quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Cebrapaz denuncia o assassinato do ministro palestino Ziad Abu Ein

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) soma-se aos movimentos mundiais solidários à luta do povo palestino no repúdio às ações criminosas do regime de Israel. Além disso, reitera seu apoio ao povo palestino na luta contra a opressão e a ocupação sionista. A escalada da violência pelos soldados israelenses em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia após os bombardeios da Faixa de Gaza sitiada resultou em mais uma vítima fatal, o ministro Ziad Abu Ein, figura histórica da resistência palestina e que tinha entre suas principais lutas a denúncia do vergonhoso muro de segregação construído por Israel na Cisjordânia.

Assassinato do Ministro palestino Ziad Abu Ein por Israel


Neste Dia dos Direitos Humanos, recebemos a triste e ultrajante notícia do seu assassinato. Abu Ein foi nomeado para a Comissão Contra o Muro e as Colônias ilegais israelenses na Cisjordânia. Antes disso, foi subsecretário do Ministério dos Prisioneiros, dedicado à luta contra as detenções arbitrárias e massivas por parte do regime israelense. Ele também esteve preso em cárceres israelenses e, antes, nos Estados Unidos, que os entregaram a Israel em 1981, apesar de várias resoluções específicas sobre o seu caso e que demandavam sua libertação.

A resolução 36/171 da Assembleia Geral deplorava a decisão do governo estadunidense de “extraditar” Ziad Abu Ein a Israel, enquanto reafirmava a "legitimidade da luta pela independência, pela integridade territorial, a unidade nacional e a libertação da dominação colonial e estrangeira ou subjugação estrangeira através de todos os meios disponíveis."

Mesmo assim, o ministro foi morto por soldados israelenses que o agrediram e que mais uma vez reprimiram uma manifestação com bombas de gás lacrimogênio, balas de metal revestidas de borracha e outros métodos brutais frequentemente empregados pelos soldados, durante um protesto contra o muro da vergonha, no contexto do Dia dos Direitos Humanos. Seu assassinato demonstra mais uma vez o completo desrespeito e a sistemática violação dos princípios mais básicos da Carta das Nações Unidas, do Direito Internacional Humanitário e da Declaração Universal dos Direitos Humanos por parte do regime agressor e ocupante de Israel.

O Cebrapaz soma-se às entidades e movimentos sociais de todo o mundo que apelam veementemente pelo fim da impunidade israelense, da ocupação criminosa e da opressão sistemática dos palestinos, com violações flagrantes dos seus direitos humanos mais básicos. Afirmamos nossa solidariedade ao povo palestino em sua justa causa pela autodeterminação, por um Estado livre e soberano, e pela responsabilização do regime sionista e criminoso de Israel.

Socorro Gomes,
Presidenta do Cebrapaz





BREVE BIOGRAFIA DO MINISTRO PALESTINO ASSASSINADO POR ISRAEL

RAMALLAH 10/12/2014 – ZIAD ABU EIN MOHAMMED AHMED é mais um mártir na infindável lista de mártires assassinados por Israel.  Nascido em 22/11/1959, deu provas, logo cedo, de que seria um grande líder, ao ser preso, pela primeira vez, em 04/11/1977, antes de completar 18 anos, por integrar a Resistência Palestina. Com menos de vinte anos foi preso pela segunda vez (21/08/1979), tendo sido libertado somente em 20/05/1985, para logo em seguida ser detido pela terceira vez (30/07/1985).

Na primeira INTHIFADA, quando Israel adotou, contra a população civil palestina que guerreava com pedras, a chamada “política da mão de ferro”, em que as crianças, adolescentes e jovens palestinos, quando apanhados pelos soldados de ocupação, tinham seus membros fraturados com golpes de pedras ou armas, foi ele, ZIAD ABU EIN, o primeiro palestino a ser preso pelo regime sionista. Libertado, acabou sendo novamente detido, agora pela quarta vez, administrativamente (prisão sem acusação ou direito a defesa), permanecendo muitos anos no cárcere do ocupante israelense.

Novamente posto em liberdade, foi impedido de viajar e seus movimentos foram vigiados sistematicamente, sempre com o objetivo de impedi-lo de ir e vir ou de exercer vida política normal. E assim permaneceu até que, em 2002, quando da 2ª. INTHIFADA, foi novamente preso, para mais uma vez cumprir prisão administrativa.

Devido a sua envergadura política na Resistência Palestina, amplamente reconhecida, ZIAD ABU EIN acumulou inúmeras funções e cargos no seio da Resistência e da Administração Palestina, dentre elas destacando-se: membro da União dos Industriais Palestinos (1991); Diretor Geral da Autoridade de Supervisão, na Cisjordânia (1994); diretor do órgão de controle interno no movimento Al Fatah na Cisjordânia (1993); Diretor da Associação de Veteranos, integrada pelos revolucionários palestinos (1996): membro do Bureu Político Supremo do Al Fatah (1995); Responsável pelo Comitê dos Prisioneiros Palestinos (2003-2007); subsecretário do Ministério para Assuntos dos Prisioneiros (2006); e atualmente era Ministro da Pasta para Assuntos da Ocupação e encarregado do dossiê da luta contra o MURO, bem como da resistência ao confisco de terras palestinas e sua colonização ilegal (2014). Além disso, foi eleito para o Conselho Revolucionário do Al Fatah.

Sua proeminência para a Resistência Palestina e para seu povo pode ser medida por algumas das passagens de sua vida. Ele passou, por exemplo, 13 anos preso em cárceres israelenses, tendo sido um dos palestinos aprisionados diretamente pelos EUA, talvez o único real aliado de Israel nos dias de hoje. Importante destacar que ele foi o primeiro preso palestino a ser entregue pelos EUA para Israel, no ano de 1981. Isto levou a ONU a emitir 7 Resoluções pedindo sua soltura, dentre elas a 36/171, de 16/12/1981, na qual as Nações Unidas expressaram lamento e preocupação com a iniciativa dos EUA de extraditá-lo para Israel, quando foi condenado à prisão perpétua, o que lhe valeu o título de primeiro palestinos da Cisjordânia ocupada a sofrer tal condenação.

Sua prisão jamais obteve o reconhecido da comunidade internacional. Nesta ocasião, ZIAD ABU EIN invocou a Resolução 194, da ONU, que exige de Israel acatamento do DIREITO DE RETORNO dos Palestinos expulsos entre 1947 e 1949, quando da LIMPEZA ÉTNICA que resultou na expulsão ou morte de mais de 60% da população palestina da época, que perfazem hoje os 5,5 milhões de refugiados espalhados pelo Oriente Médio, parte dos quais em campos de refugiados em Gaza e Cisjordânia.

Resulta de sua lavra, também, a iniciativa popular pelo DIREITO AO RETORNO, de 2008, quando defendeu, também, a coexistência pacífica entre palestinos e israelenses, conquanto houvesse o reconhecimento dos direitos nacionais palestinos, bem como civis e humanitários, no âmbito da criação do Estado Palestino, soberano e seguro.

Além de suas contribuições na resistência e na vida política enquanto membro de Al Fatah e do Governo Palestino, ZIAD ABU EIN tem vasta contribuição intelectual ao pensamento palestino contemporâneo.

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