sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Rumo a um cenário de III Guerra Mundial?

O papel de Israel no desencadear de um ataque ao Irã



Parte II – O roteiro militar



por Michel Chossudovsky*



A acumulação e instalação de sistemas de armas avançadas dirigidos contra o Irão começaram imediatamente após o bombardeamento e invasão do Iraque em 2003. Desde o princípio, estes planos de guerra foram dirigidos pelos EUA, em ligação com a NATO e Israel.



A seguir à invasão do Iraque de 2003, a administração Bush identificou o Irão e a Síria como a etapa seguinte "do roteiro para a guerra". Fontes militares estado-unidenses sugeriram que um ataque aéreo ao Irão podia envolver um desdobramento em grande escala comparável aos raids de bombardeamento "pavor e choque" sobre o Iraque em Março de 2003.




"Os ataques aéreos americano ao Irão ultrapassariam amplamente o âmbito do ataque israelense de 1981 contra o centro nuclear Osiraq, no Iraque, e assemelhar-se-ia mais aos dias iniciais da campanha aérea de 2003 contra o Iraque" (Ver Globalsecurity )


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"Theater Iran Near Term" (TIRANNT) 




Denominado em código pelos planeadores militares dos EUA como TIRANNT, ("Teatro do Irão a curto prazo"), foram iniciadas em Maio de 2003 simulações de um ataque ao Irão "quando modeladores e especialistas de inteligência puseram juntos os dados necessários para a análise do cenário do Irão ao nível de teatro (o que significa grande escala". (William Arkin, Washington Post, 16 April 2006). 

Os cenários identificaram vários milhares de alvos dentro do Irão para uma blitzkrieg "Pavor e choque":

"A análise, chamada TIRANNT, foi complementado com um cenário simulado para uma invasão do Marine Corps e uma simulação da força iraniana de mísseis. Planeadores estado-unidenses e britânicos efectuar um jogo de guerra no Mar Cáspio aproximadamente ao mesmo tempo. E Bush ordenou ao U.S. Strategic Command que concebesse um plano de guerra global para um ataque contra armas de destruição em massa iranianas. Tudo isto foi finalmente serviu para um novo plano de guerra para "grandes operações de combate" contra o Irão que fontes militares confirmam agora [Abril 2006] existir em forma de minuta.

... No âmbito do TIRANNT, planeadores do Exército e do Comando Central dos EUA tem estado a examinar tanto cenários a curto prazo como para anos vindouro para a guerra com o Irão, incluindo todos os aspectos de uma grande operação de combate, de mobilização e deslocação de forças ao longo de operações de estabilização pós-guerra após a mudança de regime". (William Arkin,
Washington Post, 16 April 2006)
Foram contemplados diferentes "cenários de teatro" para um ataque total ao Irão: "O exército, marinha e força aérea e fuzileiros navais prepararam, todos eles, planos de batalha e passaram quatro anos a construir bases e treinar para a "Operation Iranian Freedom". O almirante Fallon, o novo chefe do US Central Command, herdou planos computorizados com o nome TIRANNT (Theatre Iran Near Term)." ( New Statesman, February 19, 2007)

Em 2004, aproveitando os cenários iniciais do TIRANNT, o vice-presidente Dick Cheney instruiu o USSTRATCOM a elaborar um "plano de contingência" de uma operação militar em grande escala dirigida contra o Irão "para ser utilizado em resposta a um outro ataque terrorista tipo 11/Set contra os Estados Unidos" sob a presunção de que o governo em Teerão estaria por trás da conspiração terrorista. O plano incluía utilização antecipativa
(pre-emptive) de armas nucleares contra um estado não nuclear:
"O plano inclui um assalto aéreo em grande escala ao Irão empregando tanto armas convencionais como nucleares tácticas. Dentro do Irão há mais de 450 alvos estratégicos importantes, incluindo numerosos sítios suspeitos de desenvolvimento de programa de armas nucleares. Muitos dos alvos são revestidos ou enterrados profundamente e não poderiam ser removidos com armas convencionais, daí a opção nuclear. Tal como no caso do Iraque, a resposta não está condicionada ao Irão estar realmente envolvido no acto de terrorismo dirigido contra os Estados Unidos. Vários oficiais superiores da Força Aérea envolvidos no planeamento estão confirmadamente estarrecidos com as implicações do que estão a fazer – que o Irão está a ser configurado para um ataque nuclear não provocado – mas não estão preparados para prejudicar as suas carreiras colocando quaisquer objecções". (Philip Giraldi, Deep Background , The American Conservative August 2005)
O roteiro militar: "Primeiro o Iraque, então o Irão"

A decisão de alvejar o Irão sob o TIRANNT faz parte de um processo mais vasto de planeamento e sequenciamento de operações militares. Já sob a administração Clinton, o US Central Command (USCENTCOM) havia formulado "planos em teatro de guerra" para invadir primeiro o Iraque e a seguir o Irão. O acesso ao petróleo do Médio Oriente era o objectivo estratégico declarado:
"Os interesses amplos da segurança nacional e os objectivos expressos na National Security Strategy (NSS) do presidente e a National Military Strategy (NMS) constituem o fundamento da estratégia de teatro do Central Command dos Estados Unidos. O NSS direcciona a implementação de uma estratégia de contenção dual dos estados vilões (rogue states) do Iraque e do Irão na media em que aqueles estados apresentem uma ameaça aos interesses dos EUA, a outros estados na região e aos seus próprios cidadãos. A contenção dual é concebida para manter o equilíbrio de poder na região sem depender do Iraque ou do Irão. A estratégia de teatro do USCENTCOM é baseada em interesses e centrada em ameaças. O objectivo dos EUA, tal como exposto na NSS, é proteger os interesses vitais dos Estados Unidos na região – acesso ininterrupto e seguro dos EUA/aliados ao petróleo do Golfo". (USCENTCOM, http://www.milnet.com/milnet/pentagon/centcom/chap1/stratgic.htm#USPolicy, o link já não está activo)
A guerra ao Irão foi encarada como parte de uma sucessão de operações militares. De acordo com o (antigo) comandante geral da NATO, Wesley Clark, o roteiro do Pentágono consistia de uma sequência de países: "[O] plano de campanha de cinco anos [incluía]... um total de sete países, principiando pelo Irão, a seguir a Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão". Em "Winning Modern Wars" (pg. 130) o general Clark declara o seguinte:
"Quando retornei ao Pentágono em Novembro de 2001, um dos oficiais militares superiores teve tempo para uma conversa. Sim, ainda estamos na trilha para avançar contra o Irão, disse ele. Mas havia mais. Isto estava a ser discutido como parte de um plano de campanha de cinco anos, disse ele, e havia um total de sete países, a principiar pelo Iraque e então Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão. (Ver Secret 2001 Pentagon Plan to Attack Lebanon , Global Research, July 23, 2006)
O papel de Israel

Tem havido muito debate quanto ao papel de Israel no desencadear de um ataque contra o Irão.

Israel faz parte de uma aliança militar. Tel Aviv não é um
prime mover – não tem uma agenda militar separada e distinta.

Israel está integrado no "plano de guerra para operações de combate principais" contra o Irão formulado em 2006 pelo US Strategic Command (USSTRATCOM). No contexto de operações militares em grande escala, uma acção militar unilateral e não coordenada por parte de um parceiro da coligação, nomeadamente Israel, é de um ponto de vista militar e estratégico quase uma impossibilidade. Israel é um membro de facto da NATO. Qualquer acção de Israel exigiria um "sinal verde" de Washington.

Um ataque por parte de Israel podia, entretanto, ser utilizado como "o mecanismo disparador" o qual desencadearia uma guerra total contra o Irão, bem como retaliação do Irão contra Israel.

Em relação a isto, há indicações de que Washington pode encarar a opção de um ataque inicial (apoiado pelos EUA) por Israel ao invés de uma operação militar directa dos EUA contra o Irão. O ataque israelense – embora feito em estreita ligação com o Pentágono e a NATO – seria apresentado à opinião pública como uma decisão unilateral de Tel Aviv. Ele seria então utilizado por Washington para justificar, aos olhos da opinião pública mundial, uma intervenção dos EUA e da NATO tendo em vista "defender Israel", ao invés de atacar o Irão. Sob os acordos de cooperação militar existentes, tanto os EUA como a NATO seria "obrigados" a "defender Israel" contra o Irão e a Síria.

Vale a pena notar, a este respeito, que no início do segundo mandato de Bush, o (antigo) vice-presidente Dick Cheney sugeriu, em termos não incertos, que o Irão estava "no topo da lista" dos "inimigos malditos" da América e que Israel, por assim dizer, "estaria a bombardear por nós", sem o envolvimento militar estado-unidense e sem nos pressionar a "fazer isso" (Ver Michel Chossudovsky,
Planned US-Israeli Attack on Iran , Global Research, May 1, 2005): According to Cheney:
"Uma das preocupações que as pessoas têm é que Israel possa fazer isso sem lhe ser pedido... Dado o facto de que o Irão tem uma política declarada de que os seu objectivo é a destruição de Israel, os israelenses podem bem decidir actuar primeiro e deixar ao resto do mundo a preocupação acerca da limpeza com as consequências diplomáticas da confusão", (Dick Cheney, citado numa entrevista à MSNBC, January 2005)
Comentando a afirmação do vice-presidente, o antigo conselheiro de Segurança Nacional Zbigniew Brzezinski, numa entrevista à PBS, confirmou com alguma apreensão: sim, Cheney quer o primeiro-ministro Ariel Sharon a actuar por conta da América e "fazer isso" para nós:
"O Irão penso que é mais ambíguo. E aqui a questão certamente não é tirania; é armas nucleares. E o vice-presidente hoje numa espécie de estranha declaração paralela a esta declaração de liberdade sugeriu que os israelenses podem fazer isso e de facto utilizou uma linguagem que soa como uma justificação ou mesmo um encorajamento para os israelenses fazerem isso".
Do que estamos a tratar é de um operação militar conjunta EUA-NATO-Israel para bombardear o Irão, o qual tem estado na etapa de planeamento activo desde 2004. Oficiais no Departamento da Defesa, sob Bush e Obama, têm trabalhado persistentemente com militares e de oficiais inteligência israelenses, identificando cuidadosamente objectivos dentro do Irão. Em termos militares práticos, qualquer acção de Israel teria de ser planeada e coordenada aos mais altos níveis da coligação conduzida pelos EUA.

Um ataque de Israel também exigiria apoio logístico coordenado dos EUA-NATO, particularmente em relação ao sistema de defesa aérea de Israel, o qual desde Janeiro de 2009 está plenamente integrado no dos EUA e NATO. (Ver Michel Chossudovsky,
Unusually Large U.S. Weapons Shipment to Israel: Are the US and Israel Planning a Broader Middle East War? Global Research, January 11,2009)

O sistema de radar de banda X de Israel estabelecido no princípio de 2009 com apoio técnico dos EUA "integrou as defesas de mísseis de Israel com a rede de detecção global de mísseis dos EUA [com base na espaço], a qual inclui satélites, navios Aegis no Mediterrâneo, Golfo Pérsico e Mar Vermelho e radares Patriot baseados em terra e interceptores". (
Defense Talk.com, January 6, 2009 )

O que isto quer dizer é que em última análise Washington é que manda. Os EUA e não Israel controlam o sistema de defesa aérea. "Isto é permanecerá um sistema de radar estado-unidense", disse Geoff Morrell, porta-voz do Pentágono. Assim, isto não é algo que estejamos a dar ou a vender aos israelenses e sim algo que provavelmente exigirá pessoal dos EUA no terreno para operar". (Citado em Israel National News, January 9, 2009, emphasis added).

Os militares dos EUA supervisionam o sistema de Defesa Aérea de Israel, o qual está integrado no sistema global do Pentágono. Por outras palavras, Israel não pode lançar uma guerra contra o Irão sem o consentimento de Washington. Daí a importância da chamada legislação "sinal verde" no Congresso patrocinada pelo Partido Republicano sob a Resolução 1553 da Casa, a qual explicitamente apoia um ataque israelense ao Irão.
"A medida, proposta pelo republicano do Texas Louie Gohmert e 46 dos seus colegas, endossa a utilização por Israel de "todos os meios necessários" contra o Irão "incluindo a utilização de força militar". ... "Damos permissão para que isto seja feito. Precisamos mostrar nosso apoio a Israel. Precisamos deixar de jogar jogos com este aliado crítico numa área tão difícil". (Ver Webster Tarpley, Fidel Castro Warns of Imminent Nuclear War; Admiral Mullen Threatens Iran; US-Israel Vs. Iran-Hezbollah Confrontation Builds On , Global Research, August 10, 2010)
Na prática, a legislação proposta é um "Sinal verde" mais para a Casa Branca e o Pentágono do que para Israel. Constitui uma autorização automática a uma guerra ao Irão patrocinada pelos EUA que utiliza Israel como uma plataforma de lançamento conveniente. Também serve como justificação para travar guerra tendo em vista defender Israel.

Neste contexto, Israel poderia realmente arranjar pretexto para travar guerra, em resposta a alegados ataques do Hamas ou do Hezbollah e/ou o disparar de hostilidades na fronteira de Israel com o Líbano. O crucial é que um "incidente" menor poderia ser utilizado para desencadear uma grande operação militar contra o Irão.

Como é bem conhecido dos planeadores militares estado-unidenses, Israel (e não os EUA) seria o primeiro alvo da retaliação militar do Irão. Falando em termos gerais, os israelenses seriam as vítimas das maquinações tanto de Washington como do seu próprio governo. É, por isso, absolutamente crucial que os israelenses se oponham vigorosamente a qualquer acção para atacar o Irão da parte do governo Netanyahu. 

Guerra global: O papel do US Strategic Command (USSTRATCOM)

Operações militares globais são coordenadas a partir da sede do US Strategic Command (USSTRATCOM) na base da Força Aérea de Offutt, no Nebraska, em ligação como os comandos regionais dos comandos combatentes unificados (ex. (e.g.. US Central Command na Florida, o qual é responsável pela região Médio Oriente-Ásia Central, ver mapa abaixo) bem como unidades de comando da coligação em Israel, Turquia e Golfo Pérsico e na base militar de Diego Garcia no Oceano Índico. O planeamento e a decisão militar feita ao nível de país por aliados individuais dos EUA-NATO bem como "países parceiros" é integrado dentro de uma concepção militar global incluindo o armamento do espaço.

Sob o seu novo mandato, o USSTRATCOM tem a responsabilidade de "supervisionar um plano de ataque global" consistindo tanto de armas convencionais como nucleares. Em jargão militar, está destinado a desempenhar o papel de "um integrador global encarregado de missões de Operações no Espaço, Operações de Informação; Defesa Míssil Integrada; Comando Global & Controle; Inteligência, Vigilância e Reconhecimento; Ataque Global e Dissuasão Estratégia..."

As responsabilidades do USSTRATCOM incluem: "conduzir, planear & executar operações de dissuasão estratégica" a um nível global, "sincronizando planos globais de defesa míssil e operações", "sincronizar planos de combate regional", etc. O USSTRATCOM é a agência condutora na coordenação da guerra moderna.

Em Janeiro de 2005, no início dos preparativos militares contra o Irão, o USSTRATCOM era identificado como "o principal Comando Combatente para integração e sincronização dos vastos esforços do DoD no combate a armas de destruição em massa". (Michel Chossudovsky,
Nuclear War against Iran , Global Research, January 3, 2006).

O que isto significa é que a coordenação de um ataque em grande escala ao Irão, incluindo os vários cenários de escalada e para além na região mais vasta do Médio Oriente-Ásia Central, seria coordenado pelo USSTRATCOM. 


Mapa - Área de jurisdição militar - Estados Unidos no Oriente Médio
Mapa: Área de jurisdição do US Central Command 


Armas nucleares tácticas contra o Irão

Como confirmado por documentos militares bem como por declarações oficiais, tanto os EUA como Israel contemplam a utilização de armas nucleares contra o Irão. Em 2006, U.S. Strategic Command (USSTRATCOM) anunciou que havia alcançado capacidade operacional para atingir alvos rapidamente em todo o global utilizando armas nucleares ou convencionais. Este anúncio foi feito após a condução de simulações militares relativas a um ataque nuclear dos EUA contra um país fictício. (David Ruppe,
Preemptive Nuclear War in a State of Readiness: U.S. Command Declares Global Strike Capability , Global Security Newswire, December 2, 2005)

Continuidade em relação à era Bush-Cheney: o presidente Obama endossou amplamente a doutrina da utilização antecipativa de armas nucleares formulado pela administração anterior. Sob a 2010 Nuclear Posture Review, a administração Obama confirmou "que está reservando o direito de utilizar armas nucleares contra o Irão" pelo seu não cumprimento de exigências dos EUA respeitantes ao seu alegado (não existente) programa de armas nucleares. (
U.S. Nuclear Option on Iran Linked to Israeli Attack Threat - IPS ipsnews.net, April 23, 2010). A administração Obama também confidenciou que utilizaria ogivas nucleares no caso de uma resposta iranina a um ataque israelense ao Irão. (Ibid). Israel também concebeu o seus próprios "planos secretos" para bombardear o Irão com armas nucleares tácticas:
"Comandantes militares israelenses acreditam que ataques convencionais podem já não ser suficientes para aniquilar instalações de enriquecimento cada vez mais bem defendidas. Várias foram construídas debaixo de pelo menos 70 pés [21,3 m] de betão e rocha. Contudo, os destruidores de bunkers (bunker-busters) nucleares seriam utilizados só se um ataque convencional fosse descartado e se os Estados declinassem intervir, disseram fontes senior". (Revealed: Israel plans nuclear strike on Iran - Times Online, January 7, 2007)
Declarações de Obama sobre a utilização de armas nucleares contra o Irão e a Coreia do Norte são consistentes com a doutrina estado-unidense das armas nucleares pós 11/Set, a qual permite a utilização de armas nucleares tácticas no teatro de guerra convencional.

Através de uma campanha de propaganda que contou com o apoio de cientistas nucleares "abalizados", as mini-ogivas nucleares são apresentadas como um instrumento de paz, nomeadamente um meio de combater "terrorismo islâmico" e de instalar "democracia" estilo ocidental no Irão. As ogivas de baixo rendimento
(low-yield) foram limpas para "utilização no campo de batalha". Elas são destinadas a serem utilizadas contra o Irão e a Síria na etapa seguinte da "guerra ao terrorismo" da América juntamente com armas convencionais.
"Responsáveis da administração argumentam que armas nucleares de baixo rendimento são necessárias como um dissuasor crível contra estados vilões [Irão, Síria, Coreia do Norte]. A sua lógica é que as armas nucleares existentes são demasiado destrutivas para serem utilizadas excepto numa guerra nuclear em plena escala. Os inimigos potenciais percebem isto, portanto não consideram crível a ameaça da retaliação nuclear. Contudo, armas nucleares de baixo rendimento são menos destrutivas, portanto podem serem utilizadas de modo concebível. Isto as tornaria mais efectivas como um dissuasor". (Opponents Surprised By Elimination of Nuke Research Funds Defense News November 29, 2004)
As armas nucleares preferenciais a serem utilizadas contra o Irão são armas nucleares tácticas (Made in America), nomeadamente bombas destruidoras de bunkers com ogivas nucleares (ex. B61.11), com uma capacidade explosiva entre um terço a seis vezes uma bomba de Hiroshima. A B61-11 é a "versão nuclear" da BLU 113 "convencional" ou da Guided Bomb Unit GBU-28. Ela pode ser entregue do mesmo modo como a bomba convencional destruidora de bunkers. (Ver Michel Chossudovsky, http://www.globalresearch.ca/articles/CHO112C.html). Se bem que os EUA não contemplem a utilização de armas termonucleares estratégicas contra o Irão, o arsenal nuclear de Israel é em grande medida composto de bombas termonucleares as quais estão de prontidão e poderia ser utilizada numa guerra com o Irão. Através do sistema míssil Jericó III de Israel, com um raio de 4800 a 6500 km, todo o Irão estaria dentro do seu alcance. 


Bomba destruidora convencional de bunkers
Guided Bomb Unit GBU-27, destruidora convencional de bunkers



Bomba destruídora de bunkers B61
Bomba destruídora de bunkers B61 


Precipitação radioactiva

A questão da precipitação radioactiva e da contaminação, se bem que displicentemente ignorada pelos analistas militares dos EUA-NATO, seria devastadora, afectando potencialmente uma grande área do Médio Oriente em sentido amplo (incluindo Israel) e da Ásia Central.

Numa lógica absolutamente enviesada, armas nucleares são apresentadas como um meio de construir paz e impedir "danos colaterais". As armas nucleares não existentes do Irão são uma ameaça à segurança global, ao passo que aquelas dos EUA e Israel são instrumentos de paz "inócuas para a população civil circundante".

A "mãe de todas as bombas" (Mother of All Bombs, MOAB) destinada a ser usada contra o Irão

De significado militar dentro do arsenal de armas convencionais dos EUA está a "arma monstro" de 21500 libras [9.752 kg] alcunhada a "mãe de todas as bombas". A GBU-43/B ou Massive Ordnance Air Blast bomb (MOAB) é classificada "como a mais poderosa arma não nuclear alguma vez concebida" com o maior rendimento do arsenal de armas convencionais dos EUA. A MOAB estava em progresso em Março de 2003 antes de ser levada ao teatro de guerra do Iraque. Segundo fontes militares dos EUA, a Joint Chiefs of Staff aconselhou o governo de Saddam Hussein antes do lançamento da guerra do potencial de devastação da MOAB e que a "mãe de todas as bombas" era considerada para ser usada contra o Iraque. (Houve informações não confirmadas de que foi utilizada no Iraque).

O Departamento da Defesa dos EUA confirmou que tenciona utilizar a "Mãe de todas as bombas" (MOAB) contra o Irão, destacando o facto de que a MOAB "é o ideal para atingir instalações nucleares profundamente enterradas como Natanz ou Qom no Irão" (Jonathan Karl, Is the U.S. Preparing to Bomb Iran? ABC News, October 9, 2009). A verdade é que a MOAB, dada a sua capacidade explosiva, resultaria em baixas civis extremamente vastas. É uma "máquina de matar" convencional com uma nuvem em cogumelo de tipo nuclear.

A encomenda de quatro MOABs foi adjudicada em Outubro de 2009 ao pesado custo de US$58,4 milhões (US$14,6 milhões por cada bomba). Este montante inclui os custos de desenvolvimento e teste bem como a integração das bombas MOAB nos bombardeiros furtivos B-2. (Ibid). Esta encomenda está ligada directamente aos preparativos de guerra em relação ao Irão. A notificação estava contida num "memorando de reprogramação" de 93 páginas, o qual incluía as seguintes instruções:

"O Departamento tem uma Necessidade Operacional Urgente (Urgent Operational Need. UON) quanto à capacidade de ataque a objectivos duros e profundamente enterrados em ambientes de grande ameaça. A MOP [Mother of All Bombs] é a arma preferencial para atender às exigência da UON". Ali mais uma vez se declara que o pedido é endossado pelo Comando do Pacífico (o qual tem responsabilidade sobre a Coreia do Norte) e o Comando Central (o qual tem responsabilidade sobre o Irão)". (ABC News, op cit, emphasis added). Para consultar o pedido de reprogramação (pdf) clique aqui .

O Pentágono está a planear um processo de destruição extensiva da infraestrutura do Irão e de baixas civis em massa através da utilização combinada de ogivas nucleares tácticas e bombas convencionais monstras com nuvem em cogumelo, incluindo a MOAB e a maior GBU-57ª/B ou Massive Ordnance Penetrator (MOP).

O MOP é descrito como "uma poderosa nova bomba destinada directamente a instalações nucleares subterrâneas do Irão e da Coreia do Norte. A bomba gargantuesca — mais longa do que 11 pessoas de pé ombro a ombro [ver imagem] ou mais de 20 pés [6,1 m] desde a base até a ponta" (Ver Edwin Black, "Super Bunker-Buster Bombs Fast-Tracked for Possible Use Against Iran and North Korea Nuclear Programs" , Cutting Edge, September 21 2009).


ogivas nucleares tácticas e bombas convencionais MOAB
"Mother of All Bombs" (MOAB) 
ogivas nucleares tácticas e bombas convencionais - MOP - EUA
GBU-57A/B Mass Ordnance Penetrator (MOP)

Estado da arte do armamento: "A guerra tornada possível através de novas tecnologias" 

O processo de tomada de decisão militar em relação ao Irão é apoiado pela Guerra das Estrela, a militarização do espaço externo e a revolução em comunicações e sistemas de informação. Dados os avanços em tecnologia militar e no desenvolvimento de novos sistemas de armas, um ataque ao Irão podia ser significativamente diferente em termos de composição de sistemas de armas, em comparação com a blitzkrieg de Março de 2003 contra o Iraque. A operação Irão está destinada a utilizar os mais avançados sistemas de armas nos seus ataques aéreos. Com toda a probabilidade, novos sistemas de armas serão testados.

O documento do 2000 Project of the New American Century (PNAC) intitulado Rebuilding American Defenses, delineava o mandato dos militares estado-unidenses em termos de teatros de guerra em grande escala, a serem travadas simultaneamente em diferentes regiões do mundo:
"Combater e vencer decisivamente em teatros de guerra múltiplos e simultâneos".
Esta formulação é equivalente a uma guerra global de conquista por uma única superpotência imperial. O documento do PNAC também apelava à transformação das forças dos EUA para explorar a "revolução em assuntos militares", nomeadamente a implementação da "guerra tornada possível através de novas tecnologias". (Ver Project for a New American Century, Rebuilding Americas Defenses , Washington DC, September 2000, pdf). Esta última consiste em desenvolver e aperfeiçoar um estado da arte da máquina de matar global baseado num arsenal de armamento novo refinado, o qual finalmente substituiria os paradigmas existentes.
"Portanto, pode-se prever que o processo de transformação será de facto um processo em duas etapas: primeiro de transição, a seguir de transformação mais completa. O ponto de ruptura virá quando uma preponderância de novos sistemas de armas começar a entrar em serviço, talvez quando, por exemplo, veículos aéreos não manejados começarem a ser tão numerosos quanto aviões manejados. A este respeito, o Pentágono deveria ser muito cuidadoso ao fazer grandes investimentos em novos programas – tanques, aviões, aviões de carreira, por exemplo – que comprometeria as forças dos EUA aos actuais paradigmas de guerra durante muitas décadas futuras. (Ibid, ênfase acrescentada)
Ao guerra ao Irão podia na verdade marcar esta ruptura crucial, com novos sistemas de armas baseados no espaço a serem aplicados tendo em visto incapacitar um inimigo que tem capacidades militares convencionais significativa, incluindo mais de meio milhão de forças terrestres.


Armas electromagnéticas

Poderiam ser utilizadas armas electromagnéticas para desestabilizar os sistemas de comunicações do Irão, impossibilitar a produção de electricidade, minar e desestabilizar comandos e controle, infraestrutura do governo, transportes, energia, etc. Dentro da mesma família de armas, técnicas de modificações ambientais (environmental modifications techniques, ENMOD) (guerra meteorológica) desenvolvidas sob o programa HAARP também podiam ser aplicadas. (Ver Michel Chossudovsky,
"Owning the Weather" for Military Use" , Global Research, September 27, 2004). Estes sistemas de armas estão plenamente operacionais. Neste contexto, o documento AF2025 da US Air Force reconhece explicitamente as aplicações militares das tecnologias de modificações meteorológicas:
"A modificação meteorológica tornar-se-á parte da segurança interna e internacional e poderia ser efectuada unilateralmente... Ela podia ter aplicações ofensivas e defensivas e ser utilizada mesmo para objectivos de dissuasão. A capacidade para gerar precipitação, fog e tempestades sobre a terra ou modificar o tempo no espaço, melhorar comunicações através de modificação ionosférica (a utilização de espelho ionosféricos) e a produção de tempo artificial fazem parte de um conjunto integrado de tecnologias que podem proporcionar melhoria substancial nos EUA ou degradar capacidade num adversário, para alcançar consciência, alcance poder globais". ( Air Force 2025 Final Report , Ver també US Air Force: Weather as a Force Multiplier: Owning the Weather in 2025 , AF2025 v3c15-1 | Weather as a Force Multiplier: Owning... | (Ch 1) em www.fas.org ).
Radiação electromagnética que permite "deterioração da saúde remota" também pode ser encarada no teatro de guerra. (Ver Mojmir Babacek, Electromagnetic and Informational Weapons :, Global Research, August 6, 2004). Por sua vez, novas utilizações armas biológicas pelos militares dos EUA também podem ser encaradas tal como sugerido pelo PNAC: "Formas avançadas de guerra biológica que podem "alvejar" genótipos específicos podem retirar a guerra biológica do âmbito do terror e transformá-la numa ferramenta politicamente utilizável" (PNAC, op cit., p. 60).
Capacidades militares do Irão: Mísseis de médio e longo alcance 

Capacidade militar do Irã - Míssies
O Irão tem capacidades militares avançados, incluindo mísseis de médio e longo alcance capazes de atingir alvos em Israel e nos Estados do Golfo. Daí a ênfase da aliança EUA-NATO-Israel na utilização de armas nucleares, as quais estão destinadas a serem utilizadas tanto antecipativamente como em resposta a um ataque de mísseis retaliatório do Irão. 

Mísseis lançados

.Lançamento de mísseis

Em Novembro de 2006, testes iranianos de dois mísseis de superfície foram marcados pelo planeamento preciso numa operação cuidadosamente encenada. Segundo um perito americano de mísseis (citado pela Debka), "os iranianos demonstraram tecnologia de lançamento de mísseis actualizada, a qual o Ocidente não sabia que possuíam". (Ver Michel Chossudovsky, Iran's "Power of Deterrence" Global Research, November 5, 2006) Israel reconheceu que com "o Sheab-3, cujos 2000 km de alcance abrangem Israel, o Médio Oriente a Europa estão ao seu alcance" (Debka, November 5, 2006). 

Segundo Uzi Rubin, antigo chefe do programa de mísseis anti-balísticos de Israel, "a intensidade do exercício militar foi sem precedentes... Ele estava destinado da fazer impressão – e fez impressão". ( www.cnsnews.com 3 November 2006) 

Os exercícios 2006, se bem que criando um conflito politico nos EUA e em Israel, não modificou a resolução dos EUA-NATO de travar guerra contra o Irão.

Teerão confirmou em várias declarações que responderá se for atacado. Israel seria o objecto imediato de ataques iranianos de mísseis como confirmado pelo governo iraniano. A questão do sistema de defesa aérea de Israel é portanto crucial. Instalações estado-unidenses e aliadas nos estados do Golfo, Turquia, Arábia Saudita, Afeganistão e Iraque também poderiam ser alvejadas pelo Irão.

Forças terrestres do Irão

Apesar de o Irão estar cercado por bases militares dos EUA e aliados, a República Islâmica tem capacidades militares significativas. (Ver mapas) O que é importante reconhecer é a dimensão absoluta das forças iranianas em termos de pessoas (exército, marinha, força aérea) em comparação com as forças dos EUA e NATO no Afeganistão e no Iraque.

Confrontadas com uma insurgência bem organizada, as forças da coligação já estão demasiado esticadas tanto no Afeganistão como no Iraque. Será que estas forças seriam capazes de aguentar se forças iranianas entrassem nos campos de batalha existentes no Iraque e no Afeganistão? O potencial do movimento da Resistência à ocupação dos EUA e aliados inevitavelmente seria afectado.

As forças iranianas são da ordem do 700 mil soldados dos quais 130 mil são profissionais, 220 mil são conscritos e 350 mil são reservistas. (Ver
Islamic Republic of Iran Army - Wikipedia ). Há 18 mil homens na Marinha do Irão e 52 mil na força aérea. Segundo o International Institute for Strategic Studies, "os Guardas Revolucionários têm uma estimativa de 125 mil homens em cinco ramos: A sua própria Marinha, Força Aérea e Forças Terrestres, além da Quds Force (Forças Especiais)". De acordo com o CISS, a força paramilitar de voluntários Basij do Irão, controlada pelos Guardas Revolucionários, "têm uma estimativa de 90 mil membros uniformizados em serviço activos e a tempo inteiro, 300 mil reservistas e um total de 11 milhões de homens que podem ser mobilizados se for necessário" ( Armed Forces of the Islamic Republic of Iran - Wikipedia ). Por outras palavras, o Irão pode mobilizar mais de meio milhão de tropas regulares e vários milhões de milícia. As suas forças especiais Quds já estão a operar no interior do Iraque.



Campos de petróleo no Oriente Médio

.Instalações Militares dos Estados Unidos no Oriente Médio

Instalações militares dos EUA e aliados cercando o Irão  

Durante vários anos o irão tem conduzido os seus próprios treinos e exercícios. Seus mísseis intermediários e de longo alcance estão plenamente operacionais. Os militares do Irão estão em estado de prontidão. Concentrações de tropa iraniana estão actualmente a poucos quilómetros da fronteira iraquiana e da afegã e na proximidade do Kuwait. A Marinha iraniana está instalada no Golfo Pérsico na proximidade de instalações militares dos EUA e aliados nos Emirados Árabes Unidos.

Vale a pena notar que em resposta ao fortalecimento militar do Irão, os EUA têm estado a transferir grandes quantidades de armas aos seus aliados não-NATO no Golfo Pérsico, incluindo o Kuwait e a Arábia Saudita.

Se bem que as armas avançadas do Irão não se comparem àquelas dos EUA e da NATO, as forças iranianas estariam em condições de infligir perdas substanciais às forças da coligação num teatro de guerra convencional, sobre o terreno do Iraque ou do Afeganistão. Em Dezembro de 2009 tropas terrestres e tanques iranianos cruzaram a fronteira para dentro do Iraque sem serem confrontadas ou desafiadas pelas forças militares e ocuparam um território disputado no campo petrolífero no Maysan Leste.

Mesmo no caso de uma blitzkrieg efectiva, que alveje instalações militares do Irão, seus sistemas de comunicações, etc através de bombardeamento aéreo maciço, utilizando mísseis de cruzeiro, bombas convencionais destruidoras de bunkers e armas nucleares tácticas, uma guerra com o Irão, uma vez iniciada, podia finalmente levar a uma guerra no terreno. Isto é algo que os planeadores militares dos EUA sem dúvida contemplaram nos seus cenários de guerra simulados.

Uma operação desta natureza resultaria em baixas militares e civis significativas, particularmente se forem utilizadas armas nucleares.

O orçamento ampliado para a guerra no Afeganistão actualmente debatido no Congresso dos EUA também está destinado a ser utilizado na eventualidade de um ataque ao Irão.

Num cenário de escalada, tropas iranianas podiam cruzar a fronteira e entrar no Iraque e no Afeganistão.

Por sua vez, a escalada militar utilizando armas nucleares poderia conduzir-nos a um cenário de III Guerra Mundial, estendendo-se para além da região do Médio Oriente e Ásia Central.

Num sentido muito real, este projecto militar, o qual tem estado na mesa de desenho do Pentágono durante mais de cinco anos, ameaça o futuro da humanidade.

O nosso foco neste ensaio foi nos preparativos de guerra. O facto de que os preparativos de guerra estejam num estado avançado de prontidão não implica que estes planos de guerra serão executados.

A aliança EUA-NATO-Israel percebe que o inimigo tem capacidades significativas para responder e retaliar. Este factor em si mesmo tem sido crucial ao longo dos últimos cinco anos na decisão dos EUA e seus aliados de adiar um ataque ao Irão.

Outro factor crucial é a estrutura de alianças militares. Considerando que a NATO tornou-se uma força formidável, o Acordo de Cooperação de Shangai (SCO), constituído por uma aliança entre a Rússia, a China e um certo número de antigas repúblicas soviéticas, foi significativamente enfraquecido.

As ameaças militares contínuas dos EUA contra a China e a Rússia estão destinadas a enfraquecer o SCO e desencorajar qualquer forma de acção militar da parte de aliados do Irão no caso de um ataque US-NATO-israelense.

O que são as forças contrabalançadoras que podem impedir esta guerra de verificar-se? Há numerosas forças em andamento dentro do aparelho de estado e do Congresso dos EUA, do Pentágono e da NATO.


A força central na prevenção de uma guerra vem em última análise da base da sociedade, exigindo vigorosas acções anti-guerra de centenas de milhões de pessoas por toda a terra, nacional e internacionalmente.

O povo deve mobilizar-se não só contra esta diabólica agenda militar, a autoridade do Estado e dos seus responsáveis também deve ser desafiada.

Esta guerra pode ser impedida se os povos vigorosamente confrontarem seus governos, pressionarem seus representantes eleitos, organizarem-se ao nível local em cidades, aldeia e municípios, difundirem a palavra, informar seus concidadãos quanto às implicações de uma guerra nuclear, iniciarem debates e discussões dentro das forças armadas.

Manifestações de massa e protestos anti-guerra não são suficientes. O que é necessário é o desenvolvimento de uma rede vasta e bem organizada a partir da base que desafie as estruturas de poder e a autoridade.

O que é necessário um movimento de massa do povo que vigorosamente desafie a legitimidade da guerra, um movimento popular global que criminalize a guerra.



Nota do autor: Caros leitores do Global Research, por favor difundam este texto amplamente para amigos e familiares, em fóruns na Internet, nos lugares de trabalho, na sua vizinhança, nacional e internacionalmente, tendo em vista reverter a maré da guerra. Difundam! 

Fonte: Resistir.info


(*) Michel Chossudovsky é laureado autor, professor (emérito) de Economia na Universidade de Ottawa e diretor do Centro para Investigação sobre a Globalização (CRG), Montreal. É autor de ‘La Globalización de la Pobreza y el Nuevo Orden Mundial’ (2003) e de ‘La guerra de América contra el terrorismo’ (2005). Também écolaborador da Enciclopédia Britânica. Seus escritos são publicados em mais de vinte idiomas.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

¿Qué esperamos de las negociaciones?

Saeb Erakat para elpais.com
16/08/2010



Los palestinos aprecian el apoyo del Gobierno estadounidense para reactivar el proceso de paz de Oriente Próximo hasta desembocar en una solución de dos Estados que ponga fin a la ocupación iniciada en 1967. Después de 17 años de intentos, nos encontramos en un momento crucial en el que es preciso tomar decisiones. Y los palestinos fuimos los primeros en propugnar la solución de dos Estados y en hacer dolorosas concesiones; hace ya 22 años que reconocimos el derecho de Israel a existir en el 78% de la Palestina histórica.

Acordamos entablar las conversaciones de proximidad para demostrar nuestra fe en el Gobierno estadounidense. La Liga Árabe respaldó activamente el proceso y propuso para esta modalidad un plazo de cuatro meses tras los que, de haber avances significativos, se iniciarían negociaciones directas.

El Gobierno de Estados Unidos hizo hincapié en el progreso sobre temas relacionados con el territorio y la seguridad. Nosotros nos mostramos dispuestos a un diálogo exhaustivo; el lado israelí, no. Las exigencias actuales de que los palestinos accedan a las negociaciones directas sin que se hayan producido avances suponen cambiar el paradigma acordado y son prematuras, porque todavía nos queda un mes de plazo. Durante los tres meses de conversaciones de proximidad, Israel ha proseguido su actividad colonizadora y ha reanudado la política de demolición de hogares, revocación de documentos de identidad y el aumento de la violencia de los colonos contra los palestinos; en ese mismo periodo, mientras el equipo negociador palestino se dedicaba a presentar mapas e informes de situación sobre todos los aspectos del estatus definitivo, no hemos oído decir una palabra al primer ministro Netanyahu sobre la necesidad de impulsar las conversaciones de proximidad.

Israel no cumple ni sus obligaciones mínimas y a los palestinos se les pide que entablen negociaciones directas. Es una situación que no puede ser más parecida a la de hace 10 años, cuando se obligó a los palestinos a ir a Camp David pese a que Israel no estaba listo, y al final se nos echó la culpa del resultado a nosotros. ¿Todavía no hemos aprendido la lección? Si Israel no está listo esta vez, el resultado será aún más catastrófico. Lo que ocurrió fue que los términos de referencia para las conversaciones eran muy vagos, de modo que fue imposible hacer que predominara una visión integral de paz.

No podemos perder tiempo. Los palestinos y los israelíes no pueden permitirse otra ronda de negociaciones fracasadas. Antes de emprender negociaciones directas, Israel debe explicar cuál es su visión de la paz. Si su postura es el discurso pronunciado por el primer ministro Netanyahu en la Universidad Bar Ilan University ("refugiados, Jerusalén, seguridad, fronteras, espacio aéreo, son puntos no negociables"), no hay nada que hacer; las llamadas "medidas de confianza" ofrecidas por el Gobierno israelí no son un "regalo" para el pueblo palestino, sino medidas aprobadas ya en los Acuerdos de Oslo, que Israel debería haber llevado a cabo antes del año 2000.

¿Qué concepto de proceso de paz deseamos? ¿Estamos hablando de cómo hacer que los palestinos renuncien a las fronteras de 1967 o estamos hablando de cómo lograr una paz integral y duradera?

Los términos de referencia deben estar claros. Existe un apoyo internacional extraordinario a la solución de dos Estados de acuerdo con las fronteras de 1967, con Jerusalén como capital de los dos y ciudad abierta y compartida y un acuerdo sobre la cuestión de los refugiados basado en las resoluciones de la ONU. ¿Es mucho pedir, tras 17 años de proceso de paz, que Israel reconozca las fronteras de 1967 como base para nuestras negociaciones?

La visión de la paz regional que tiene Estados Unidos no se contradice con lo anterior, ni tampoco lo hace la idea de un Israel seguro. La seguridad no puede lograrse mediante más opresión y ausencia de derechos, sino mediante la paz y la cooperación regional. Que se respeten los derechos de los palestinos no hará daño a nadie, y la paz saldrá ganando.

Para demostrar su voluntad de alcanzar un acuerdo, Israel debe paralizar toda la actividad de asentamientos. Si el punto de partida lo constituyen las fronteras de 1967, no tiene sentido que los israelíes sigan arruinando de antemano el resultado de las negociaciones con medidas unilaterales que no contribuyen a lograr la solución de dos Estados.

Cuando el señor Netanyahu declara que sabe lo que es mejor para la región, nosotros le decimos que no queremos sus consejos. Lo único que queremos de él es cooperación y trabajo en común.

No necesitamos que Netanyahu se dedique a decirnos lo que más nos conviene, sino que sea un auténtico socio en la búsqueda de la paz. Si le importa el futuro de esta zona del mundo, debe asumir la posición internacional; debe saber que si continúa fundando su postura en la política interna y en el deseo de conservar a los colonos en su coalición de Gobierno, el precio de asegurar su futuro político será el sufrimiento de millones de personas en la región.

Todos debemos aprender de los errores del pasado. Unas negociaciones en las que no haya un compromiso, una visión y unos términos de referencia comunes son inaceptables. Ya las hemos intentado y no han funcionado.

El futuro de millones de personas en Oriente Próximo, nuestros hijos y los suyos, no nos permite volver a fracasar. Respetar compromisos previos como la Hoja de Ruta y los resultados de negociaciones anteriores es una buena forma de avanzar.

Invitamos a Israel a dialogar en serio con nosotros porque a todos nos interesa lo mismo: la coexistencia en dos Estados y la seguridad y la estabilidad en la región. Si no, todos pagaremos un precio muy elevado.

Saeb Erakat es jefe del equipo negociador palestino. Traducción de María Luisa Rodríguez Tapia.

Fonte: http://www.oicpalestina.org/ver_articulos.php?id=1119

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Parque Yasser Arafat homenageia cultura de paz e justiça em Campinas

http://www.campinas.sp.gov.br/noticias-integra.php?id=2637

02/08/2010

Sérgio Oliveira




Uma grande rocha, que tem esculpido em sua parede o rosto de Yasser Arafat, é o principal marco do parque que leva o nome do líder palestino e que foi entregue oficialmente à população de Campinas neste sábado, 31 de julho, pelo prefeito Hélio de Oliveira Santos. A entrada do Parque fica localizada na Avenida Professor Dr. Alexandre Chiarine, às margens do Córrego Anhumas.

Além do prefeito, estiveram presentes na cerimônia de inauguração outros integrantes da Administração Municipal, moradores da região e lideranças da comunidade árabe de Campinas, para os quais o evento esteve carregado de profundos aspectos simbólicos.

“Este é um momento histórico para Campinas, uma cidade-irmã de Jericó, que organiza anualmente uma Semana de Cultura Árabe e conta com um núcleo universitário de estudos árabes”, afirmou Ali El Katib, do Instituto Jerusalém e representante da comunidade árabe no evento, ressaltando os vínculos do município com o povo palestino.

Para El Katib, a homenagem a Yasser Arafat, o “pai da liberdade”, em suas palavras, reforça a imagem de Campinas como uma cidade solidária e fortalece sua presença no cenário internacional. “Esta é uma inauguração calorosa, autêntica e cheia de amor, expressando o carinho e a dedicação de todos que contribuíram para que o parque se tornasse realidade”, disse.

Cultura de Paz

Em sua fala, Dr. Hélio lembrou que, há pouco tempo, aquela área estava degradada, com animais de grande porte soltos, oferecendo risco ao trânsito da região, com a vegetação deteriorada e pontos de comércio clandestino. Ele agradeceu o empenho de toda a equipe, para que, em um prazo de seis meses, o Parque estivesse pronto, dedicando especial atenção aos reeducandos que contribuíram em diversas etapas da obra.

“Este parque é o reconhecimento público e uma justa homenagem a pessoas que, utilizando o debate diplomático, lutaram pela paz, e que, em 1994, compartilharam o Prêmio Nobel da Paz”, afirmou o prefeito, referindo-se ao próprio Arafat, a Shimon Peres e Yitzhak Rabin (Este último, inclusive, nomeia uma praça que fica em frente ao parque recém-inaugurado). “Havia uma homenagem solitária, agora estabelecemos um equilíbrio simbólico à cultura da paz, da solidariedade e da justiça”, complementou.

O Parque

O Parque Yasser Arafat está localizado em uma região que está recebendo diversas obras da Prefeitura de Campinas. Elas fazem parte do Vila Parque Anhumas, que deve ser entregue até o final do ano e contará com ginásio poli-esportivo, piscina, para uso da população, ciclovias, espaços com cursos profissionalizantes, além das novas moradias que estão sendo ocupadas por pessoas que antes viviam em áreas de risco, à beira do Anhumas. Estas obras foram orçadas em R$ 40 milhões e estão sendo construídas com recursos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal.

Outra obra, que terá início ainda no mês de agosto e deve trazer impactos positivos para a região, é a extensão dos trilhos da Maria Fumaça, ligando Jaguariúna à Praça Arautos da Paz. Parte do percurso, inclusive, passa pelo Parque Yasser Arafat.

Para Renata Erbolato Gomes, que mora na região há 32 anos, a sensação é de alívio. “Gostei muito do que estou vendo. Nós convivemos durante tanto tempo com esta área degrada que foi uma emoção muito grande para mim e meus vizinhos quando vimos, ontem (noite de sexta -feira), a iluminação pública que foi instalada na entrada da praça se acender”, comemorou.

Yasser Arafat

Yasser Arafat foi o líder da Autoridade Palestiniana e, desde 1969, presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Em 1994, foi co-detentor do Nobel da Paz por sua relevante contribuição para o estabelecimento do Acordo de Oslo (1993), que estipulava a implementação da auto-administração Palestiniana na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Ele faleceu em 11 de novembro de 2004, na França.

No Parque Yasser Arafat, abaixo do seu rosto esculpido em rocha, está registrada uma de suas frases: “A justiça da causa determina o direito da luta; sou rebelde e minha causa é a liberdade”.

Ali El-Khatib e a Arquiteta Maria Rita (autora do projeto) entregam ao Prefeito Dr. Helio 
o molde de gesso que serviu para o artista esculpir na rocha o rosto de Yasser Arafat.







terça-feira, 10 de agosto de 2010

MAHMOUD DARWISH 1942- 2008

MAHMOUD DARWISH, por Jose Saramago
2009


No próximo dia 9 de Agosto cumprir-se-á um ano sobre a morte de Mahmud Darwish, o grande poeta palestino. Fosse o nosso mundo um pouco mais sensível e inteligente, mais atento à grandeza quase sublime de algumas das vidas que nele se geram, e o seu nome seria hoje tão conhecido e admirado como o foi, em vida, por exemplo, o de Pablo Neruda. Enraizados na vida, nos sofrimentos e nas imortais esperanças do povo palestino, os poemas de Darwish, de uma beleza formal que frequentemente roça a transcendência do inefável numa simples palavra, são como um diário onde vieram sendo registados, passo a passo, lágrima a lágrima, os desastres, mas também as escassas, ainda que sempre profundas alegrias, de um povo cujo martírio, decorridos sessenta anos, ainda não parece disposto a anunciar o seu fim. Ler Mahmud Darwish, além de uma experiência estética impossível de esquecer, é fazer uma dolorosa caminhada pelas rotas da injustiça e da ignomínia de que a terra palestina tem sido vítima às mãos de Israel, esse verdugo de quem o escritor israelita David Grossmann, em hora de sinceridade, disse não conhecer a compaixão.

Hoje, na biblioteca, li poemas de Mahmud Darwish para um documentário que será apresentado em Ramala no aniversário da sua morte. Estou convidado a lá ir, veremos se me será possível fazer essa viagem, que certamente não seria grata à polícia israelita. Recordaria então, no próprio local, o abraço fraterno que nos demos há sete anos, as palavras que trocámos e que nunca mais pudemos renovar. Às vezes, a vida tira como uma mão aquilo que tinha dado com a outra. Assim me aconteceu com Mahmud Darwish.

http://caderno.josesaramago.org/2009/04/01/mahmud-darwish/


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Mahmoud Darwish has quietly left us on Saturday 9 August 2008 after 67 years of a life jumping from one peak to another, rising higher every time, transcending his own successes. He was a beautiful human being, able to see what no one else can see: in life, politics, and even people, expressing his visions in a language that seems to be made only for him to write with. When he decided to take on this difficult surgery we thought that he can beat death, like he did several times before… but he, it seems, with his prophetic insight, could clearly see his “ghost coming from afar”.

He wanted to surprise death rather than wait for the “time bomb” that was his artery to explode unannounced… he went prepared, as he always is, leaving us behind to “nurture hope”.

http://www.mahmouddarwish.com/ui/english/ShowContent.aspx?ContentId=1

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

LULA ENVIA AJUDA PARA A RECONSTRUCAO DE GAZA

LEI Nº 12.292, DE 20 DE JULHO DE 2010.


Autoriza o Poder Executivo a realizar doação para a reconstrução de Gaza.



O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Fica o Poder Executivo autorizado a doar recursos à Autoridade Nacional Palestina, em apoio à economia palestina para a reconstrução de Gaza, no valor de até R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais).

Parágrafo único. A doação será efetivada mediante termo firmado pelo Poder Executivo, por intermédio do Ministério das Relações Exteriores, e correrá à conta de dotações orçamentárias daquela Pasta.

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 20 de julho de 2010; 189o da Independência e 122o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Celso Luiz Nunes Amorim

Paulo Bernardo Silva

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Leia a materia:

Governo brasileiro repassará R$ 25 milhões para reconstrução de Gaza

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/769967-governo-brasileiro-repassara-r-25-milhoes-para-reconstrucao-de-gaza.shtml

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Netanyahu confessa em vídeo secreto ter destruído o acordo de Oslo | Portal Arabesq

Um vídeo revelado pelo canal 10 israelense causou arrepios de Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, que deve estar rezando para não se espalhar pelo mundo.

Seu conteúdo ameaça constranger seriamente não só Netanyahu, mas também a administração de Barack Obama, o presidente dos Estados Unidos.

O vídeo foi filmado, aparentemente, sem o conhecimento de Netanyahu, nove anos atrás, quando o governo de Ariel Sharon começou a invadir as principais cidades da Cisjordânia para esmagar a resistência palestina nos estágios iniciais da segunda Intifada.

Na época Netanyahu havia se afastado um pouco da política, mas logo se juntou ao governo de Sharon como ministro das Finanças.

Em uma visita a uma casa no assentamento judaico de Ofra, na Cisjordânia para prestar condolências à família de um israelense morto em confrontos com palestinos, ele faz uma série de revelações sobre seu primeiro período como primeiro-ministro de Israel de 1996 a 1999.

Sentado em um sofá na casa, ele pede para desligar a câmera antes de dizer à família que enganou o presidente dos Estados Unidos da época, Bill Clinton, fazendo-o acreditar que desejava ajudar a implementar o acordo de Oslo - um acordo apoiado pelos Estados Unidos para a paz entre Israel e os palestinos – usando de pequenas retiradas da Cisjordânia, enquanto, na verdade, ele consolidava a irreversibilidade da ocupação. No vídeo Netanyahu se gaba de destruir o acordo de Oslo dessa forma.

Ele ainda afirma que “os Estados Unidos podem ser manipulados facilmente para a direção certa (para Israel)” e chama de “absurdos” os altos níveis de apoio popular norte-americano para com Israel.

Netanyahu também sugere que, longe de ser defensiva, a dura repressão militar israelense da revolta palestina foi projetada principalmente para esmagar a Autoridade Palestina liderada por Yasser Arafat, para que pudesse ser mais flexível e aceitar as exigências israelenses.

Todas essas alegações tem paralelos óbvios com a situação atual, com Netanyahu novamente como primeiro-ministro de Israel, enfrentando a Casa Branca e se opondo à sua política de reativar o processo de paz e limitar a expansão dos assentamentos israelenses em territórios palestinos ocupados.

Como no passado, ele tem aparentemente feito concessões públicas à administração dos Estados Unidos concordando em princípio com a criação de um Estado palestino, autorizando a realização de conversações indiretas com a liderança palestina em Ramallah, e declarando um congelamento temporário na construção de assentamentos.

Mas, os mesmo tempo, ele pediu ao poderoso lobby pró-Israel para exercer pressão sobre a Casa Branca, que parece ter cedido suas exigências mais importantes, e manteve na prática a expansão dos assentamentos, a desapropriação e expulsão dos palestinos, o bloqueio a gaza, e não permite a criação do Estado Palestino.

A visão desdenhosa de Netanyahu sobre Washington demonstrada pelas suas próprias palavras no filme, e as confissões orgulhosas de ter destruído o acordo de paz confirmam as suspeitas de muitos observadores - incluindo os líderes palestinos - que acusam Netanyahu de má fé quanto à busca pela paz no Oriente Médio.

Escrevendo no jornal israelense Ha'aretz liberal, o colunista Gideon Levy chamou o vídeo de "escandaloso" e prova que Netanyahu foi um artista "que acredita ter Washington no bolso e pode enganá-la quando desejar". Ele acrescentou que o primeiro-ministro não mudou ao longo dos anos.

No filme, Benjamin Netanyahu diz que Israel deve provocar "sopros (ataques sobre os palestinos), tão dolorosos, que o preço seria muito pesado para ser suportado ... Um amplo ataque à Autoridade Palestina, para aterrorizá-la e fazê-la acreditar que tudo está em colapso”.

Quando perguntado se os Estados Unidos podem se opor a isso, ele responde: "A América é algo que pode ser facilmente manipulado. Mudado para a direção certa ... Eles não vão ficar no nosso caminho ... Oitenta por cento dos norte-americanos nos apóiam. É um absurdo".

Ele então conta como lidou com o presidente Clinton, a quem ele se refere como “extremamente pró-palestino.. Eu não tinha medo de entrar em conflito com Clinton”.

Netanyahu teria usado um conselho de seu avô para fracassar as demandas da Casa Branca pela retirada do território palestino sob o acordo de Oslo. Diz ele: “Como meu avô diria, é melhor dar 2% do que 100%”.

Ele assinou o acordo de 1997 para retirar o Exército israelense de grande parte de Hebron, a última cidade palestina sob ocupação direta, como forma de evitar maiores concessões de territórios palestinos.

"O truque", diz ele, "não é continuar lá (no território ocupado) e falir, o truque é estar lá e pagar um preço mínimo."

O "truque" que paralisou a retirada israelense foi ditar que só Israel pode definir as “zonas militares de segurança” nos territórios palestinos ocupados sob o acordo de Oslo. Netanyahu exigiu por escrito tal poder, com isso podia manter a ocupação de forma justificada pelo acordo.
"Eles não queriam me dar esta carta, então não dei a eles o acordo da retirada de Hebron. Parei a reunião do governo, e disse: 'Eu não vou assinar. Apenas quando a carta chegar eu assino o acordo de Hebron’. Por que isso importa? Porque naquele momento eu realmente parei o acordo de Oslo" confessou Netanyahu.

fonte: http://www.arabesq.com.br/Principal/Pol%C3%ADtica/PoliticsArticle/tabid/79/ArticleID/2059/Default.aspx

domingo, 25 de julho de 2010

As raízes do excepcionalismo de Israel

28/6/2010, Mohamed El-Moctar El-Shinqiti
 
Um professor norte-americano disse-me, certa vez, que “muitos, no mundo islâmico, pensam que os EUA não crêem em direitos humanos. Estão errados. Os EUA crêem em direitos humanos, sim. O problema é o que os EUA entendem por ‘humano’.”

Em outras palavras, a definição de “humano” nos EUA não é a mesma que opera no resto do mundo. Essa não é característica exclusiva dos norte-americanos; cada cultura enfrenta de um determinado modo o desafio de ampliar os próprios limites culturais e universalizar suas normas morais.

Mas dentre todas as culturas e ideologias humanas, o caso israelense é único, campeão absoluto de dois pesos e duas medidas. Criminalidade travestida de nobreza moral e agressão travestida de vitimismo são dois traços sempre presentes na realidade e no discurso dos israelenses.

A personalidade de Israel

A dualidade da “ênfase insistente que Israel dá ao próprio isolamento e à ambição de ser única, sem similar no mundo; a insistência em mostrar-se ao mesmo tempo como vítima e heroína”, como Tony Judt escreveu no Haaretz há alguns anos, reflete a fragilidade e a auto-referência, o autismo autocentrado na personalidade de Israel. Não é traço, infelizmente, exclusivo da elite política israelense, mas espalha-se pelos sionistas de todo o mundo que apóiam Israel, os mesmos que, como o escritor Elie Wiesel e o filósofo Bernard-Henri Lévy, criaram para eles mesmos imagens humanísticas e estéticas.

Sou dos que se emocionaram profundamente ao ver a descrição das atrocidades cometidas durante o Holocausto e que se lêem no livro Night de Elie Wiesel. Lá se vê a experiência do autor e de seu pai de processo terrível que viola a vida e degrada a dignidade humana.

Mas incomodou-me muito o tom de autoelogio e autojustificação que se lê em Dawn, obra de ficção do mesmo Wiesel, quando escreve: “O mandamento ‘Não matarás’ foi entregue no pico de uma das montanhas aqui na Palestina, e fomos os únicos a respeitá-lo. Mas, apesar disso, nos dias, semanas, meses que virão, vocês só terão uma meta a alcançar: matar todos os que nos converteram em matadores.”

Quando o juiz sul-africano Richard Goldstone expôs os crimes que os israelenses cometeram em Gaza, Wiesel disse que teria havido “crime contra o povo judeu”. Aí está: é uso imoral de atrocidades passadas, pra inventar justificativa moral para brutalidades atuais e opressão atual.

Além do mais, podem-se propor duas perguntas. Primeira, que direito exclusivo Wiesel reivindica para si, ele que nasceu de pai romeno e mãe húngara e que de nenhum modo estaria racial ou historicamente representado no Monte Sinai, no momento da entrega dos Mandamentos, em pleno coração de um deserto no Oriente Médio? Segunda, por que regra moral ou legal os palestinos de hoje seriam responsáveis por erros de alemães de ontem?

Mitos interessados, de autojustificação

O pior dessa linguagem de hipocrisia, contudo, apareceu no artigo assinado por Bernard-Henri Lévy sobre a agressão israelense contra a Flotilha da Paz em Gaza, publicado no Haaretz dia 8/6/2010.

Lévy apresenta-se em termos autoglorificantes, como “alguém que se orgulha de ter ajudado a conceber, com outros, esse tipo de ação simbólica (um barco para o Vietnã; a marcha pela sobrevivência do Cambodia, em 1979)...”.

No que tenha a ver com o suplício de Gaza, contudo, Lévy descarta a tragédia e simplesmente nega que haja o bloqueio israelense de Gaza e os ataques a alvos sitiados, e refere-se a “o governo fascislâmico de Ismail Haniya” e “a gangue islâmica que tomou o poder pela força há três anos.”.

Assim, sem se envergonhar, faz sumir o grande esforço de um grupo multiétnico, multinacional e de várias religiões, de líderes humanistas e pacifistas que se reuniram na Flotilha da Paz.

Não bastasse, não há qualquer objetividade na crítica e o autor nada diz das gangues fascisionistas – para recolher a terminologia dele – que agressivamente invadiram terra palestina há 60 anos, arrancaram de lá a população autóctone e a cercaram em novos Auschwitz e Buchenwald – os campos de concentração de Gaza e da Cisjordânia.

De fato, para quem ponha seus desejos autocentrados e egoístas acima dos princípios da justiça e da compaixão, os seus próprios mitos interesseiros, de autojustificação, são muito melhores, aos olhos deles mesmos, que a feia verdade que aí está.

Intelectuais judeus humanistas, como o professor Tony Judt e o músico Gilad Atzmon deploram a autoindulgência e a falta de maturidade dos israelenses. Judt escreve: “Israel ainda se comporta como adolescente: consumida na autoconfiança delirante de que seria única, certa de que é única no mundo; certa de que ninguém ‘a compreende’ e de que o mundo está ‘contra ela’; plena de autoestima ferida, rápida no ofender-se e rápida no ofender o próximo (...), certa de que pode fazer o que bem entenda, que suas ações não geram consequências e de que é imortal.”

Atzmon escreve: “Lidamos aqui com nação seriamente perturbada, imatura. Lidamos com uma criança narcisicamente autoapaixonada (...). Por mais que os israelenses se amem e amem uma infância ilusional fantasmática, quanto mais firmemente acreditarem na própria inocência, mais temerão que o mundo exterior seja tão sádico quanto os próprios israelenses provaram ser. A esse tipo de comportamento chama-se ‘projeção’. Os judeus têm boas razões para viverem apavorados. Seu Estado nacional é entidade genocida.”

‘Holocaustianidade’

O que mais desaponta, contudo, não é nem o narcisismo nem a empáfia dos sionistas. O que mais desaponta é a aceitação e o apoio que recebem do Ocidente, para sua atitude –que se compreende melhor se a situamos no contexto histórico.

O principal substrato teórico para a aceitação, na cultura ocidental, do excepcionalismo de Israel é uma variante – sobretudo no ramo protestante da cristandade –, da encarnação do Deus cristão na pessoa de Jesus, para uma nova encarnação de Deus, dessa vez nos judeus como povo, o “povo escolhido”.

Essa tendência começou com Martim Lutero (1483-1546) que reduziu a cristandade, teologicamente e moralmente, ao fator judeu, na pequena epístola “De Jesus Cristo nascido Judeu”. Lutero escreveu, nessa epístola: “Quando nos sentirmos inclinados a nos orgulhar de nossa posição, relembremos que somos gentios, e só os judeus são da linhagem de Cristo. Somos estranhos, não somos parentes de sangue. Os judeus são parentes de sangue, primos e irmãos de nosso Senhor.”

Através desse Lutero – o qual, paradoxalmente, foi aplicado antisemita – inadvertidamente se abriu uma janela teológica, a qual, séculos mais tarde, permitiria que o ‘culto de Israel’, como observou Grace Halsell, escritora norte-americana, substituísse a cristandade em quase todos os ramos da religião protestante, sobretudo entre os Batistas norte-americanos. Afinal, o que fazem hoje não passa de implementação literal da deificação, operada por Lutero, dos judeus.

A professora Yvonne Haddad do Centro para o Entendimento entre Muçulmanos e Cristãos da Georgetown University chama essa heresia de “holocaustianidade”. Nessa nova heresia estão as raízes do excepcionalismo israelense.

Trivializar o Holocausto

O professor Judt escreve que “O que Israel perdeu pela ocupação continuada de terras árabes é ganho, por outro lado, mediante a íntima identificação com a memória recuperada de judeus europeus mortos.” Mas o autor sabe muito bem que a memória dos mortos é a pior justificação moral que há, se se matam inocentes: “Aos olhos do mundo que observa, o fato de que o bisavô de um soldado judeu tenha morrido em Treblinka não obriga ninguém a perdoar o soldado bisneto, se abusa de uma mulher palestina que espera para atravessar um posto de controle de Israel. Não basta dizer ‘Lembrem Auschwitz’. Essa não é resposta aceitável.”

Pois essa é, precisamente, o tipo de justificação moral que Israel oferece ao mundo, hoje.

Quando um conselheiro de Shimon Peres, presidente de Israel, tentou atacar a resposta de Helen Thomas, que dissera que os israelenses deveriam “ir embora, voltem [para] a Polônia, a Alemanha!”, a única coisa que achou para dizer foi lembrar a ela que seus parentes haviam sido mortos na Polônia e na Alemanha há mais de meio século, como se essa fosse razão suficiente para explicar que os palestinos sejam postos a morrer de fome, ou para matar ativistas humanistas pacifistas em águas internacionais, hoje. Afinal, o conselheiro do presidente de Israel apenas confirmou o que Helen Thomas havia dito: “Vocês são europeus, não são daqui.”

Assim, a memória do Holocausto, a memória de uma tragédia humana gigantesca, sem limites, está sendo trivializada pela criminalidade dos israelenses.

Peso moral

Analistas políticos e políticos já perceberam que Israel vai-se convertendo em peso e ameaça estratégicos para os EUA. De fato, sempre foi um peso estratégico. Mas o problema é muito mais profundo que isso. Israel está-se tornando também peso moral que já ninguém com consciência ética suporta carregar, inclusive judeus, claro, para os quais a dignidade humana e a justiça social sejam valores a defender.

Muitos que dedicaram a vida a promover a causa sionista começam a ver hoje o paradoxo moral que se oculta no projeto sionista. Henry Siegman, escritor alemão-norte-americano que trabalhou como diretor executivo do Congresso Americano-judeu de 1978 a 1994, escreveu no jornal Haaretz de 11/6/2010: “Um milhão e meio de civis foram forçados a viver numa prisão a céu aberto, em condições desumanas, já faz mais de três anos. Diferente do que aconteceu nos anos de Hitler, hoje não são judeus. Hoje são palestinos. Os carcereiros, inacreditavelmente, são sobreviventes do Holocausto ou descendentes deles.”

Todos os seres humanos decentes têm, hoje, de defender os palestinos oprimidos, contra o opressor israelense. Os árabes oprimidos da Palestina (muçulmanos e cristãos) prestam, com seu sofrimento, grande serviço a toda a humanidade: obrigam a ver a ideologia israelense de supremacia, a mais autocentrada ideologia que há no planeta – uma ideologia israelense de violência e terror, exibida ao mundo em manto banhado em sangue.



Mohamed El-Moctar El-Shinqiti é pesquisador-coordenador da Qatar Foundation, especialista em história política e história das religiões.

http://english.aljazeera.net/focus/2010/06/20106146372913751.html

domingo, 18 de julho de 2010

COMUNIDADE ÁRABE HOMENAGEIA O PRESIDENTE LULA

No dia 25 de março último, tive a honra de participar do jantar em homenagem ao Presidente Lula, no dia Nacional da Comunidade Árabe do Brasil. Foi um evento histórico tanto pela representação política presente como pelo sucesso da visita do Presidente, semana passada, à Palestina.


Estive representando a FEPAL- Federação Árabe Palestina do Brasil, a pedido do Presidente Alayyan, que por motivos de força maior, não pode comparecer. E como Diretor da FEARAB-SP – Federação de Entidades Árabes do Estado de São Paulo, integrei a delegação da entidade presente ao jantar, encabeçada pelo Presidente Eduardo Elias.

O evento foi organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e contou com a presença de 1000 convidados, entre eles, delegações internacionais da FEARAB-AMÉRICA vindas do Chile, Argentina, Cuba, Uruguai, etc.

Dentre as autoridades que compuseram a mesa estavam:Presidente Lula, Governador Serra, Prefeito Kassab, Ministra Dilma Rousseff e mais 5 Ministros (de origem árabe), Presidente da Câmara Deputado Michel Temer, Senador Tuma, Senador Suplicy, vários Deputados Federais, Estaduais e vereadores. Alem dos 13 embaixadores árabes credenciados no Brasil, o Presidente da FIESP Skaf e várias outras autoridades.

Tive o prazer de conhecer o embaixador da Líbia no Brasil, Dr. Salem Ezubed, que comentou sobre o Primeiro Festival Cultural Brasil-Libia. O Festival está sendo organizado pela Embaixada do Brasil na Líbia,Embaixador George Ney, com apoio da Construtora Queiróz Galvão (empresa para a qual trabalho na Líbia). O evento ocorrerá no fim de abril e inicio de maio próximos, nas cidades de Trípoli e Benghazi.

O Brasil começa a despontar com mais força como interlocutor nos assuntos internacionais e no discurso de Lula (texto anexo) fica evidente esse envolvimento na questão do Oriente Médio, em especial a questão palestina. Outro fato determinante é a diversificação das parcerias do Brasil no comércio exterior, em especial a crescente balança comercial Brasil-paises árabes nos últimos 8 anos.

O discurso de Lula foi o mais histórico e importante já realizado sobre o Oriente Médio e a questão palestina (ele improvisou, pois o discurso que estava pronto ele descartou em publico). Lula criticou duramente Israel por ter construído o muro da vergonha de 750 km e apresentou a solução do conflito como sendo um problema de todas as nações civilizadas membros da ONU, não sendo, portanto, um assunto bilateral, mas multilateral, pois foi a ONU que criou o problema e a tragédia do povo palestino.

Cabe ressaltar que o jantar transcorreu durante o Festival Sul Americano da Cultura Árabe (18 a 31 de março) com ampla divulgação na mídia, e que tem como Coordenador o Prof.Dr. Paulo Farah que estará conosco na Líbia durante o Festival Cultural. Paulo Farah é Diretor Presidente do Espaço Bibliaspa.


Emir Mourad


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Links relacionados com a matéria:

- Discurso do Presidente Lula durante a homenagem da comunidade árabe

'Nós nos sentimos árabes', diz Lula

- Centro de Cultura e Pesquisa Árabe-Sul-Americano: Espaço BIBLIASPA.

- Ministro da Cultura inaugura o Espaço BIBLIASPA

- Discurso do Ministro da Cultura na inauguração do espaço BIBLIASPA

LULA E O ORIENTE MÉDIO – ENFIM, EXISTE NO MUNDO “ALGO” CHAMADO BRASIL

Laerte Braga
20/3/2010


O que a grossa e esmagadora maioria dos jornalistas da grande mídia não enxergou nas críticas que fez, ou até nas ironias à viagem do presidente Lula a países do Oriente Médio, é que Lula não foi fazer mágica, solucionar um conflito milenar, tampouco assumir responsabilidades pela paz naquela região do mundo.

Foi deixar claro, sobretudo ao governo de Israel, que existe um país chamado Brasil, com cerca de oito milhões de quilômetros quadrados, o maior país da América Latina, que emerge como potência política e econômica na configuração da chamada nova ordem econômica mundial e entende que o povo palestino está sendo lesado em seus direitos legítimos de um Estado (reconhecido pela ONU). Por tabela, mostrar a esse mesmo estado de Israel e aos EUA, que o Irã, como qualquer país do mundo, tem direito a buscar seu desenvolvimento na forma determinada pelo seu povo.

O presidente do Irã foi eleito e reeleito pelo voto direto dos iranianos, ao contrário dos aliados árabes dos norte-americanos no Egito, na Arábia Saudita, na Jordânia, ditaduras sustentadas por Washington.

A intolerância no Irã parte dos vencidos. Só vale a democracia quando vencem.

Ao não colocar flores no túmulo do fundador do sionismo, doutrina nazi/fascista (muitos colaboraram com o regime de Hitler contra o próprio povo judeu) procedeu como o fizeram o presidente da França e outros, que não reconhecem em Israel o poder de determinar como deve ser o Oriente Médio. Ou suas políticas terroristas e expansionistas. A violência e a barbárie do sionismo montado nas armas nucleares que não querem que o Irã tenha. Mas têm.

Ao deixar a região Lula deixou também registrado, que ali está presente um país de oito milhões de quilômetros quadrados, com quase 200 milhões de habitantes, que, na avaliação dos próprios “donos do mundo” em quatro anos estará ultrapassando economias mais poderosas e em vinte anos, mantidos os rumos do atual governo, ampliadas as conquistas populares, será uma das quatro grandes potências do mundo.

Isso desagrada profundamente à grande mídia brasileira. É venal, é instrumento de ação de governos e empresas estrangeiros, com cumplicidade de nossas elites econômicas, notadamente os EUA.

O embaixador Sérgio Amaral, ex-ministro de FHC, foi a um programa de televisão para com sua linguagem untuosa, servil, dizer que o Brasil está muito aquém de poder participar de processos políticos mais intrincados de negociações, quaisquer que sejam elas, que o presidente estava apenas procurando palco. Refletiu sua característica submissa, medíocre de pau mandado.

Sérgio Amaral é um dos implicados no primeiro escândalo do governo FHC, o da concorrência para o SIVAM (SISTEMA DE VIGILÂNCIA E MONITORAMENTO DA AMAZÔNIA). A concorrência fora vencida por uma empresa francesa e subornados pelo governo e empresa dos EUA, FHC, Sérgio Amaral e o embaixador Júlio César Gomes, o projeto foi parar em mãos da concorrente americana. É o Brasil que essa gente concebe, o BRAZIL, o deles e dos EUA.

Existem gravações das conversas para a marmelada e o ato de submissão. FHC foi chantageado pelos que gravaram. Nomeou para a chefia da Polícia Federal, num acordo, nem a grande mídia conseguiu esconder quando dos fatos, o irmão do autor das gravações. Mas comprou jornais, redes de tevê e revistas com uma verba extra, para ficar no silêncio, até porque, já havia entrado nessas organizações o dinheiro dos EUA.

O mesmo procedimento crítico teve o governador José Collor Arruda Serra, aproveitando-se da discussão dos royalties do petróleo. Como tem o controle da mídia (“o PT é um partido sem mídia e o PSDB é uma mídia com partido”), deu apoio ao governador do Rio Sérgio Cabral, sabendo que a maioria dos seus deputados, os deputados federais paulistas do seu partido, não votaria, como não votou, no projeto que publicamente ele defende. De catorze deputados federais tucanos, apenas quatro votaram como Serra disse que pensa, os outros dez votaram contra o que Serra pensa. O controle é dele, se tivesse determinado os deputados votariam como ele gostaria, ou diz gostar.

Mentiroso, cínico, só de olho nas eleições. Fala uma coisa e faz outra. Não tem caráter e nem tem dignidade ou compostura. É venal e as investigações do caso Arruda mostram as ligações de Arruda Serra e o caixa dois de sua campanha com o ex-governador de Brasília, por isso a frase “vote num careca e leve dois”.

Para essa gente não importa que o Brasil seja um país livre e soberano, senhor do seu destino e segundo a vontade de seu povo. Não querem isso, são subordinados aos EUA.

À época dos fatos até a FOLHA DE SÃO PAULO, em matéria assinada por Roberto Candelori, fala da inauguração do SIVAM, conta rapidamente a história da corrupção (pode ser vista na íntegra no blog de Paulo Henrique Amorim) e ao final escreve textualmente assim – “Documentos oficiais levantados pela Folha confirmam que, para os EUA, o Sivam significou uma vitória geopolítica. Suspeita-se de que, por ser um instrumento útil ao seu programa de combate ao tráfico, o sistema venha a tornar-se extensão do Plano Colômbia. Nesse caso, a "lei do abate", que permite a derrubada de aeronaves, sugere, no mínimo, cautela”.

E essa a característica dos críticos da diplomacia brasileira.

Outro funcionário norte-americano nos quadros da diplomacia brasileira, o embaixador Júlio Cesar Gomes, segundo a mesma FOLHA DE SÃO PAULO, à época do governo FHC, produziu o seguinte fato.

“O embaixador do Brasil na Itália, Paulo Tarso Flecha de Lima, foi informado na noite da quinta-feira de que será substituído. O mais cotado para assumir seu lugar é o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, diplomata de carreira. O presidente Fernando Henrique Cardoso planeja, ainda, transferir Júlio César Gomes para o consulado de Nova York. Embaixador na FAO, organismo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, com sede em Roma, Júlio César Gomes foi assessor de FH até a divulgação de grampos telefônicos em que ele se mostrava atuante nos bastidores da concorrência do projeto Sivam. A temporada de trocas nos postos mais cobiçados no Exterior terá seqüência com a definição do embaixador na Inglaterra, em substituição a Sérgio Amaral, convocado para assumir o ministério do Desenvolvimento”.

A presença de Lula no Oriente Médio cria um fato político de suma importância para todo o processo de paz naquela parte do mundo, desloca o eixo das negociações trazendo-o de volta as Nações Unidas e assim contraria interesses norte-americanos no petróleo, no controle da região, levando-se em conta que, quando derrotados na ONU os norte-americanos agem unilateralmente, como fez Bush no Iraque, desprezando solenemente a opinião de outros governos.

Esse concerto de nações, como se costuma dizer, só vale quando diz amém, ou aleluia. Se não disser tem sempre um Sérgio Amaral subalterno e a serviço de potência estrangeira, para ir a um veiculo de comunicação – GLOBO – controlado por grupos estrangeiros e a serviço deles, dizer besteiras e vender mentiras.

O “boicote” do chanceler Von Ribentrop de Israel à presença de Lula no parlamento daquele país foi exatamente o temor da presença do Brasil, do peso do Brasil e das conseqüências que o fato gera.

A imprensa norte-americana tem dito que se o Irã fabricar artefatos nucleares a aviação de Israel ou a própria aviação dos EUA, vão lá e bombardeiam as instalações e usinas nucleares daquele país.

E quem vai explodir as de Israel e dos EUA?

É preciso remontar ao acordo de paz assinado entre Yasser Arafat e o primeiro ministro de Israel Itzak Rabin, mediado por Bil Clinton. Rabin foi assassinado por um fundamentalista judeu no dia da comemoração da paz. A paz foi por água abaixo.

Ali surge a figura do carrasco de Auschiwtz Ariel Sharon, extrema-direita, dando início a escalada da violência e da barbárie sionista contra palestinos em função dos “negócios”.

A paz não interessa aos sionistas. O próprio povo judeu ao aplaudir Lula, segundo os jornais de Israel “ovacioná-lo”, mostra o que todo mundo sabe. Quer a paz. Quem não quer são os “donos do poder”. O IV Reich. Tem sede em Tel Aviv, em Washington e em New York (Wall Street). A bandeira dessa gente traz ao meio a suástica e as torres de petróleo.

O que Lula fez foi azedar o leite do terrorismo sionista. A propósito, nem Obama agüenta mais o governo de Israel, é o que dizem jornais norte-americanos. Exagerou na estupidez e na boçalidade.

Quando da visita do presidente do Irã ao Brasil, uma ou duas semanas antes e sem ser convidado, veio aqui o presidente de Israel, Shimon Peres. Desceu em São Paulo, reuniu-se com o esquema FIESP/DASLU (controlado por sionistas) e foi visitar José Collor Arruda Serra. Só depois de conferenciar com os funcionários de potência estrangeira e empresas estrangeiras é que foi a Brasília visitar o ministro Celso Amorim e o presidente Lula. Ou seja depois de deixar as ordens aos subalternos.

E convidou Lula a visitar Israel.

Ao contrário do que disse o meloso e asqueroso embaixador Sérgio Amaral.

O ponto culminante da diplomacia desses caras foi quando o ministro das relações exteriores do Brasil, no governo FHC, Celso Láfer, retirou os sapatos, para ser revistado, no aeroporto de New York, obedecendo a ordens de agentes da imigração dos EUA, mesmo depois de ter se identificado.

É essa a diferença. O Brasil não era nada àquela época e agora é. Isso diminui o lucro desses caras, correm o risco de ficar “desempregados”. Apostam tudo na eleição de Serra para voltar a ser como dantes. De quatro e descalços.

Fonte: http://quemtemmedodolula.blogspot.com/2010/03/lula-e-o-oriente-medio-enfim-existe-no_7650.html

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