terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

“Lula não é amigo de Israel”


EUA não admitiam que Lula e Amorim tivessem autonomia no Oriente Médio

Sobel (E) e outro que é ASSIM com a embaixada americana



Conversa Afiada publica reportagem enviada por Stanley Burburinho, o reparador de iniqüidades:

“A comunidade judaica brasileira, também procurada pelos diplomatas americanos em busca de reforço aos seus argumentos, pintou um quadro ainda mais radical: o rabino Henry Sobel acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, literalmente, de ser antissemita, assim como a liderança sênior do Itamaraty.”


“Os esforços do governo brasileiro até hoje refletiram um enfoque altamente favorável aos árabes. Lula não é amigo de Israel ou dos judeus”, insistiu ele, acrescentando que por isso mesmo o Brasil não era um candidato essencial para um assento permanente na ONU. Segundo a embaixada americana, Abraham Goldstein, presidente da B’nai B’rith do Brasil, a maior entidade judaica de direitos humanos, endossou as opiniões de Sobel, e disse que vinha notando um crescimento do antissemitismo no Brasil.”


“Outro estabelece de forma ainda mais bruta: “Temos de aproveitar a oportunidade de tentar desviar o Brasil de seu costumeiro papel de franco atirador secundário, e tentar recrutá-lo para um papel mais útil ou pelo menos verdadeiramente neutro.”


Ação brasileira no Oriente Médio irritou os EUA, revela WikiLeaks


Publicada em 06/02/2011

José Meirelles Passos


RIO – A iniciativa do Brasil em se inserir, de alguma forma, no processo de paz no Oriente Médio tornou-se uma dificuldade a mais para o governo americano: os Estados Unidos têm encarado essa ingerência brasileira praticamente como uma intromissão indevida; e se queixam, nos bastidores, de que ela mais atrapalha do que ajuda naquela tarefa.


“As posições inúteis do Brasil e suas declarações às vezes inexatas com relação ao Oriente Médio, tornam as águas mais turvas para a política e os interesses dos Estados Unidos no Oriente Médio”, conclui um dos telegramas escritos pelo então embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel, agora revelado ao GLOBO pelo WikiLeaks.


Um pequeno pacote contendo 26 mensagens confidenciais enviadas a Washington por aquela representação, entre abril de 2004 e dezembro de 2009, deixa transparecer claramente um motivo da insatisfação americana com essa indesejada presença do Brasil nas negociações: o fato de o governo brasileiro agir por conta própria, sem antes consultar os EUA.


“Funcionários do Itamaraty recusaram os pedidos dos EUA de que o Brasil nos consulte antes de fazer pronunciamentos que possam complicar as delicadas reuniões de paz. O Itamaraty declarou que o Brasil não precisa pedir permissão aos Estados Unidos para realizar iniciativas de política externa, e que os Estados Unidos devem esperar por mais declarações brasileiras sobre assuntos do Oriente Médio”, relata também Sobel.


A queixa principal é a de que o Brasil não aceita apenas os tradicionais negociadores, insistindo na presença de outros países à mesa de negociações, além de mais personagens da região – que os EUA não engolem – como os grupos Hamas e Hezbollah, além do Irã. Sem esse engajamento, em vez de isolamento, não haveria uma solução duradoura.


Depois que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, propôs tal coreografia durante uma viagem à região, os Estados Unidos argumentaram: “A viagem de Amorim criou confusão e enviou sinais embaralhados, e isso acentuou o perigo de que ‘um grupo de apoio de retaguarda’, como o Brasil quer estabelecer, poderia inadvertidamente se transformar num ‘grupo de sabotagem de retaguarda’”.


Em outro despacho, oito meses mais tarde, o diplomata insistiu: “As posições do Brasil sobre assuntos referentes à paz no Oriente Médio estão evoluindo, mas ainda carecem de profundidade, e isso leva a posições que ainda não são úteis para resolver o problema. Diplomatas árabes com quem temos conversado dizem que as posições do Brasil são ingênuas”.


Para ministro egípcio, tema virou obsessão


Mahmoud Nayer, ministro da Embaixada do Egito em Brasília, em 2009, disse a Sobel que a entrada do Brasil no circuito nada mais era do que uma forma do país ganhar corpo em sua ambição de obter um assento no Conselho de Segurança da ONU. “Isso é uma obsessão e, francamente, eu já nem sei mais como falar com eles sobre isso, porque esse assunto surge em todas as nossas conversas”, afirmou Nayer.


A comunidade judaica brasileira, também procurada pelos diplomatas americanos em busca de reforço aos seus argumentos, pintou um quadro ainda mais radical: o rabino Henry Sobel acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, literalmente, de ser antissemita, assim como a liderança sênior do Itamaraty.


“Os esforços do governo brasileiro até hoje refletiram um enfoque altamente favorável aos árabes. Lula não é amigo de Israel ou dos judeus”, insistiu ele, acrescentando que por isso mesmo o Brasil não era um candidato essencial para um assento permanente na ONU. Segundo a embaixada americana, Abraham Goldstein, presidente da B’nai B’rith do Brasil, a maior entidade judaica de direitos humanos, endossou as opiniões de Sobel, e disse que vinha notando um crescimento do antissemitismo no Brasil.


Em vários dos telegramas, a embaixada americana solicita a Washington o envio à Brasília de especialistas em Oriente Médio, para convencer tanto o governo quanto os parlamentares e a imprensa de que a posição dos EUA é a mais viável. “Temos que engajar o Brasil, em níveis altos, se quisermos ter a esperança de que o país adote uma posição mais equilibrada, em vez de simplesmente acrescentar a sua voz ao já totalmente repleto coro anti-israelense”, diz um dos documentos.


Outro estabelece de forma ainda mais bruta: “Temos de aproveitar a oportunidade de tentar desviar o Brasil de seu costumeiro papel de franco atirador secundário, e tentar recrutá-lo para um papel mais útil ou pelo menos verdadeiramente neutro”


http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/02/06/acao-brasileira-no-oriente-medio-irritou-os-eua-revela-wikileaks-923743153.asp




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Brasil atrapalha no Oriente Médio, diz relatório dos EUA

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO


WikileaksA diplomacia americana encarava com desprezo as tentativas do Brasil de conquistar mais influência no Oriente Médio, segundo telegramas diplomáticos vazados pelo WikiLeaks.


Em despachos enviados a Washington entre abril de 2004 e dezembro de 2009, a embaixada americana caracterizou a política brasileira para a região como "mão pesada", "desajeitada", cheia de "generalidades anódinas" e "sem profundidade".

Os telegramas menosprezam a eficácia das duas cúpulas América do Sul-países árabes já realizadas.

A terceira aconteceria no dia 12 de fevereiro, no Peru, mas deve ser adiada por causa das turbulências no Egito.

"Até agora, as iniciativas do Brasil para o Oriente Médio são, na melhor das hipóteses, desajeitadas, e as declarações do governo brasileiro sobre questões-chave para a região atrapalham as negociações."

Essa análise, de julho de 2008, consta em um despacho do então embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel.

No mesmo telegrama, os americanos listam iniciativas do governo brasileiro para a região consideradas "prejudiciais". Entre elas estão críticas do ex-chanceler Celso Amorim a Israel e aos EUA e declarações sobre o programa nuclear iraniano.

"As políticas prejudiciais e declarações equivocadas do Brasil sobre a região atrapalham a política dos EUA no Oriente Médio", diz o texto.

O documento diz ainda que o Itamaraty "subestimou as sensibilidades feridas por sua diplomacia mão pesada, mas não quer admitir que a cúpula e a visita de Amorim à região podem minar o processo de paz".

Outro despacho descreve uma conversa do atual chanceler Antonio Patriota, então chefe de gabinete de Amorim, com Sobel.

O embaixador americano pediu que o Brasil discutisse com os EUA suas iniciativas para a região. A resposta de Patriota teria sido que o Brasil "não precisa de permissão" dos EUA para conduzir sua política externa.

RABINO


Às vésperas de uma das cúpulas, o embaixador americano se reuniu com o rabino Henry Sobel. O rabino teria dito na ocasião que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva era "antissemita".

Em outros telegramas vazados pelo WikiLeaks, diplomatas americanos dizem que "as banalidades cheias de clichês do governo brasileiro mostram que eles [diplomatas brasileiros] não entendem o Oriente Médio. Só engrossam o coro anti-Israel".

Os americanos também relatam ceticismo na diplomacia árabe. Segundo um diplomata egípcio, as cúpulas América do Sul-países árabes e o envolvimento brasileiro no processo de paz "são tentativas transparentes do Brasil de fortalecer sua candidatura ao Conselho de Segurança da ONU".

A Folha e outros seis jornais do mundo têm acesso aos telegramas do WikiLeaks antes da sua divulgação no site da organização www.wikileaks.ch.

Colaborou FERNANDO RODRIGUES, de Brasília


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