Obama, diga a Netanyahu: não mexa com a Flotilha que vai pra Gaza.
Por Ray McGovern
Nota do Editor: O Barco dos Estados Unidos, "The Audacity of Hope" (Audácia da Esperança) partirá de Gaza no mês que vem com 50 a bordo, incluindo Ray McGovern, que escreveu esta carta aberta ao presidente Barack Obama depois de assistir seu discurso quinta-feira sobre o Oriente Médio. Falando pelos passageiros e tripulantes, McGovern pede ao Presidente que interceda junto ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, sexta-feira, tornando-o responsável por garantir a segurança da viagem.
May 19, 2011
Dear Mr. President:
Seu discurso sobre o Oriente Médio, hoje cedo, encoraja-me a reivindicar sua proteção, já que estabelecemos tornar concreta a sua retórica . Cinquenta dos seus concidadãos irão velejar no "The Audacity of Hope" rumo a Gaza em Junho.
Você falou eloquentemente hoje sobre "momentos no curso da história quando as ações dos cidadãos comuns desencadeiam movimentos de mudanças que falam de um desejo de liberdade que vem sendo construído há anos. E lamentou "a falha para falar com as aspirações mais amplas das pessoas comuns".
Nós, os passageiros e a tripulação do "A Audácia da Esperança", navegando para Gaza, juntamente com a 2 ª Flotilha Internacional da Liberdade , representamos os norte americanos comuns determinados a falar com as aspirações dos 1,5 milhões dos habitantes comuns de Gaza que anseiam em serem livres.
Nós estaremos entregando milhares de cartas de apoio e amizade de outros norte americanos comuns que estão convencidos, como Dr. King, que "a injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todos os lugares".
Escrevo para solicitar a garantia do seu apoio e proteção à medida que tentamos incorporar a sua retórica. Você salientou que "os Estados Unidos apóiam um conjunto de direitos universais", e que este apoio dos EUA "não é um interesse secundário." É, sim, "uma prioridade que deve ser traduzido em ações concretas".
Palavras de coragem. Com relação à situação em Gaza, no entanto, talvez você concordará que não basta lamentar o destino de um "palestino que perdeu três filhas no bombardeiros israelenses em Gaza" — que, como você diz, tem o "direito de sentir raiva".
Esse palestino e suas filhas mortas são quatro. Mas as forças israelenses mataram 1.400 moradores de Gaza em dezembro de 1998 a janeiro de 1999 - e 1,5 milhões de habitantes de Gaza continuam privados dos direitos universais dos quais você falou.
Gaza está isolada, uma prisão abarrotada ao ar livre, na qual Israel mantém "presos" em um nível de subsistência da existência. Isso equivale ao tipo de punição coletiva proibido pelo direito internacional e é aplicada por bloqueio israelense naval, igualmente ilegal.
Muitos norte-americanos há tempos estão intrigados que você escolheu dispensar os moradores de Gaza de suas preocupações sobre direitos universais e, francamente, ficamos cansados de esperar por uma explicação convincente. Então pedimos a você que atente para a nossa viagem a Gaza como a nossa tentativa de implementar a sua retórica sobre o que o cidadão comum pode fazer - não apenas para "falar", mas também agir para satisfazer as aspirações mais amplas das pessoas comuns de Gaza.
Em 20 de maio, você terá a oportunidade de informar o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de nossa intenção de navegar para Gaza no próximo mês. Você provavelmente já foi informado sobre a vasta ofensiva diplomática e publicitária de Israel para evitar que o nosso barco e os outros barcos da flotilha internacional embarquem em Gaza.
Os israelenses, determinados a fazer valer o seu bloqueio ilegal, podem sentirem-se encorajados pela falta de resposta à morte de nove passageiros - incluindo um cidadão norte-americano – na flotilha de 2010 e o ferimento de dezenas de passageiros pacíficos. Esta é sua chance de desiludir os israelenses da noção de que eles podem atacar civis desarmados com impunidade. Este ano nós esperamos que você fale por nós de antemão.
E por favor não tente fingir que US $3 bilhões de nossos impostos — nosso presente anual para Israel — não pode ser convertido num tipo de influencia que poupará "The Audacity of Hope" de danos nas mãos das "Forças de Defesa de Israel".
Finalmente, permita-me sugerir pontos de discussão susceptíveis de não estarem incluídos nos seus documentos informativos. Esses pontos transcendem a retórica e originam-se de uma herança de fé que você compartilha com Netanyahu. Eles lidam com o fazer justiça - a preocupação dos profetas da tradição judaico-cristã.
Antes da reunião com Netanyahu, tenha um olhar para o que diz Isaías sobre "anunciar liberdade aos cativos e libertação aos prisioneiros" e como Jesus de Nazaré repete isso, palavra por palavra, oito séculos mais tarde. Por favor, reflita a sério sobre isso, e esteja preparado para colocar a justiça acima da política.
E, por favor, deixe-nos – e o mundo- saber como anda essa discussão.
Atenciosamente,
Ray McGovern
*Ray McGovern trabalha no Tell the Word (Informe ao Mundo), o braço editorial da Igreja Ecuménica do Salvador, em Washington, DC. Durante sua carreira como analista da CIA, ele preparou e informou o Relatório Diario do Presidente e presidiu a Estimativa Nacional de Inteligência. Ele é membro do Grupo de Coordenação do Veteran Intelligence Professionals for Sanity (VIPS) (Profissionais Veteranos da Inteligencia pela Razão).
Traducao: Emir Mourad
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Leiam o artigo de junho de 2010 quando Israel assassinou os pacifistas a bordo de um dos barcos da Primeira Flotilha Internacional de Solidariedade a Gaza:
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