quinta-feira, 23 de setembro de 2010

REFUGIADOS PALESTINOS - BRASIL DOA 500 MIL DOLARES

Brasil doa 500 mil dolares para os deslocados do campo de refugiados Nahr el Bared

OLP - Organizacao Para a Libertacao da Palestina
Departamento de Expatriados
23/09/2010


A Embaixada do Brasil no Líbano anunciou a doação de quinhentos mil dólares do Brasil para os deslocados de Nahr al-Bared.

O anuncio aconteceu durante uma conferência de imprensa realizada no prédio da agência UNRWA, no Líbano, nas presenças do representante da OLP no Líbano, embaixador Dr. Abdullah Abdullah, do embaixador do Brasil, Paulo Roberto de Ventura, do secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, embaixador William Habib, do diretor da UNRWA no Libano, Salvador Lombardo, do Presidente da Comissão de Diálogo Palestino Libanês, Maya Majzoub e uma delegação do campo de deslocados.

Disse o embaixador do Brasil na conferência de imprensa: “Esta é a contribuição do Brasil para o alivio de Nahr al-Bared, como parte da ajuda que o Brasil oferece a UNRWA desde 1949, um parceiro desde cinqüenta anos atrás”. E reafirmou “o compromisso de ajudar o Estado libanês”, descrevendo as condições de vida no campo como" muito difícil ".
Por seu turno, o embaixador Habib disse: "Nós valorizamos muito esta contribuição do Estado do Brasil, esta contribuição  tem várias dimensões, incluindo a que o Brasil não aprovar a criação do Estado de Israel em 1948, e porque o Brasil recebeu milhares de libaneses e palestinos”.

Habib fez um chamado aos países amigos que têm o potencial para “ajudar a UNRWA em servir o povo que foi deslocado de sua terra ", desejando “ que se encontre uma solução justa para dar ao povo palestino a possibilidade de regressar à sua pátria e a sua terra ".
O embaixador Abdallah, disse: "Estamos felizes que a causa do nosso povo, tanto em sua dimensão humanitária como em suas necessidades diárias, ária e conta com o apoio dos países próximos e distantes". Ele acrescentou: "O Brasil agora abriga os palestinos, dos quais enfrentaram o risco de genocídio no ano passado, e o Brasil na sua intervenção de hoje apresenta novas evidências de que está comprometido com a vida humana e que contribui, dentro de usas possibilidades, para aliviar o sofrimento do nosso povo".

E continuou: “o problema do nosso povo no campo de refugiados de Nahr El Bared, é uma parte do problema do nosso povo que está lutando para retornar à sua terra natal”, dizendo "que o Líbano é um pais irmão, e com o qual temos laços geográficos e familiares, e que muito nos ajudou, e se Deus quiser, poderemos retribuir após o nosso retorno para a nossa pátria".

Ele ressaltou o trabalho para acabar com a tragédia do povo de Nahr al-Bared, referindo-se a criação de um fundo especial para os estudantes palestinos que vivem em solo libanês, e espero colaborar para preservar a dignidade do cidadão palestino e aliviar o seu sofrimento diário.


Maya Majzoub declarou "que essa assistência enfatiza a responsabilidade internacional para com o campo de refugiados de Nahr El Bared e também a responsabilidade do Estado libanês, que se comprometeu com a reconstrução do campo”. Ela disse: "O Comitê confirmou seu compromisso com Nahr El Bared e trabalhar para melhorar as relações Líbano - Palestina, incluindo a melhoria das condições dos campos”.


Salvador Lombardo agradeceu a audiência e disse: "Nossa presença aqui demonstra o nosso compromisso com a reconstrução de Nahr al-Bared”, e agradeceu ao Embaixador do Brasil na doação feita "porque enfatiza o provérbio árabe ‘amigo na necessidade’, especialmente a UNRWA que passa por uma crise financeira”.

Traducao de Emir Mourad

Texto original em arabe: 
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SAIBA MAIS SOBRE A QUESTAO DOS REFUGIADOS PALESTINOS:












Refugiados e retorno

Carla Folgôa *

Janus 2003


A primeira fuga massiva de palestinianos ocorreu após a divisão do território da Palestina em 1947. A expansão das fronteiras do Estado de Israel para além do previsto provocou o aumento dos movimentos de refugiados. Posteriormente, cerca de 120.000 habitantes árabes das zonas fronteiriças receberam o estatuto de refugiados, por parte das NU, na circunstância da perda das terras que lhes pertenciam e, em consequência, de meios de subsistência. A partir de 1967 ocorreram novas fugas de refugiados, resultantes de novos conflitos, reforçadas em 1982, pela invasão israelita do sul do Líbano.


A primeira fuga em massa de refugiados palestinianos coincide com a luta entre palestinianos e sionistas pelo controlo da Palestina. Em 1947, quando as Nações Unidas dividiram em dois o antigo protectorado britânico da Palestina, centenas de milhares de palestinianos fugiram para os países árabes vizinhos ou para a parte jordana da Palestina, na esperança de regressar em breve.

Em Maio de 1948, com a criação do Estado de Israel, iniciam-se os protestos árabes contra a partilha do território, que termina em guerra entre árabes e israelitas. O recém-formado Estado sai vitorioso, expandindo as suas fronteiras, cerca de 50%, além do que tinha sido inicialmente acordado, engrossando novamente as fileiras de refugiados (entre 600.000 e 780.000 árabes fugiram do território controlado por Israel). Mais 120.000 árabes, que viviam nas regiões fronteiriças foram mais tarde classificados como refugiados pelas Nações Unidas, porque tinham perdido as suas terras e sustento, embora não as suas casas.

A grande maioria dos refugiados fugiu para a Cisjordânia, Faixa de Gaza e para os países árabes vizinhos, Síria, Líbano e Egipto, tendo sido em grande parte proibidos de regressar aos seus lares por Israel.

Nas décadas seguintes à criação do Estado de Israel, centenas de milhares de outros palestinianos, foram forçados a deixar as suas casas. Em 1967, a Guerra dos Seis Dias, e a conquista pelas tropas israelitas da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, da Faixa de Gaza, assim como da Península do Sinai, no Egipto e dos Montes Golã, na Síria, criou uma nova onda de refugiados. Muitos destes eram forçados a fugir pela segunda vez. Entre eles estavam os refugiados do Sul da Síria, que partiram quando o exército israelita ocupou os montes Golã, e cerca de 150.000 refugiados registados na Cisjordânia e 38.500 da Faixa de Gaza.

Tal como em 1948, logo que os Palestinianos fugiram, o governo israelita bloqueou o regresso dos refugiados ao que se chamam hoje os “Territórios Ocupados”.

Face a esta situação, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, na Resolução n.º 242, declarou inadmissível a “aquisição de território pela guerra” e exigiu “um acordo justo para o problema dos refugiados”.

Desde 1967, outros conflitos levaram a novas fugas de refugiados palestinianos. Em 1982, com a invasão israelita do Líbano, milhares de refugiados deixaram este país. Os que permaneceram, ficaram muito vulneráveis. A sua falta de protecção foi tragicamente demonstrada com os massacres nos campos de Sabra e Chatila. Mais recentemente, em 1990, em consequência da invasão iraquiana do Koweit, estima-se que 70% a 80% dos 450.000 palestinianos que viviam no Koweit foram expulsos.

A questão crucial que se coloca desde sempre neste processo é o direito de retorno dos refugiados palestinianos à sua pátria, tal como foi concedido aos judeus – Declaração Balfour. Com a criação do Estado de Israel em 1948 e a “Lei do Retorno” concedeu-se a qualquer judeu, onde quer que se encontrasse, o direito de emigrar para Israel e de ali se estabelecer. Por outro lado, o Estado Israelita negou o direito aos palestinianos que ali viviam de retornarem aos seus lares.

O “direito de retorno” tem sido um elemento central da posição palestiniana através das negociações de paz. Este direito é expresso quer em termos do direito moral, quer em referência às resoluções das Nações Unidas. A mais importante destas resoluções é a resolução 194 (III) da Assembleia Geral, de Dezembro de 1948, que declara que os “refugiados que quisessem retornar às suas casas e viver em paz com os seus vizinhos deveriam ter o retorno garantido o mais cedo possível”.

Contudo, os sucessivos governos israelitas nunca aceitaram esta resolução, negando-se a reconhecer a sua responsabilidade moral e legal sobre a questão dos refugiados palestinianos. Para além disso, é mais ou menos unânime que nenhum governo israelita permitirá uma alteração substancial do balanço demográfico do Estado de Israel.

Passado meio século sobre a constituição do Estado israelita, este dossier continua por resolver. E entre o princípio e a sua aplicabilidade parece surgir um problema insolúvel. Porque, ainda que tomemos como base as posições mais moderadas israelitas que têm defendido que o direito de retorno deveria ser entendido como um retorno ao solo nacional – Cisjordânia e Gaza e não aos locais de origem de 1948 –, surge o problema do espaço, dada a exiguidade deste território.

Ainda assim, a criação do Estado da Palestina que aceitaria os palestinianos que desejassem voltar ao seu solo nacional, e que poderia adicionalmente conceder nacionalidade palestiniana a todos os que permanecessem na diáspora, assim como uma série de compensações (pelas propriedades perdidas em 1948 e para aqueles que optem por não regressar), reparações (como reconhecimento da injustiça histórica que criou o problema dos refugiados palestinianos) e o regresso a solo israelita de alguns palestinianos (sobretudo por motivos humanitários e de reunificação familiar), parece ser a via mais justa para a resolução da problemática dos refugiados. Mas esta perspectiva não parece ser a do partido Likud, que se encontra neste momento no poder, e que rejeita qualquer regresso dos palestinianos à região. Os refugiados palestinianos estão hoje na terceira ou quarta geração e o seu estatuto e futuro permanecem incertos.

Da população mundial de palestinianos que atinge 8 milhões de pessoas, a maioria são apátridas, e muitos dos que têm uma nacionalidade não podem exercer todos os direitos de que gozam os outros cidadãos. Sem direito de residência, cidadania ou direitos cívicos, esta população está vulnerável a todo o tipo de discriminações... até quando?


Informação complementar

Refugiado palestiniano


Segundo a definição da ONU, refugiados palestinianos são aqueles cuja residência habitual se localizava na Palestina pelo menos dois anos antes das hostilidades de 1948 (data da criação de Israel) e que, em consequência do conflito israelo-árabe, perderam as suas casas e os seus meios de subsistência. Os descendentes dos refugiados registados são também considerados refugiados. A definição não inclui os que foram deslocados em 1967, a não ser que já estivessem registados como tal.

Em 1950, o número de refugiados palestinianos era de 914.000. Hoje existem cerca de 5 milhões de refugiados, dos quais 3.8 milhões (dados de 2001) estão registados e recebem apoio da UNRWA (Organismo de Obras Públicas e Socorro aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente das Nações Unidas). Cerca de um terço, 1.2 milhões, vivem em campos de refugiados na Jordânia, Líbano, Síria, Faixa de Gaza e Cisjordânia (ver tabela intitulada “Campos de refugiados”). Os refugiados constituem cerca de 2/3 do total da população palestiniana – 8 milhões.

Testemunho de Afif Safieh


“Nasci em 1950 em Jerusalém Oriental, mas venho de uma família que vivia em Jerusalém Ocidental antes de 1948. A minha família é cristã. Em Maio de 1948 a minha família mudou-se para Jerusalém Oriental, vivendo durante três meses como refugiados numa escola. Depois viveram alguns meses no Líbano e na Síria como refugiados até retornarem a Jerusalém Oriental no fim de 1949. Jerusalém Oriental e a Cisjordânia eram então parte da Jordânia. Eu vivi em Jerusalém desde o meu nascimento até 1966. Depois de terminar o liceu em 1966, fui para a Bélgica para estudar na Universidade Católica de Louvain. Assim, quando a guerra rebentou em 1967 eu estava fora, tal como o meu irmão. Jerusalém Oriental foi ocupado durante a guerra e anexado por Israel. Após a ocupação, os israelitas realizaram um censo. Eu não fui incluído como residente porque me encontrava a estudar no estrangeiro. Deixei de existir do ponto de vista do governo israelita, assim como toda uma geração de estudantes palestinianos. Não nos foi permitido o regresso a Jerusalém porque não éramos residentes. O meu pai costumava dizer que “em 1948 perdemos o nosso país e em 1967 perdemos os nossos filhos”. Tenho vivido no exílio desde então. Em 1994, pedi a reunificação familiar. As pessoas que trataram o meu processo eram um judeu tunisino e um judeu etíope que tinham chegado recentemente a Israel. A minha família sempre viveu em Israel, no entanto, tive que pedir a reunificação familiar para poder regressar. A resposta do ministro do Interior foi não”.

*Carla Folgôa
Licenciada em Relações Internacionais pela UAL. Assessora da Direcção do Conselho Português para os Refugiados.


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Os refugiados palestinos: fatos e datos

24/05/2007

Na atualidade, os refugiados e deslocados palestinos são a maior população de desalojados no mundo. Aproximadamente um de cada três refugiados no mundo é palestino.



Quem são os refugiados palestinos?

Existem cinco grupos principais:
O grupo maior está composto por aqueles palestinos expulsos de seus lugares de origem em 1948. Este grupo inclui os refugiados que recebem assistência internacional da Agência de Socorro e Trabalho da ONU (UNRWA), ou seja, ‘refugiados registrados’; e os que não a recebem.


O segundo maior grupo de refugiados palestinos está composto por aqueles palestinos deslocados pela primeira vez de seus lugares de origem na Cisjordânia, Jerusalém oriental e na Faixa de Gaza (referidos, freqüentemente, como ‘pessoas deslocadas em 1967`).


A terceira categoria de refugiados inclui aqueles refugiados palestinos que não são os refugiados de 1948 nem de 1967 e estão fora dos territórios palestinos ocupados por Israel desde 1967, sem poder retornar devido à anulação de residência, negação à reunificação familiar, deportações, etc., ou pelo fundado medo à perseguição.


Além disso, existem dois grupos de deslocados palestinos internos. O primeiro inclui os que permaneceram na área que se tornou Estado de Israel em 1948. O segundo grupo inclui os deslocados palestinos da Cisjordânia, de Jerusalém oriental e da Faixa de Gaza.



Quantos refugiados são?

Os dados disponíveis sobre a população de refugiados e deslocados palestinos se caracterizam pela falta de qualidade e, principalmente, pela ausência de um sistema de registro compreensível, pela migração freqüente por razões econômicas e políticas, e pela falta de uma definição uniforme dos refugiados palestinos. Geralmente, a maioria deles é considerada como refugiados prima facie (ou seja, na ausência de evidência do contrário).


A UNRWA administra o único sistema de registro de refugiados palestinos. Entretanto, os dados da Agência somente incluem os refugiados deslocados em 1948 (e seus descendentes) que necessitam assistência e que se localizam nas zonas de operação da UNRWA –Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Líbano e Síria. O cálculo aproximado da população de refugiados e deslocados pode ser obtido a partir das estatísticas que possuem o Escritório do Alto Comissariado para Refugiados da ONU (UNHCR); dados do censo de países que receberam os refugiados e as projeções de crescimento da população.


Estima-se que a princípios de 2003 havia mais de 7 milhões de deslocados e refugiados palestinos. Isto inclui refugiados palestinos deslocados em 1948 registrados para assistência com UNRWA (3.97 milhões); refugiados palestinos deslocados em 1948 não registrados para a assistência (1.54 milhões); refugiados palestinos deslocados pela primeira vez em 1967 (753. 000); deslocados palestinos internos de 1948 (274.000), e deslocados palestinos internos de 1967 (150.000).



Onde vivem os refugiados?

A tendência dos refugiados palestinos foi manter-se o mais perto possível de seus lares e povos de origem baseados na crença de que regressariam ao terminar o conflito. Em 1948 cerca de 65% dos refugiados palestinos permaneciam em áreas da Palestina que não estavam sob controle israelense –isto é, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Durante a guerra de 1967, a maioria dos refugiados Palestinos se refugiou na Jordânia.


Apesar da mudança no padrão de distribuição dos refugiados palestinos nos últimos 50 anos, a maioria dos refugiados continua vivendo nos 100km de fronteiras com Israel, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, onde seus lares de origem se localizam.


Mais de 1.25 milhões de refugiados palestinos residem em 59 campos oficiais de refugiados na Cisjordânia, na Faixa de Gaza, Jordânia, Líbano, e Síria. Existe um número menor de acampamentos não oficiais de refugiados. O grande número de palestinos que permanecem nos campos de refugiados depois de mais de cinco décadas de exílio pode ser explicado devido a muitos fatores: a família e o apoio dos povos estruturados nos acampamentos; falta de recursos para alugar ou comprar hospedagem alternativa fora dos acampamentos; falta de espaço para as moradias fora dos acampamentos devido à aglomeração; obstáculos legais, políticos e sociais que obrigam os refugiados a permanecer nos acampamentos. Os campos de refugiados são um símbolo da natureza temporal do exílio e uma forma de exercer o direito ao retorno.



Como os palestinos se transformaram em refugiados?

A maioria dos palestinos tornou-se refugiada durante os conflitos armados e a guerra na Palestina. As causas da sua fuga incluem ataques indiscriminados a civis, massacres, saques, destruição das propriedades (incluindo povos inteiros), e expulsões forçadas. As forças militares israelenses adotaram políticas de “disparar para matar” ao longo das linhas de armistício para impedir o regresso dos refugiados. Em alguns casos os refugiados foram obrigados a assinar papéis nos quais se estabelecia que se deslocavam voluntariamente. Estima-se que em 1948 mais de 50% fugiu devido a assaltos militares diretos.


Em 1948, 85% dos palestinos que viviam nas áreas que foram incorporadas ao Estado de Israel se tornaram refugiados. Mais de 500 povoados palestinos foram desabitados e destruídos para impedir o regresso dos refugiados, o que compreende três quartos dos povos palestinos dentro das áreas mantidas pelas forças israelenses depois do fim da guerra. Nos distritos de Jaffa, Ramla, Beer Sheva, nenhum povoado palestino foi deixado em pie. Aproximadamente 35% da população palestina da Cisjordânia, de Jerusalém oriental e da Faixa de Gaza foi expulsa durante a guerra de 1967; 2% dos povoados foram destruídos, assim como muitos campos de refugiados.


Um número menor de palestinos se tornou refugiado devido às políticas e práticas relacionadas com o traslado de baixa intensidade. Estas incluem expulsões, deportações, revogação de direitos de residência, negação de reunificação familiar, confiscação de terras e demolições de casas. Entre 1948 e meados dos anos 50, Israel expulsou cerca de 15% da população palestina que permaneceu depois da guerra. Em 1967 havia expropriado metade da terra pertencente aos cidadãos palestinos. 



Israel deportou mais de 6.000 palestinos de 1967, ocupou a Palestina entre 1967 e a princípios dos anos 90, revogou os direitos de residência de cerca de 100.000 palestinos, demoliu 20.000 lares e assentamentos de refugiados, e confiscou milhares de quilômetros quadrados de terras.


Por que os palestinos continuam sendo refugiados depois de 50 anos?

Os refugiados palestinos continuam sendo refugiados porque não podem exercer seu direito humano básico de regressar a seus lares de origem. Israel se nega a permitir que os refugiados regressem a seus povos, aldeias e cidades dentro de Israel devido à etnia, nacionalidade e religião dos refugiados. Israel se define como um Estado judeu e não um Estado de todos seus cidadãos. Esta auto-definiçao enfatiza a necessidade de uma maioria judia; os judeus controlam recursos importantes como a terra, e o laço entre Israel e a diáspora judaica. Os cidadãos e os residentes judeus, e a diáspora judaica tem, portanto, garantidas as preferências especiais para a cidadania e possessão de terras.


As leis israelenses impedem que os refugiados palestinos regressem aos seus lares de origem. Os palestinos devem demonstrar que estavam no Estado de Israel em/ ou antes de 14 de julho de 1952, ou que são descendentes de palestinos que cumprem com esta condição. Devido ao fato de que a maioria dos refugiados palestinos foi deslocada fora do território do Estado Israel em/ou depois desta data, eles não podem provar um domicilio em sua pátria.


A prolongada duração da ocupação israelense na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em Jerusalém oriental e os procedimentos administrativos e ordens militares impedem que os refugiados regressem a estas áreas. Regulações de emergência, leis de abandono de propriedade, ordens militares e medidas administrativas afastam os refugiados de suas terras, as quais foram transferidas ao Estado de Israel e ao Fundo Nacional Judeu como propriedades inalienáveis do povo judeu.


A comunidade internacional não demonstrou suficiente vontade política para impulsionar soluciones duradouras de acordo com as leis internacionais e as resoluções relevantes da ONU. Os direitos dos refugiados estiveram ausentes no Processo de Paz no Oriente Médio, desde que este começou em Madrid em princípios dos anos 90. À diferença de outros acordos de paz, os acordos entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) estão baseados unicamente em um processo político acordado entre as partes.


As leis internacionais não fornecem um marco para a resolução do conflito nem as regulações futuras entre as partes. Não há referência explicita ao direito dos refugiados palestinos à moradia e à restituição de suas propriedades. Os acordos somente estabelecem foros nos quais as partes acordam em discutir o futuro status dos refugiados palestinos.



Texto em inglês: http://www.badil.org/Refugees/facts&figures.htm

BADIL: Centro de Recursos para os Residentes Palestinos e os Direitos dos Refugiados.



Tradução Daniela Mateus
http://www.palestinalivre.org/node/42

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Nove anos do estranho onze de setembro

É normal que a passagem dos anos traga um pouco de esquecimento a um fato. Também é regra que os humanos se esforcem para compreender os eventos "históricos", insuficientemente esclarecidos. Em resultado disso, novas evidências são trazidas à luz das zonas obscuras de conhecimento dos tais acontecimentos.


Por Manuel E. Yepe, no La República

Não foi assim com o famoso 11 de Setembro de 2001, ato terrorista que há nove anos matou em poucos minutos quase três mil pessoas nos Estados Unidos e foi motivo para que o governo daquele país declarasse uma guerra contra o terrorismo, contra um inimigo incerto, quiçá virtual, e restringisse as liberdades individuais em seu próprio território

Foi uma cruzada na qual o governo dos Estados Unidos envolveu, de uma forma ou de outra, cerca de cinqüenta países, cujos povos, em seu conjunto, sofreram milhares de baixas, a maioria delas civis, um grande número delas de menores, mulheres e idosos.

Inicialmente, a guerra estadunidense contra o terrorismo tinha como um inimigo a derrotar um misterioso líder, do qual existiram evidências quando os Estados Unidos se convenceram a ratificá-lo como culpado principal do crime. Acusava-se um estranho inimigo, escondido em cavernas do Afeganistão, e uma fantasmagórica organização militar islâmica.

Depois, sem uma explicação clara, a culpa foi deslocada na direção do governo do Iraque que, embora se sabia que não tinha vínculo algum com os supostos ataques terroristas contra Nova York e Washington, a inteligência estadunidense tinha evidências de que esse país acumulava armas de destruição em massa para empregá-las contra os Estados Unidos.

Sem muita resistência armada por parte do pequeno país rico em petróleo mas empobrecido por um bloqueio econômico decretado pelos Estados Unidos alguns anos antes, após atacá-lo militarmente, o Iraque não tinha forças para enfrentar a superpotência.

A acusação americana revelou-se falsa. As armas de destruição em massa não existiam. Mesmo assim, o presidente do Iraque foi derrubado, perseguido, aprisionado e executado pelas forças invasoras lideradas pelos Estados Unidos. Não tendo conseguido consolidar a cruel ocupação do Iraque, sem reconhecer a derrota de seu planos por tal motivo, os Estados Unidos, com a OTAN de fachada, também encetavam uma guerra.

Haviam ocupado o Afeganistão, em outubro de 2001, em perseguição a um inimigo não muito bem identificado que, supostamente, desde o interior de suas cavernas, colocou em perigo a segurança nacional da potência militar mais poderosa que a humanidade conheceu em sua existência.

A versão oficial sobre o colapso das torres gêmeas segue questionada por numerosos testemunhos de especialistas e cientistas, que alegam que se tratou de uma demolição controlada.

Ainda é questionada a ordem estrita de silêncio dada aos bombeiros de Nova York e à Administração Federal de Aviação. Coloca-se em questão o fato de que os edifícios 5 e 6 do World Trade Center (WTC) sofreram incêndios consideráveis e não caíram, apesar de possuírem vigas de aço muito mais débeis que as das torres gêmeas, quando o edifício numero sete, afetado por um incêndio relativamente pequeno, em 8 andares dos seus 40, entrou inteiramente em colapso.

Foi escandaloso que, após a tragédia, a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências tenha extraído e exportado para a Coréia do Sul as estruturas de aço dos edifícios, antes mesmo que fossem analisadas de acordo com a legislação que protege as evidências de um cenário onde tenha ocorrido um crime, até que sejam realizados os testes forenses.

Ainda hoje, ninguém entende por que não foram ativadas, durante o ataque, as baterias de foguetes e a defesa antiaérea situada nos arredores do Pentágono.

Ninguém conseguiu esclarecer a razão que levou os serviços secretos americanos a autorizar Bush para que desse prosseguimento a sua visita a uma escola primária, desleixando assim da segurança do presidente assim como dos escolares.

É inexplicável que ninguém tenha sido acusado, sancionado ou condenado por incompetência, nem sequer os construtores dos edifícios, que haviam certificado que as construções resistiriam a impactos de um avião.

Washington não conseguiu justificar nem ao menos a acusação de que o ato terrorista, de formidável complexidade tecnológica, tenha sido obra de um grupo de 19 terroristas, de escasso nível técnico e científico, membros da rede al-Qaida, dirigida pelo saudita Osama Bin Laden.

Cobra atualidade o caso de Kurt Sonnenfeld, americano refugiado na Argentina, sujeito a uma implacável perseguição pelas autoridades norte-americanas, considerado uma das peças chave na desmontagem da versão oficial dos acontecimentos de 11 de setembro de 2001.

Sonnenfeld foi um dos cinegrafistas autorizados a filmar na área reservada das torres gêmeas em Nova York, após a explosão. Ali, viu coisas que, sem dúvida, não deveria ter visto, o que o obrigou a fugir da perseguição a que foi submetido, uma circunstância que dá argumentos à possibilidade de que, mais cedo ou mais tarde, poderá vir à tona o que seria a mentira mais escandalosa que Washington orquestrou em toda a história de suas fancarias.


Fonte: La República

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=136736&id_secao=9



"11 de Setembro; um dia sem guerra"

O nono aniversário dos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos deveria ser um momento para refletir sobre a tolerância. Deveria ser um dia de paz. No entanto, o fervor antimulçumano que existe aqui, somado à contínua ocupação militar estadunidense do Iraque e à escalada da guerra no Afeganistão (e no Paquistão), tudo junto, alimenta a idéia de que, de fato, os Estados Unidos estão em guerra com o Islã.


Amy Goodman*, no Democracy Now!

O 11 de setembro de 2001 uniu o mundo contra o terrorismo. Todo o mundo, ao que parece, estava com os EUA, em solidariedade com as vítimas, com as famílias que perderam seres queridos. Esse dia será recordado pelas gerações futuras como o dia em que aconteceu o ato infame de assassinato massivo coordenado mais impactante do início do século 21. Porém, esse não foi o primeiro 11 de setembro associado ao terror:

Em 11 de setembro de 1973, no Chile, o presidente democraticamente eleito, Salvador Allende, morre no marco de um golpe militar apoiado pela CIA, que marcou o começo de um regime de terror comandado pelo ditador Augusto Pinochet e durante o qual foram assassinados milhares de chilenos.

Em 11 de setembro de 1977, na África do Sul, o líder contra o apartheid Stephen Biko foi golpeado dentro de uma picape da polícia. Morreu no dia seguinte.

No 11 de setembro de 1990, na Guatemala, a antropóloga guatemalteca Myrna Mack foi assassinada por militares que contavam com o apoio dos Estados Unidos.

De 9 a 13 de setembro de 1971, em Nova York, aconteceu um levante na prisão de Attica, durante o qual a polícia do Estado de Nova York assassinou trinta e nove prisioneiros e guardas e feriu a centenas.

O 11 de setembro de 1988, no Haiti, milícias de direita levam a cabo um ataque durante uma missa celebrada pelo padre Jean-Bertrand Aristide, na Paróquia de San Juan Bosco, de Porto Príncipe; na ocasião assassinam pelo menos 13 fiéis e ferem pelo menos a umas sessenta e sete pessoas. Mais tarde, Aristide seria eleito por duas vezes presidente e, por duas vezes, derrocado por golpes de Estado apoiados pelos Estados Unidos.

O 11 de setembro é um dia para recordar as vítimas do terror, a todas as vítimas do terror e para trabalhar pela paz, como faz o grupo "Famílias de 11 de Setembro por uma Manhã de Paz". Conformado por pessoas que perderam entes queridos no 11 de setembro de 2001, no ataque às Torres Gêmeas, sua missão poderia servir como um chamado nacional à ação.

Em sua página web escrevem: "Transformar nossa dor em ações pela paz é nosso objetivo. Ao desenvolver e advogar por opções e ações não-violentas em nossa busca por justiça, esperamos romper os ciclos de violência engendrados pela guerra e pelo terrorismo. Reconhecendo nossa experiência comum com todas aquelas pessoas atingidas pela violência em todo o planeta, trabalhamos para criar um mundo mais seguro e com mais paz para as pessoas".

O escritório de ‘Democracy Now!’ estava situado a poucas quadras das Torres Gêmeas. Estávamos transmitindo ao vivo quando estas caíram. Durante os dias seguintes, milhares de folhetos com as fotos dos desaparecidos voavam por todo lado, com os números de telefones dos familiares, para serem chamados caso alguém fosse localizado e reconhecido.

Eles me recordavam os cartazes que as Mães da Praça de Maio (Argentina) carregavam, essas mulheres de lenços brancos na cabeça que marcharam com valentia, semana após semana, segurando a foto de seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar que atingiu esse país nos anos 70.

Também recordo a constante corrente de fotos de jovens do exército, assassinados no Iraque e no Afeganistão, agora, cada vez mais frequentemente (apesar de que as notícias são menos divulgadas atualmente) as fotos daqueles que cometem suicídio após ter sido convocados por várias vezes para o combate.

Por cada vítima dos Estados Unidos ou da OTAN, literalmente, centenas de vítimas no Iraque e no Afeganistão, cujas fotos nunca serão mostradas e cujos nomes jamais chegaremos a conhecer.

Enquanto uma multidão descontrolada e furiosa tenta impedir a construção de um centro comunitário islâmico no Baixo Manhattan (em um edifício vazio, ignorado durante anos e destruído, a mais de duas quadras da zona zero), um "ministro" evangélico da Flórida está organizando para que o 11 de setembro seja o "Dia Internacional da Queima do Alcorão".

O general David Petraeus afirmou que a queima, que tem suscitado protestos em todo o planeta, "poderia colocar em perigo as tropas". E está certo. Como também põe em perigo às tropas bombardear civis inocentes e seus lares.

Da mesma forma que no Vietnã, nos anos 60, o Afeganistão tem uma decidida resistência armada local, entregue à sua causa e um profundamente corrupto grupo em Cabul, mascarado como governo central. A guerra está ensangüentando o país vizinho, Paquistão, da mesma forma em que a guerra contra o Vietnã espalhou-se para o Camboja e para Laos.

Pouco depois do 11 de setembro de 2001, enquanto milhares de pessoas estavam reunidas nos parques da cidade de Nova York e mantinham vigílias improvisadas à luz das velas, um adesivo apareceu em alguns cartazes e bancos da praça. Nele se podia ler: "Nossa dor não é um grito de guerra".

Neste 11 de setembro, essa mensagem continua sendo dolorosa e lamentavelmente oportuna.

Façamos do 11 de setembro um dia sem guerra.



* Jornalista, apresentadora de Democracy Now!, noticiário internacional diário transmitido por mais de 700 emissoras de rádio e televisão TV nos Estados Unidos e no mundo. Tradução da Agência Adital

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=136772&id_secao=9

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Os judeus do Irão vivem muito melhor do que os palestinos de Gaza

por Mike Whitney [*]


Há 25 mil judeus no Irã. É a maior população judaica no Oriente Médio fora de Israel. Os judeus iranianos não são perseguidos nem sofrem abusos do estado; de fato, estão protegidos sob a constituição iraniana. São livres para praticar sua religião e para votar nas eleições. Não são parados e revistados em checkpoints, não são brutalizados por um exército de ocupação e não estão confinados numa colônia penal densamente povoada (Gaza) onde sejam privados dos meios básicos de subsistência. Os judeus iranianos vivem dignamente e gozam dos benefícios da cidadania.

O presidente iraquiano Mahmoud Ahmadinejad é demonizado pela mídia ocidental. É chamado de anti-semita e de "novo Hitler". Mas se essas alegações fossem verdade, então porque a maioria dos judeus iraquianos votou em Ahmadinejad nas recentes eleições presidenciais? Será possível que a maior parte do que se sabe sobre Ahmadinejad seja baseado apenas em boatos e em propaganda?

Este trecho apareceu num artigo da BBC:

"O gabinete (de Ahmadinejad) fez recentemente uma doação monetária para o Hospital Judaico de Teerã. É um dos quatro únicos hospitais judaicos de caridade no mundo e foi fundado com dinheiro da diáspora judaica – coisa notável no Irã onde mesmo as organizações locais de ajuda têm dificuldade em receber fundos do estrangeiro por medo de serem acusados de agentes estrangeiros".

Quando foi que Hitler alguma vez doou dinheiro para hospitais judeus? A analogia com Hitler é uma tentativa desesperada de lavagem cerebral aos americanos. Nada nos diz sobre quem realmente é Ahmadinejad.

As mentiras sobre Ahmadinejad não são diferentes das mentiras sobre Saddam Hussein ou Hugo Chávez. Os EUA e Israel estão tentando criar uma justificação para outra guerra. É por isso que a mídia credita a Ahmadinejad coisas que ele realmente nunca disse. Ele nunca disse que quer "varrer Israel do mapa". Essa é mais uma ficção. O autor Jonathan Cook explica o que disse realmente o presidente:

"Este mito tem sido interminavelmente reciclado desde que ocorreu um erro de tradução num discurso de Ahmadinejad dois anos atrás. Especialistas em farsi atestaram que o presidente iraniano, longe de ameaçar com a destruição de Israel, estava citando um antigo discurso do Aiatolá Khomeini no qual ele reassegura aos apoiadores da Palestina que "o regime sionista em Jerusalém" iria "desaparecer das páginas do tempo".

Ele não estava ameaçando exterminar judeus ou Israel. Estava comparando a ocupação israelense da Palestina com outros sistemas ilegítimos cujo tempo havia passado, incluindo os xás que outrora governaram o Irã, o apartheid na África do Sul e o império [NR] soviético. Não obstante, a tradução errônea sobreviveu e prosperou porque Israel e seus apoiadores a exploraram para seus próprios propósitos de propaganda" ("Israel's Jewish problem in Tehran", Jonathan Cook, The Electronic Intifada)

Ahmadinejad não representa qualquer ameaça para Israel ou para os EUA. Como todos no Oriente Médio, ele quer apenas um alívio da agressão israelense e norte-americana.

Isto é da Wikipédia:

"O Departamento de Estado dos EUA tem alegado discriminação no Irã contra judeus. De acordo com seu estudo, os judeus não podem ocupar posições importantes no governo e estão proibidos de servir nos serviços judiciário e de segurança e de tornarem-se diretores de escolas públicas. O estudo diz que cidadãos judeus podem obter passaportes e viajar para fora do país, mas a eles são freqüentemente negadas as permissões de múltiplas saídas normalmente concedidas a outros cidadãos. As alegações feitas pelo Departamento de Estado norte-americano foram condenadas pelos judeus iranianos. A Associação de Judeus de Teerã diz numa declaração, "nós judeus iranianos condenamos as declarações do Departamento de Estado dos EUA sobre as minorias religiosas iranianas, anunciamos que estamos totalmente livres para executar nossos deveres religiosos e não sentimos nenhuma restrição para realizar nossos rituais religiosos".

Em quem deveríamos acreditar: nos judeus que realmente vivem no Irã ou nos encrenqueiros do Departamento de Estado norte-americano?

Há seis açougues kosher, 11 sinagogas e diversas escolas hebraicas em Teerã. Nenhum funcionário de Ahmadinejad nem de qualquer outro governo iraniano fez qualquer tentativa de fechar essas instalações. Nunca. Judeus iranianos são livres para viajar (ou mudar-se) para Israel se assim o desejarem. Não estão aprisionados por um exército de ocupação. Não estão privados de alimentos ou remédios. Seus filhos não crescem com doenças mentais originadas do trauma da violência esporádica. Suas famílias não são atingidas por barcos armados atirando enquanto circulam nas praias. Seus apoiadores não são esmagados por escavadeiras ou atingidos na cabeça por balas de borracha. Não são atingidos por gás ou espancados quando fazem demonstrações pacíficas por suas liberdades civis. Seus líderes não são caçados e assassinados premeditadamente.

Roger Cohen escreveu um ensaio bastante cuidadoso sobre este tema para o New York Times. Diz ele:

"Talvez eu seja um pouco tendencioso em relação aos fatos mais do que a palavras, mas digo que a realidade da civilidade iraniana acerca dos judeus nos diz mais sobre o Irã – seu refinamento e cultura – que toda retórica inflamada. Isso pode ser devido a eu ser judeu e ter sido freqüentemente tratado com tanta gentileza no Irã. Ou talvez eu esteja impressionado com a fúria contra Gaza, trombeteada em pôsteres e na TV iraniana, nunca se ter convertido em insultos ou violência contra judeus. Ou talvez seja porque eu esteja convencido de que a caricatura do Irã como "o Mullah Doido" e a comparação de qualquer vínculo com Munich em 1938 – uma posição popular em alguns círculos judaicos norte-americanos – seja incorreta e perigosa". ("What Iran's Jews Say", Roger Cohen, New York Times)

As coisas não são perfeitas para os judeus que vivem no Irã, mas são melhores do que para os palestinos que vivem em Gaza. Muito melhor.

18/Agosto/2010

[*] fergiewhitney@msn.com

[NR] A expressão é do Sr. Cook. A URSS nunca foi um império.

O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/whitney08182010.html. Tradução de RMP.



Este artigo encontra-se em http://resistir.info/.

sábado, 4 de setembro de 2010

La paz fracasada



por ROSA MENESES
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Isaac Rabin y Yasir Arafat se dan la mano ante la mirada de Bill Clinton, el 13 de septiembre de 1993. (Foto: AP)
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Ehud Barak y Arafat, con Bill Clinton en Camp David, en el verano del año 2000. (Foto: REUTERS)
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Mazen, Bush y Sharon, reunidos en Aqaba (junio de 2003), para intentar poner en marcha la Hoja de ruta. (Foto: AFP)
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Ehud Olmert y Abu Mazén, con George W. Bush, el 27 de noviembre de 2007, en Annapolis. Foto: REUTERS)

El proceso de paz árabe-israelí se ha reinventado a sí mismo muchas veces, siempre sustentado sobre cimientos movedizos. El camino hacia la paz que comenzó con los primeros contactos entre israelíes y palestinos en la Cumbre de Madrid de 1991 —con el acuerdo de comenzar negociaciones directas— ha fluido por un paisaje que cambiaba a cada paso. Los vericuetos de la paz esconden varios fracasos. Éstos son los más estrepitosos.

LOS ACUERDOS DE OSLO

El líder palestino, Yasir Arafat, y el entonces primer ministro israelí, Isaac Rabin, pactaron el 13 de septiembre de 1993 un acuerdo que permitía crear un autogobierno —aunque con limitaciones— para los palestinos. Así nació la Autoridad Nacional Palestina. Sin embargo, algunos problemas clave se dejaron sin solución: el control de Jerusalén, las fronteras y el retorno de los refugiados palestinos que tuvieron que huir de sus hogares cuando Israel fue establecido, en 1948. Se trata de los temas tabú en cuyo laberinto se han hundido también todas las negociaciones posteriores.

Oslo tampoco se salvó de ello. Su complicado sistema de plazos —según los cuales Israel iría transfiriendo poderes a la ANP— comenzó a verse incumplido. En 1995, el asesinato de Rabin supuso un importante revés al proceso de paz, que, pese al intento de revitalización de Wye Plantation en 1998, se reveló en un completo fracaso en los años siguientes.

CAMP DAVID

El presidente estadounidense Bill Clinton patrocinó una nueva negociación en 2000. Algunos han dicho que Arafat y el entonces primer ministro israelí Ehud Barak  estuvieron a un tiro de piedra de la paz. Sin embargo, esto no es más que un tópico. No es cierto que el líder palestino rechazara un acuerdo que le ofrecía el 90% de Cisjordania y Gaza. Lo que se estaba negociando era el 22% de Palestina, un porcentaje ridículo y difícil de presentar como una victoria ante el pueblo palestino. Por eso Arafat no firmó.

Al fiasco de Camp David habría que añadir el lastre de los imperfectos Acuerdos de Oslo. Para rematar el moribundo plan, a finales de septiembre de 2000 estalló la segunda Intifada, la revuelta palestina que culminaría con la muerte de Arafat cuatro años después. [ MÁS INFORMACIÓN ]

EL PLAN SAUDÍ

La paz quiso dar un nuevo estertor, esta vez desde el lado árabe. En 2002, Beirut acogió una cumbre de la Liga Árabe, donde se discutió un ambicioso plan de paz, presentado por el príncipe Abdulá de Arabia Saudí: los 22 países árabes ofrecían la normalización de sus relaciones con Israel —lo que implicaba reconocer al Estado oficialmente— si éste se retiraba de los territorios palestinos ocupados en 1967, cumpliendo así con las resoluciones de la ONU. Nada se decía de algunas cuestiones clave, como el retorno de los cuatro millones de refugiados, pero parecía un negocio redondo. Sin embargo, Israel rechazó de plano la propuesta. La iniciativa saudí fue relegada al olvido y sólo aparece brevemente —como un fantasma— en cada nuevo encuentro de la Liga Árabe.

LA HOJA DE RUTA

El Cuarteto (EEUU, la UE, la ONU y Rusia) elaboró en 2003 el mapa de carreteras que habría de seguir la paz. Pero pronto surgieron las direcciones prohibidas. La novedad de este proyecto es que preveía, por vez primera, la creación de un Estado palestino. Incluso se atrevía con fechas concretas, señalando 2005 como el año en que se proclamaría la ansiada nación. Sin embargo, la Hoja de Ruta contenía varias minas al borde del camino: el establecimiento de plazos poco realistas y de etapas y condiciones difíciles de cumplir. Esta vez, el fracaso estrepitoso cayó sobre la comunidad internacional. Israel aprovechó para aislar políticamente a Yasir Arafat y exigir un cambio en el liderazgo palestino, lo que acabó por dinamitar a las instituciones de la ANP, ya fuertemente denostadas por la corrupción y la falta de medios. [ MÁS INFORMACIÓN ]

LA CONFERENCIA DE ANNAPOLIS

Después de casi ocho años sin querer oír ni hablar del proceso de paz en Oriente Próximo, el presidente estadounidense, George W. Bush, decidió remangarse y auspiciar una reunión palestino-israelí en noviembre de 2007. Sin embargo, Annapolis no produjo ningún resultado real. Las expectativas eran mínimas y las partes se conformaron con pensar que el mero hecho de que se celebrara un encuentro ya era un éxito per se.

La situación sobre el terreno se había deteriorado tanto que ya ni siquiera admitía milagros. Los palestinos estaban divididos entre los partidarios del partido oficialista Al Fatah —replegados en Cisjordania— y los leales al islamismo de Hamas —dueños y señores de la Franja de Gaza—. Con esta fractura en la dirección palestina se hace imposible en la práctica la aplicación de cualquier acuerdo. Así las cosas, el presidente de la Autoridad Nacional Palestina, Abú Mazen,  y el primer ministro israelí, Ehud Olmert, apenas alcanzaron a firmar una declaración conjunta en la que se comprometían a lograr un tratado de paz definitivo. La fecha límite: el 31 de diciembre de 2008. Seis meses después de Annapolis, esa paz definitiva está aún muy lejos para palestinos e israelíes. [ MÁS INFORMACIÓN ]


http://www.elmundo.es/especiales/internacional/oriente_proximo/proceso_paz/index.html

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

'Un Estado palestino con Jerusalén Este como capital es posible en un año'

Entrevista al jefe negociador palestino, Saeb Erekat

El Mundo - 31/08/2010

Saeb Erekat, jefe negociador palestino. | Ap Saeb Erekat, jefe negociador palestino. | Ap

"Yo no tengo 5.000 tanques o 3.000 aviones como Israel pero Netanyahu debe saber que mi pluma nunca va a firmar menos de lo que la legalidad internacional le da a mi pueblo."


"Espero por el bien del proceso de negociación que se decida por la paz y no por las colonias. Ambos no son compatibles", afirma en esta entrevista a ELMUNDO.ES antes de subirse al avión que le lleve a la enésima cumbre israelopalestina. Si tenemos en cuenta los discursos previos de ambas partes, Obama necesitará algo más que el diploma del Premio Nobel de la Paz para llegar a un acuerdo definitivo en un año.

Shamir, Rabin, Peres, Netanyahu, Barak, Sharon y Olmert así como Clinton y Bush (padre e hijo) han tenido que vérselas con este experimentado y hábil político de Jérico. Erekat -un habitual en las televisiones internacionales- estará al lado de su presidente Abu Mazen en la mesa que Obama prepara con tanto ahínco, sonrisas y seguramente exigencias.


¿Qué espera de la reanudación del diálogo directo con Israel?

Un acuerdo que garantice paz y seguridad para todos, la creación de un Estado palestino libre y soberano, con Jerusalén Oriental como capital y reconocer el derecho de los refugiados. Todo ello está basado en un concepto clave: libertad. Si bien en España conocen bastante bien su significado, en mi país la mayoría de los niños ni siquiera conocen el mar. Creemos que una solución es posible.

Seguro que me lo negará pero ustedes han dudado muchos meses en aceptar negociar con Israel, incluso tras la recomendación de la Liga Árabe y el propio Obama. ¿Por qué se han resistido tanto?

Nunca hemos estado en contra de negociar. Somos la parte más interesada en hacerlo ya que estamos bajo ocupación y queremos recuperar nuestra libertad. Lo que no queríamos es iniciar negociaciones sin agenda ni términos de referencia, establecidos desde la Conferencia de Madrid. Creemos que los términos están incluidos en la invitación del Cuarteto.

Lo que no puede negar es la enorme presión de Obama para que ustedes dialoguen con Netanyahu.

Las negociaciones no son un fin sino un medio. Lo que buscamos es la libertad del pueblo palestino. Llamo abiertamente a todos los que han ejercido presión para que se reanuden las negociaciones a que tengan el mismo entusiasmo en exigir que Israel termine su ilegal ocupación.

Muchos dirigentes palestinos, incluso de Al Fatah, se muestran muy descontentos porque las conversaciones se inician sin un compromiso previo sobre las colonias o un formato detallado sobre la solución. ¿Qué opina?

Aquí nadie ha puesto condiciones previas salvo Israel. Nosotros sólo hemos pedido que se respeten los términos de referencia del proceso de paz. Condición previa es que el Gobierno israelí exija un Estado palestino desmilitarizado o que reconozcamos a Israel como Estado judío. Creo que su pregunta no es acertada. Las conversaciones parten, según la invitación del Cuarteto, en definir una solución de dos Estados que termine con la ocupación iniciada en el 67 lo que incluye Jerusalén Oriental, además de tocar todos los temas de estatuto final.

Usted ha advertido que abandonarán el dialogo si Netanyahu no prorroga la congelación parcial de la construcción en los asentamientos de Cisjordania que finaliza el 26 de septiembre.

Nunca hemos tenido una congelación completa sino una llamada moratoria que sobre el terreno ha permitido a Israel continuar la ilegal colonización, particularmente en Jerusalén Oriental ocupada. El congelamiento debe ser total. Así lo pide la comunidad internacional.

¿Cree realmente que en un año es posible un Estado palestino basado en las fronteras del 67? Si no lo consiguen a través de un acuerdo, ¿declararían el Estado de forma unilateral?

Si. Un Estado palestino libre y soberano con su capital en Jerusalén Este es posible en un año. Ya hemos negociado mucho tiempo y todos sabemos cuál es la solución pero lo que necesitamos hoy son decisiones. Respecto a la declaración unilateral, ya lo hicimos el 15 de Noviembre del 88 con el reconocimiento de casi 100 países. Es un deber moral para lo que han sido los últimos 63 años para el pueblo palestino.

Los israelíes dicen que Abu Mazen no respondió a una oferta del anterior primer ministro Ehud Olmert que incluía la división de Jerusalén y una retirada de Cisjordania con intercambio de territorios. ¿Cómo va a aceptar una oferta de Netanyahu que será mucho menos importante?

Olmert nunca entregó un mapa o un documento con la oferta. Todo fue verbal. Los que pusimos un mapa sobre la mesa fuimos nosotros. Teníamos una invitación de Estados Unidos para ir a Washington con las dos ofertas, la que dimos y la que en teoría tendría Olmert, el 3 Enero de 2008 pero el Gobierno israelí decidió la operación militar en Gaza. Yo no tengo 5.000 tanques o 3.000 aviones como Israel pero Netanyahu debe saber que mi pluma nunca va a firmar menos de lo que la legalidad internacional le da a mi pueblo.

Entre Ramala y Jerusalén, apenas hay 15 minutos en coche. ¿Por qué ustedes y los israelíes deben viajar hasta Washington para hablar?

Si bien es cierto que hay 18 kilómetros entre Ramalah y Jerusalén, hoy en día uno puede demorarse más de una hora debido al checkpoint de Qalandia. Independientemente de cómo se ha logrado el retorno a la mesa de las negociaciones, somos serios y creemos en la voluntad del presidente Obama en resolver nuestra situación. Debe dar propuestas-puente cuando sea necesario.



"ANÁPOLIS II": JANTARES, CONVERSAS, FOTOS E TALVEZ O QUE MAIS?

Por Emir Mourad

"Todos os assuntos a negociar estão nas mãos de Israel: a terra, os refugiados, Jerusalém e a colonização. A parte palestina não pode oferecer aos israelenses nada mais que a paz." Abadallah Hurani, eminente politico palestino.


Em Novembro de 2007, escrevi o texto abaixo no boletim da FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil, uns dias antes da Reunião de Anápolis nos EUA para a retomada das negociações entre palestinos e israelenses.

Onde se lê “Anápolis” favor substituir por "Anápolis II". Após três anos, o quadro volta a se repetir e em linhas gerais a correlação de forças a nível estratégico entre as partes não mudou muito de lá pra cá. Portanto, não receio escrever que o que poderia resultar de mais positivo  dessa "Anápolis II", que ora teve inicio em Washington, seria:

    -                   - Israel ser acusada de causar o fracasso das negociações.


        -  Os EUA chegarem à conclusão que para prosseguir as negociações teriam que exercer pressões que nunca exerceram antes contra Israel.


        - Os EUA também concluírem que se as negociações não estiverem baseadas na legitimidade internacional e nas resoluções da ONU, a sua responsabilidade e o preço a pagar pelas futuras guerras na região do Oriente Médio será diretamente proporcional a soma de todos os conflitos armados que os Estados Unidos já participaram ao longo de sua historia.


Os mais pessimistas diriam que estou sendo muito otimista e os mais otimistas poderiam dizer que devo ser mais otimista. Acho que fico por aqui no meu otimismo nem tanto assim exagerado.

A luta continua!

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A REUNIÃO DE ANAPOLIS

por Emir Mourad

Boletim  Fepal - Nº 31 - novembro 2007

Sempre defendemos uma Conferencia Internacional de Paz sob os auspícios da ONU, mas entendemos que para a  reunião de Anápolis, que tem como pauta a questão palestina, não nos restam duvidas de a OLP e a Autoridade Nacional Palestina estarem presentes, pois nenhuma liderança palestina responsável poderia se furtar de combater na batalha onde o assunto principal é a própria causa palestina.

Destacamos a importante participação do Brasil em Anápolis, construindo sua posição de liderança e afirmando o papel que pode desempenhar nas grandes e importantes questões internacionais.

Existem várias análises e posicionamentos na imprensa e na arena política nacional e internacional acerca dos resultados efetivos que podem resultar da reunião de Anápolis.

Não sabemos os resultados que virão, mas sabemos os motivos pelos quais o processo de paz e suas diversas etapas, desde 1990 até o presente momento, não deram nenhum resultado: o não reconhecimento explicito, por parte de Israel e Estados Unidos, dos direitos nacionais inalienáveis do povo palestino ao retorno e autodeterminação, direitos consagrados por inúmeras resoluções da ONU.

Para os palestinos será mais uma batalha para reafirmar as três linhas vermelhas que significam uma paz justa e duradoura: retorno dos refugiados (Resolução 194 da ONU), Estado Palestino soberano e independente nas fronteiras de 67 e Jerusalém Capital.

O Presidente Arafat, na cúpula de Camp David em 2002, recusou ceder quanto às três linhas vermelhas e morreu mártir, cercado e bombardeado pelo exército de ocupação israelense. Todas as concessões já foram feitas pelos palestinos e esperamos que os Estados Unidos e os países representados em Anápolis pressionem Israel a cumprir seu papel de responsável histórico pela tragédia do povo palestino.

Se em Anápolis houver algum tipo de entendimento para que o prosseguimento das negociações tenha como base principal os direitos nacionais do povo palestino, então poderemos dizer que houve um avanço.

Se a “montanha de Anápolis” parir um rato, o governo Bush e o governo Israelense serão responsabilizados pelo fracasso e a região poderá responder com mais intifadas até que uma próxima “Anápolis” se realize, até que a bandeira palestina tremule em Jerusalém livre.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Em memória a Naji El Ali


 Naji foi assassinado em Londres em 29/08/1987, tentaram calar sua voz, quebrar sua pena.

 Naji vive na imortalidade de sua obra, nas suas caricaturas cortantes, tudo "preto no branco" como é a realidade palestina, a luta do seu povo, a grande Nakba (tragédia) palestina.

 Naji vive em todos os cantos, em cada desenho seu, em cada voz que grita a liberdade.

 Naji está presente aonde nenhuma bala chega, onde nenhuma flecha fura, onde nenhuma faca corta: na alma do seu povo, na alma da humanidade.

 Naji, palestino, caricaturista, imortal!




















































































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