12/05/2012
Via Hora do Povo
"Israel tomou para si a posição de não ser o primeiro
país a introduzir armas atômicas no Oriente Médio. Esta era nossa política e é
a nossa política hoje". O autor desta declaração, datada de 1985, é nada
menos do que o homem em cujo Ministério (Defesa, 1953) foi iniciada a
construção do reator nuclear de Dimona, o primeiro e até hoje único a produzir
armas nucleares na região. A declaração ocorre pouco mais de um ano antes de um
dos funcionários da usina revelar que Peres mentira.
Este era um segredo trancado a sete chaves pelo governo de
Israel que mentia ao mundo sobre seu arsenal nuclear. O homem que revelou este
segredo foi seqüestrado pelo Mossad em outro país (mais precisamente em Roma,
Itália) preso por 18 anos, dos quais 12 em confinamento solitário, sua
condenação foi pronunciada após um julgamento secreto. Mordechai Vanunu, que
denunciou armas nucleares de Israel, foi solto apenas em 2004 mas, como afirmam
grupos de direitos humanos em Israel é até hoje "um preso de
opinião".
Foi solto mas está proibido de contatar estrangeiros, aí
incluídos é claro jornalistas sob pena de voltar à prisão, o que já aconteceu
seis vezes.
Após sair pela primeira vez da prisão localizada na cidade
israelense de Ashquelon, em 22 de abril de 2004, Vanunu declarou de forma firme
e altaneira: "Sou Mordechai Vanunu! Sou o homem por trás da matéria
publicada no Sunday Times sobre a existência de armas nucleares de Israel.
Enquanto alguns me chamam de traidor, digo que tenho orgulho e me sinto feliz
pelo que fiz".
"Sou um símbolo do poder da liberdade que vocês não
podem quebrar no espírito humano", acrescentou.
Pouco depois Vanunu violou a imposição do silêncio e em
entrevista à BBC em dezembro de 2004 declarou:
"Quando revelei as armas nucleares israelenses agi em
minha consciência e para prevenir um holocausto nuclear. Recebi uma pena maior
do que qualquer assassino. Os israelenses têm esse bonito discurso de liberdade
mas querem destruir qualquer um que os critique ou que revele a verdade ao
mundo. O mundo precisa enxergar que tipo de democracia existe verdadeiramente
em Israel", declarou o técnico nuclear em sua entrevista de dezembro de
2004.
Agora, o escritor alemão que foi mais longe na descrição das
mazelas do período nazista em seu país e que mereceu o Prêmio Nobel de
Literatura, Günther Grass, foi declarado "persona non grata" por
Israel após a publicação de seu poema O que precisa ser dito no qual afirma:
"O poder atômico de Israel coloca em perigo/ a já frágil paz
mundial".
A BBC produziu dois excelentes documentários sobre esta
história de perseguição de chantagem. O primeiro de 2003 pode ser acessado
através do link: http://vimeo.com/39097216
O segundo documentário, realizado em 2007, pode ser localizado em http://www.youtube.com/watch?v=AIBkRDzffak
LEIA TAMBÉM A SEGUNDA PARTE - ISRAEL: APARTHEID E CHANTAGEM NUCLEAR (II)
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