.

Inicialmente, a guerra estadunidense contra o terrorismo tinha como um inimigo a derrotar um misterioso líder, do qual existiram evidências quando os Estados Unidos se convenceram a ratificá-lo como culpado principal do crime. Acusava-se um estranho inimigo, escondido em cavernas do Afeganistão, e uma fantasmagórica organização militar islâmica.

Depois, sem uma explicação clara, a culpa foi deslocada na direção do governo do Iraque que, embora se sabia que não tinha vínculo algum com os supostos ataques terroristas contra Nova York e Washington, a inteligência estadunidense tinha evidências de que esse país acumulava armas de destruição em massa para empregá-las contra os Estados Unidos.

Sem muita resistência armada por parte do pequeno país rico em petróleo mas empobrecido por um bloqueio econômico decretado pelos Estados Unidos alguns anos antes, após atacá-lo militarmente, o Iraque não tinha forças para enfrentar a superpotência.

A acusação americana revelou-se falsa. As armas de destruição em massa não existiam. Mesmo assim, o presidente do Iraque foi derrubado, perseguido, aprisionado e executado pelas forças invasoras lideradas pelos Estados Unidos. Não tendo conseguido consolidar a cruel ocupação do Iraque, sem reconhecer a derrota de seu planos por tal motivo, os Estados Unidos, com a OTAN de fachada, também encetavam uma guerra.

Haviam ocupado o Afeganistão, em outubro de 2001, em perseguição a um inimigo não muito bem identificado que, supostamente, desde o interior de suas cavernas, colocou em perigo a segurança nacional da potência militar mais poderosa que a humanidade conheceu em sua existência.

A versão oficial sobre o colapso das torres gêmeas segue questionada por numerosos testemunhos de especialistas e cientistas, que alegam que se tratou de uma demolição controlada.

Ainda é questionada a ordem estrita de silêncio dada aos bombeiros de Nova York e à Administração Federal de Aviação. Coloca-se em questão o fato de que os edifícios 5 e 6 do World Trade Center (WTC) sofreram incêndios consideráveis e não caíram, apesar de possuírem vigas de aço muito mais débeis que as das torres gêmeas, quando o edifício numero sete, afetado por um incêndio relativamente pequeno, em 8 andares dos seus 40, entrou inteiramente em colapso.

Foi escandaloso que, após a tragédia, a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências tenha extraído e exportado para a Coréia do Sul as estruturas de aço dos edifícios, antes mesmo que fossem analisadas de acordo com a legislação que protege as evidências de um cenário onde tenha ocorrido um crime, até que sejam realizados os testes forenses.

Ainda hoje, ninguém entende por que não foram ativadas, durante o ataque, as baterias de foguetes e a defesa antiaérea situada nos arredores do Pentágono.

Ninguém conseguiu esclarecer a razão que levou os serviços secretos americanos a autorizar Bush para que desse prosseguimento a sua visita a uma escola primária, desleixando assim da segurança do presidente assim como dos escolares.

É inexplicável que ninguém tenha sido acusado, sancionado ou condenado por incompetência, nem sequer os construtores dos edifícios, que haviam certificado que as construções resistiriam a impactos de um avião.

Washington não conseguiu justificar nem ao menos a acusação de que o ato terrorista, de formidável complexidade tecnológica, tenha sido obra de um grupo de 19 terroristas, de escasso nível técnico e científico, membros da rede al-Qaida, dirigida pelo saudita Osama Bin Laden.

Cobra atualidade o caso de Kurt Sonnenfeld, americano refugiado na Argentina, sujeito a uma implacável perseguição pelas autoridades norte-americanas, considerado uma das peças chave na desmontagem da versão oficial dos acontecimentos de 11 de setembro de 2001.

Sonnenfeld foi um dos cinegrafistas autorizados a filmar na área reservada das torres gêmeas em Nova York, após a explosão. Ali, viu coisas que, sem dúvida, não deveria ter visto, o que o obrigou a fugir da perseguição a que foi submetido, uma circunstância que dá argumentos à possibilidade de que, mais cedo ou mais tarde, poderá vir à tona o que seria a mentira mais escandalosa que Washington orquestrou em toda a história de suas fancarias.


Fonte: La República

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=136736&id_secao=9



"11 de Setembro; um dia sem guerra"

O nono aniversário dos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos deveria ser um momento para refletir sobre a tolerância. Deveria ser um dia de paz. No entanto, o fervor antimulçumano que existe aqui, somado à contínua ocupação militar estadunidense do Iraque e à escalada da guerra no Afeganistão (e no Paquistão), tudo junto, alimenta a idéia de que, de fato, os Estados Unidos estão em guerra com o Islã.


Amy Goodman*, no Democracy Now!

O 11 de setembro de 2001 uniu o mundo contra o terrorismo. Todo o mundo, ao que parece, estava com os EUA, em solidariedade com as vítimas, com as famílias que perderam seres queridos. Esse dia será recordado pelas gerações futuras como o dia em que aconteceu o ato infame de assassinato massivo coordenado mais impactante do início do século 21. Porém, esse não foi o primeiro 11 de setembro associado ao terror:

Em 11 de setembro de 1973, no Chile, o presidente democraticamente eleito, Salvador Allende, morre no marco de um golpe militar apoiado pela CIA, que marcou o começo de um regime de terror comandado pelo ditador Augusto Pinochet e durante o qual foram assassinados milhares de chilenos.

Em 11 de setembro de 1977, na África do Sul, o líder contra o apartheid Stephen Biko foi golpeado dentro de uma picape da polícia. Morreu no dia seguinte.

No 11 de setembro de 1990, na Guatemala, a antropóloga guatemalteca Myrna Mack foi assassinada por militares que contavam com o apoio dos Estados Unidos.

De 9 a 13 de setembro de 1971, em Nova York, aconteceu um levante na prisão de Attica, durante o qual a polícia do Estado de Nova York assassinou trinta e nove prisioneiros e guardas e feriu a centenas.

O 11 de setembro de 1988, no Haiti, milícias de direita levam a cabo um ataque durante uma missa celebrada pelo padre Jean-Bertrand Aristide, na Paróquia de San Juan Bosco, de Porto Príncipe; na ocasião assassinam pelo menos 13 fiéis e ferem pelo menos a umas sessenta e sete pessoas. Mais tarde, Aristide seria eleito por duas vezes presidente e, por duas vezes, derrocado por golpes de Estado apoiados pelos Estados Unidos.

O 11 de setembro é um dia para recordar as vítimas do terror, a todas as vítimas do terror e para trabalhar pela paz, como faz o grupo "Famílias de 11 de Setembro por uma Manhã de Paz". Conformado por pessoas que perderam entes queridos no 11 de setembro de 2001, no ataque às Torres Gêmeas, sua missão poderia servir como um chamado nacional à ação.

Em sua página web escrevem: "Transformar nossa dor em ações pela paz é nosso objetivo. Ao desenvolver e advogar por opções e ações não-violentas em nossa busca por justiça, esperamos romper os ciclos de violência engendrados pela guerra e pelo terrorismo. Reconhecendo nossa experiência comum com todas aquelas pessoas atingidas pela violência em todo o planeta, trabalhamos para criar um mundo mais seguro e com mais paz para as pessoas".

O escritório de ‘Democracy Now!’ estava situado a poucas quadras das Torres Gêmeas. Estávamos transmitindo ao vivo quando estas caíram. Durante os dias seguintes, milhares de folhetos com as fotos dos desaparecidos voavam por todo lado, com os números de telefones dos familiares, para serem chamados caso alguém fosse localizado e reconhecido.

Eles me recordavam os cartazes que as Mães da Praça de Maio (Argentina) carregavam, essas mulheres de lenços brancos na cabeça que marcharam com valentia, semana após semana, segurando a foto de seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar que atingiu esse país nos anos 70.

Também recordo a constante corrente de fotos de jovens do exército, assassinados no Iraque e no Afeganistão, agora, cada vez mais frequentemente (apesar de que as notícias são menos divulgadas atualmente) as fotos daqueles que cometem suicídio após ter sido convocados por várias vezes para o combate.

Por cada vítima dos Estados Unidos ou da OTAN, literalmente, centenas de vítimas no Iraque e no Afeganistão, cujas fotos nunca serão mostradas e cujos nomes jamais chegaremos a conhecer.

Enquanto uma multidão descontrolada e furiosa tenta impedir a construção de um centro comunitário islâmico no Baixo Manhattan (em um edifício vazio, ignorado durante anos e destruído, a mais de duas quadras da zona zero), um "ministro" evangélico da Flórida está organizando para que o 11 de setembro seja o "Dia Internacional da Queima do Alcorão".

O general David Petraeus afirmou que a queima, que tem suscitado protestos em todo o planeta, "poderia colocar em perigo as tropas". E está certo. Como também põe em perigo às tropas bombardear civis inocentes e seus lares.

Da mesma forma que no Vietnã, nos anos 60, o Afeganistão tem uma decidida resistência armada local, entregue à sua causa e um profundamente corrupto grupo em Cabul, mascarado como governo central. A guerra está ensangüentando o país vizinho, Paquistão, da mesma forma em que a guerra contra o Vietnã espalhou-se para o Camboja e para Laos.

Pouco depois do 11 de setembro de 2001, enquanto milhares de pessoas estavam reunidas nos parques da cidade de Nova York e mantinham vigílias improvisadas à luz das velas, um adesivo apareceu em alguns cartazes e bancos da praça. Nele se podia ler: "Nossa dor não é um grito de guerra".

Neste 11 de setembro, essa mensagem continua sendo dolorosa e lamentavelmente oportuna.

Façamos do 11 de setembro um dia sem guerra.



* Jornalista, apresentadora de Democracy Now!, noticiário internacional diário transmitido por mais de 700 emissoras de rádio e televisão TV nos Estados Unidos e no mundo. Tradução da Agência Adital

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=136772&id_secao=9

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