quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Federação Palestina entrega carta ao Governador Tarso pedindo o cancelamento do acordo com empresa israelense



NO DIA DE ONTEM, 12 DE AGOSTO,  O GOVERNADOR TARSO GENRO RECEBEU EM AUDIÊNCIA O PRESIDENTE DA FEPAL-FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL, ELAYYAN ALADDIN E DIRETORES DA FEDERAÇÃO, PARA TRATAR DO ACORDO DO GOVERNO DO RGS COM A EMPRESA ISRAELENSE DE ARMAMENTOS SEDIADA NO ESTADO. ELAYYAN PEDIU AO GOVERNADOR O CANCELAMENTO DO ACORDO E ENTREGOU UMA CARTA (VER ABAIXO) PARA FORMALIZAR A POSIÇÃO DA FEDERAÇÃO E DA COMUNIDADE PALESTINA NO BRASIL.

Governador Tarso Genro, Embaixador da Palestina e FEPAL

NESSE MESMO DIA, EM OUTRA OCASIÃO, O EMBAIXADOR DA PALESTINA DO BRASIL, IBRAHIM ALZEBEN, JUNTAMENTE COM UMA DELEGAÇÃO DA COMUNIDADE PALESTINA DO BRASIL, LIDERADA PELO PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO PALESTINA, ELAYYAN ALADDIN, TIVERAM UM ENCONTRO COM O GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO SUL, TARSO GENRO, E RESOLVERAM, DE FORMA COORDENADA, LANÇAR UMA CAMPANHA NACIONAL DE AJUDA HUMANITÁRIA A GAZA NO PRÓXIMO DIA 20 DE AGOSTO.

Governador Tarso recebe embaixador da Palestina e FEPAL


NOTA DA SECRETARIA GERAL DA FEPAL - DEPARTAMENTO DE DIVULGAÇÃO - 13/08/14

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Porto Alegre, 12 de Agosto 2014.

Ao Gabinete do Governador  

Exmo. Sr. Dr. Tarso Genro
Governador do Estado do Rio Grande do Sul

Exmo. Sr. Governador,

Ao cumprimenta-lo cordialmente, encaminhamos este documento para destacar a nossa gratidão pelo compromisso deste governo com os Direitos Humanos, em especial com  os direitos nacionais do povo palestino, em conformidade com as resoluções da ONU e o Direito Internacional.

Ainda, em 2012 o Governo do Estado foi fundamental para realização do Fórum Social Mundial – Palestina Livre. Nós da comunidade Palestina, temos orgulho de poder carregar a Bandeira Brasileira e Gaúcha e fazermos parte da história da construção do nosso Estado, estamos orgulhosos da projeção internacional para qual o nosso País é projetado, nos avanços da economia sustentável preservando a diversidade cultural, e com os posicionamentos do governo federal, que pôs o nosso país a frente da defesa do Estado Palestino, sendo o primeiro país da América Latina a reconhecer o Estado da Palestina em 2010 e 2012.

Entretanto, nos manifestamos neste momento sobre o Memorando de Entendimento com a Empresa AEL Sistemas, pois vai na contramão desse projeto político e de Estado, que funda as relações internacionais na prevalência dos direitos humanos, na defesa da paz e nas resoluções pacificas dos conflitos. Relações militares com Israel inevitavelmente sustentam e legitimam as agressões militares e crimes de guerra deste Governo.

Solicitamos, portanto que avaliem a possibilidade de cancelamento do Memorando de Entendimento com a empresa AEL Sistemas, (subsidiaria da empresa militar israelense Elbit Systems), assinado por Vossa Excelência em nome do governo do Estado, em abril de 2013 nos escritórios da Elbit Systems em Haifa.

Antes da assinatura, a sociedade civil palestina e o então primeiro ministro da Autoridade Nacional Palestina, Sr. Salam Fayyad, destacaram que o contrato com a Elbit viola as obrigações do Brasil de acordo com a lei internacional e com a promoção dos direitos humanos, contradiz os compromissos do Partido dos Trabalhadores e do seu governo e prejudica o caminho para uma paz justa na Palestina.

Elbit Systems é cúmplice das graves violações israelenses ao direito internacional. A Elbit fornece seus drones para assassinatos extrajudiciais e para as agressões militares ilegais israelenses e confirma publicamente que testou sua tecnologia durante o atual ataque a Gaza. Elbit também fornece tecnologia para os tanques, o Muro e as colônias ilegais israelenses.

Por isso que o Relator especial da ONU sobre os direitos humanos nos territórios ocupados palestinos, Richard Falk, chamou a Nações Unidas ao boicote da empresa. Uma dezena dos maiores fundos públicos e privados de investimento na Europa já excluíram a empresa de seus fundos.

Durante o último ano e nessas semanas passadas, vários governos, incluindo a União Europeia, países membros da UE e o Chile, tomaram medidas restritivas a respeito das relações diplomáticas, militares e econômicas com Israel.

Insistimos que o desenvolvimento sustentável deva ser construído numa política em que integra fatores econômicos e respeito aos direitos humanos. O Pacto Global das Nações Unidas, e as diretrizes pelas multinacionais da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e os princípios orientadores sobre empresas e direitos humanos das Nações Unidas confirmam isso.

Ultimamente empresas como a Starbucks confirmaram não mais financiar Israel, Garnier Internacional se distanciou do exército israelense e McDonalds anunciou não vender mais para as colônias israelenses ilegais implantadas nos territórios palestinos ocupados.

A comunidade palestina no Brasil, e mais de 30 mil integrantes no Rio Grande do Sul, tem desde sempre participado ativamente no desenvolvimento do estado e do país. Queremos mais avanços e sabemos que nossas universidades e empresas já alcançam importantes êxitos com diversos parceiros internacionais: a Universidade Federal de Santa Maria acabou de lançar o primeiro nano-satélite do Brasil - sem a participação da AEL Sistemas/Elbit Systems. Não precisamos de parcerias com empresas envolvidas em crimes de guerra israelenses e internacionalmente boicotadas. Não queremos que a través de convênios do nosso governo se transfira tecnologia a essas empresas.

Confiamos no bom senso político e na liderança de Vossa Excelência na preservação dos interesses supremos e transparentes deste Estado e desta nação, para que possamos continuar juntos defendendo os direitos humanos e um desenvolvimento econômico sustentável no Rio Grande do Sul.


Elayyan Taher Aladdin

Presidente da FEPAL- Federação Árabe Palestina do Brasil 


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LEIA TAMBÉM:

11 de agosto






07 de agosto:




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FEPAL-Federação Palestina: Carta aberta ao povo brasileiro






















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sábado, 9 de agosto de 2014

Wikileaks revela estratégias de Israel para estrangular Gaza

Wikileaks: Israel trabalha para estrangular Gaza, mostram telegramas. Arquivos fazem parte de uma série de documentos vazados pelo site dirigido por Julian Assange sobre o conflito entre Israel e Palestina.

Wikileaks revela plano macabro de Israel para destruir Gaza


“Autoridades israelenses confirmaram diversas vezes aos funcionários da Embaixada (dos EUA) que a intenção do governo de Israel é manter a economia de Gaza funcionando em nível precário, pouco acima de uma crise humanitária”. Este é o primeiro parágrafo de um telegrama enviado pelaEmbaixada dos EUA em Tel Aviv para Washington em 3 de novembro de 2008, vazado pelo site Wikileaks nesta segunda-feira, 4 de agosto.

O telegrama faz parte de uma série de documentos vazados pelo site dirigido pelo australiano Julian Assange sobre o conflito entre Israel e Palestina. Dentre os assuntos abordados na correspondência da Embaixada em Tel Aviv estão a criação do Hamas, o uso de palestinos como escudos humanos pelas Forças de Defesa israelenses, o ataque deliberado a alvos civis em Gaza, o bombardeio de hospitais e o corte de suprimento de remédios aos habitantes de Gaza.

De acordo com o documento, o Conselho de Segurança Nacional de Israel controla a quantidade de dinheiro a ser liberada mensalmente para a Autoridade Palestina. O governo da Autoridade Palestina requisitava cerca de US$ 30 milhões ao mês no ano de 2009 como piso básico de transferência, de modo a garantir os serviços básicos para a população palestina – 4 milhões de pessoas. A ideia era a de manter serviços essenciais, mas sem o estabelecimento de comércio e negócios em Gaza.

Autoridade Palestina x Hamas


No telegrama, a embaixada sugere ao governo do EUA o encorajamento das relações entre Israel e a Autoridade Palestina. Para os diplomatas, uma economia e um sistema bancário frágeis seriam adequados aos radicais do Hamas. No entanto, o governo israelense prefere repassar menos dinheiro aos palestinos de modo que o Hamas não tenha acesso à moeda israelense e que a população de Gaza não tenha benefícios econômicos, mesmo ao custo do fortalecimento do Hamas.

Em outro telegrama, datado de 23 de setembro de 1988, um diplomata americano fala sobre a visão política dos habitantes da Cisjordânia: “Muitos habitantes da Cisjordânia acreditam que Israel apoiou nos bastidores a criação do Hamas, ainda na década de 1980. O objetivo era dividir politicamente os palestinos. Philip Wilcox, responsável pelo consulado em Jerusalém, afirmava: “Não há apoio concreto, mas Israel faz vista grossa às atividades do Hamas”.

A estratégia israelense, segundo os documentos, era enfraquecer os partidos palestinos seculares, mostra um telegrama de 29 desetembro de 1989. Com a ascensão do Hamas, mais radical e de orientação sunita, haveria menos espaço para entidades como a Organização para a Libertação da Palestina, órgão liderado por Yasser Arafat no passado, e atualmente do Fatah e da Autoridade Palestina. Sem a atuação de partidos moderados, Israel não precisaria negociar com os palestinos.

Suprimento alimentar


Além da força militar, o bloqueio israelense a Gaza limita o acesso a gêneros alimentícios, combustíveis e remédios ao território palestino. Com isso, a infraestrutura local opera no limite, informa um telegrama enviadoem 18 de setembro de 2009. A falta de remédios compromete o setor de saúde em Gaza e a estrutura elétrica e de saneamento no fim de 2009 regrediu ao mesmo nível no qual estava em 2008.

Para se ter ideia, o suprimento alimentar na região em agosto de 2009 era de 2.600 caminhões. Isso representava 20% do total de alimentos que entravam em Gaza em junho de 2007. O ingresso de combustível era capaz de prover apenas dois terços da usina elétrica local. Para iluminar Gaza, os palestinos usavam petróleo egípcio, trazido através dos túneis na fronteira com custo de US$ 0,60 por litro. Já o petróleo israelense custa US$ 1,80 por litro.

O abastecimento de água e o saneamento também eram precários: cerca de 10 mil habitantes de Gaza não tem acesso à agua. Outros 60% da população não têm acesso diário, com fornecimento intermitente. Apenas 10% dos 1,8 milhões de habitantes em Gaza tem água de acordo com os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde. Quando não são atacados militarmente, os palestinos estão sem água, sem luz e com fome: são economicamente estrangulados por Israel.

Instalações da ONU e alvos civis


Já um outro telegrama confidencial, despachado em 7 de maiode 2009, fala sobre uma carta enviada por Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, confirmando ataques das forças israelenses às instalações da ONU em Gaza. “Sete dos nove ataques contra nossas instalações em Gaza foram feitas pelo Exército de Israel, violando as instalações da ONU. As forças de Israel não tiveram precaução de proteger a ONU, nem os civis refugiados nesses locais”. Esses ataques custaram US$ 11 milhões aos cofres das Nações Unidas.

Israel, conforme mostra um documento secreto de 30 de julhode 2009, usou palestinos como escudos humanos. A prática ocorreu na Operação Chumbo Fundido, uma ofensiva contra Gaza entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Além disso, o Exército israelense usou bombas de fósforo branco contra uma população civil. Essas atitudes culminaram com a criação de uma entidade chamada “Quebrando o silêncio”.

Por meio dessa entidade, foram coletados os testemunhos anônimos de 26 soldados envolvidos na Operação Chumbo Fundido. Os depoimentos confirmaram o uso desproporcional de força militar, causando mortes e prejuízos econômicos desnecessários para a população de Gaza. Outros documentos mostram como esse incidente não foi um fato isolado.

Ataque como política deliberada


Uma comunicação de 15 de outubro de 2008 mostra como o ataque a áreas civis era uma política deliberada de Israel. O documento faz referência à Doutrina Dahiya – assim batizada pelo general Gadi Eizenkot por conta do bairro de Beirute bombardeado durante a segunda guerra do Líbano em 2006. Na ocasião, Israel atacou a capital libanesa, destruindo a infraestrutura urbana e causando problemas para a população civil.

Nas palavras de Eizenkot, “Israel vai usar força militar desproporcional contra qualquer vila que ataque forças israelenses, causando grande destruição”. O general foi específico: não é apenas recomendação, mas um plano aprovado pelo governo de Tel Aviv – na perspectiva de Israel, não são apenas povoados, mas bases militares dos palestinos”. Para Eizenkot, a segunda guerra do Líbano se estendeu demais: “um outro conflito deverá ser resolvido de forma rápida e com vigor”.

Charles Nisz, Opera Mundi

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Matérias relacionasas com Gaza e  publicadas em 2012:







Empresa denunciada por cartel no Metrô/SP financia Israel

Maren Mantovani faz denúncia contra Alstom
Diante dos bombardeios incessantes de Israel sobre a Faixa de Gaza, expulsando o povo palestino de forma brutal, atingindo principalmente os civis, a Federação Nacional dos Metroviários - FENAMETRO resgatou a entrevista realizada entre os dias 02 e 03 de novembro de 2013, durante a reunião dos diretores da federação com a diretora de Relações Internacionais da Campanha Palestina contra o Muro do Apartheid, Maren Mantovani.

Maren falou das ofensivas da multinacional francesa Alstom contra os metroviários e a população palestina. Em sua apresentação Maren destacou o papel exercido pela Alstom como cúmplice no processo de colonização, ocupação e apartheide israelense contra o povo palestino através de seus contratos ilegais na construção e exploração de uma linha de metrô em Jerusalém.

“A Alstom lucra com a privatização dos transportes públicos, a corrupção e a exploração de trabalhadores em todo o mundo”, denunciou Maren. “O povo palestino, a classe trabalhadora e os povos oprimidos têm uma causa comum contra o interesse social, o colonialismo e o imperialismo” observou a dirigente.

Segundo dados apresentados por Maren as francesas Alstom e Veolia são os maiores investidores internacionais no consórcio Citypass, que ganhou em 2002 o direito concedido pelas autoridades ocupantes israelenses à viabilização e construção de uma linha de transporte metroviário em Jerusalém, no valor de cerca de 500 milhões de euros.

O projeto, uma parceria público-privada (PPP) entre o governo de ocupação israelense e o consórcio, depende da vontade das multinacionais para fornecer uma enorme injeção de capital ao Estado. “Por sua vez a Alstom e a Veolia colheram lucros significativos ao longo de um período de trinta anos - dinheiro manchado com o sangue e o sofrimento dos palestinos sob ocupação”, disse.

A empresa Alston cumpre um papel fundamental na tentativa de Israel de fazer a sua anexação ilegal de Jerusalém Oriental palestina de forma abusiva e massacrante. “Além do processo de privatização do transporte local, o que torna a luta comum dos trabalhadores palestinos e brasileiros contra a multinacional, que também enfrentam com precarização do sistema e as relações de trabalho”.

Por isso, a luta contra o Muro do Apartheid está intrinsecamente centrada “contra a colonização e a construção de guetos através de muros, militarização, urbanizações, estradas e infraestruturas exclusivas para judeus destinados à extinção do patrimônio e o futuro do povo e contra a limpeza étnica de Jerusalém e a atual expulsão do povo palestino de suas casas”.


Israel destrói a vida dos palestinos

Maren destacou que desde a sua criação, em 1948, Israel vem expulsando palestinos de forma contínua de suas casas e terras. A parte oriental de Jerusalém, ocupada em 1967, está hoje sob severo ataque de limpeza étnica. Casas palestinas são destruídas, os palestinos que vivem a gerações na cidade têm o seu direito de viver cerceado isso quando não são brutalmente expulsos de suas casas.

Além disso, ressaltou que o Muro do Apartheid isola completamente a cidade do resto do território palestino ocupado. “No lugar da população palestina, Israel implanta assentamentos ilegais só para os judeus e constrói a infraestrutura do apartheid - entre eles, o metrô, que será construído ilegalmente para servir a esses assentamentos”, denunciou Maren.

Como resultado da campanha global para derrotar a Alstom e a Veolia, instituições financeiras em toda a Europa já venderam suas ações nas duas empresas e as autoridades públicas no Reino Unido França, Suécia, Austrália, EUA têm excluído essas empresas de licitações em contratos públicos. Trabalhadores dos transportes na Irlanda recusaram-se treinar o pessoal para a construção do metrô de apartheid.

“É preciso unidade dos metroviários para derrotar os interesses corporativistas da Alstom”, destacou Maren Mantovani.

Alstom e o processo de corrupção no Brasil

Ao contrário do Brasil, onde o próprio presidente do Metrô de São Paulo, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, assume a existência de cartel (acordo ilegal, firmado entre empresas para evitar a concorrência e elevar preços de produtos e serviços) envolvendo a multinacional Alstom, nenhum contrato foi encerrado e muito menos a empresa francesa deixou de participar das licitações do governo.

Sempre é importante relembrar que em maio deste ano, a Siemens denunciou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em troca de punições menos rígidas que a empresa teria pago propinas a autoridades dos governos do PSDB de São Paulo, formando um cartel com outras empresas, como Alstom, Bombardier, CAF e Mitsui. Segundo o esquema denunciado as fraudes ocorreram no processo de licitação pública para venda e manutenção de metrôs e trens metropolitanos nos governos Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, entre os anos de 1990 e 2000.

Além disso, as multinacionais combinavam entre si quem seria os vencedores das concorrências públicas para forçar os preços e garantir o superfaturamento – o esquema foi apontado nos metrôs de São Paulo e Brasília. O processo vem sendo investigado pelo Cade, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual de São Paulo e Polícia Federal, no entanto, até agora ninguém foi punido.

Juliana Silva

Redação - Fenametro

Acordo entre governo do RS e empresa de armas israelense pode ser cancelado

07 de agosto de 2014

 Jornalismo B - Alexandre Haubrich

O acordo entre o governo do estado do Rio Grande do Sul e a AEL, subsidiária da israelense Elbit, tem boas chances de ser cancelado, de acordo com fontes de dentro do governo consultadas pelo Jornalismo B.

A Elbit Systems é uma das principais empresas de armas de Israel, e foi a responsável pela construção do muro na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel. Prejudicado pela perda de um edital no valor de R$ 2,4 bilhões da Finep, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e pela pressão social após os ataques israelenses à Faixa de Gaza, o acordo poderá ser enterrado nas próximas semanas.

Governo pode cancelar acordo com empresa de armas israelense


Segundo as fontes consultadas pelo Jornalismo B, o acordo entre o governo gaúcho e a AEL havia nascido de um objetivo concreto, a disputa do edital da Finep chamado “Inova Aerodefesa”. Como não houve a conquista do edital, cujo resultado saiu ainda no ano passado – sem grande divulgação para não atrapalhar um possível avanço do acordo – o que sobra é a questão política. Com a atual ofensiva israelense em Gaza, a pressão de lado a lado aumentou.

O acordo dava conta da construção de um polo de pesquisas aeroespacial, em uma parceria que incluía também universidades gaúchas. O programa aeroespacial gaúcho tem outros projetos, inclusive com a Universidade Federal de Santa Maria, o que não tornaria necessário insistir em um acordo que pode ser prejudicial politicamente e trazer pouca vantagem econômica. A gravidade dos acontecimentos na Palestina e a pressão da comunidade palestina e de movimentos de solidariedade fortaleceram a tese de cancelar o acordo.


Enquanto isso, em reunião realizada na tarde desta quinta-feira entre o governador Tarso Genro e o embaixador palestino Ibrahim Al Zeben, ficou definido que o governo iniciará uma campanha de solidariedade aos refugiados com coleta de alimentos, remédios e recursos para a reconstrução de Gaza.
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07/08/2014




11/08/2014



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As relações militares entre Brasil e Israel - 01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07




sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Judaísmo não é sionismo

“Não é ser antissemita negar aos grupos dominantes do sionismo o direito de cometer crimes de limpeza étnica… “

Israel, sionismo, judaismo e antissemitismo
                                                                                                         Em primeiro plano, na montagem, Bibi Netanyahu


O Conversa Afiada reproduz artigo enviado por Breno​ Altman:


O presidente da Confederação Israelita do Brasil, Claudio Lottenberg, publicou nesta Folha um artigo instigante. O título embute uma premissa fundamental: “Antissionismo é antissemitismo”. Trata-se de conveniente cláusula para interdição do debate: não seria possível confrontar as ideias de Theodore Herzl sem se confundir com os que levaram seis milhões de judeus ao extermínio.

Tal escudo moral, amparado na vitimização, resvala para o cinismo. Sucessivos governos sionistas, afinal, transformaram Israel em país ocupante de territórios alheios, impedindo a soberania de outro povo, o palestino. Os requintes de brutalidade para manter essa dominação colonial, nos últimos anos, ofendem a comunidade internacional. O álibi do Holocausto, nessas circunstâncias, constitui insulto à humanidade e à memória judaica.

Lottenberg nem sequer se refere ao massacre de Gaza, mesmo diante dos corpos de mulheres e crianças. Prefere apresentar versão edulcorada do sionismo, que seria “a expressão moderna da autodeterminação nacional judaica”. Não faz qualquer questão de se diferenciar dos bandos mais reacionários, como o Likud de Benjamin Netanyahu.

O autor vai ainda mais longe. Para ele, os judeus “definem-se por uma religião (o judaísmo), uma língua (o hebraico) e uma terra (Israel)”. De uma penada, expurgou, por exemplo, os judeus que são ateus, aqueles cuja língua é a do país no qual vivem e os que não consideram primordial a existência de Israel.

Atualmente hegemônico entre os judeus, o sionismo é apenas uma corrente de opinião, que se caracteriza por abordagem nacionalista. Não equivale a eventual código histórico-cultural dos povos judeus. Trata-se tão somente de uma orientação político-ideológica fundida à religião e ao Estado.

O epicentro de seu discurso sempre foi a criação de uma “pátria judaica”. Vários dos fundadores do sionismo eram agnósticos, mas selaram aliança com chefes religiosos para reforçar seu poderio, ainda que às custas de construir o Estado de Israel como entidade confessional.

Ao contrário da autodeterminação dos negros na África do Sul pós-Mandela, forjando uma república laica e não racial, o nacionalismo sionista pressupõe supremacia judaica e religião estatal. Essa concepção levou a uma nação com tripla personalidade: democracia para judeus, cidadania de segunda classe para árabes-israelenses e regime de apartheid para palestinos dos territórios ocupados.

Nem todos os sionistas, é verdade, são defensores do colonialismo. Muitos, como o próprio Lottenberg, são partidários da solução dos dois Estados e da retirada para as fronteiras anteriores a 1967. Constitui manobra repulsiva, porém, afirmar que seja antissemitismo a contraposição ao sionismo. Essa é a lógica que dirigentes sionistas sempre quiseram impor aos críticos da política belicista e expansionista de Israel.

Não é ser antissemita negar aos grupos dominantes do sionismo o direito de cometer crimes de limpeza étnica, discriminação e agressão armada contra o povo palestino.

Não são definitivamente antissemitas os judeus que, honrando longa história de participação nas lutas pela emancipação dos povos e pela paz, se apresentam para combater a doutrina supremacista que rege o Estado de Israel.

BRENO ALTMAN, 52, jornalista, é diretor do site Opera Mundi

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Uma venerável voz judia a favor da paz

Henry Siegman, rabino e ex-diretor executivo do Congresso Judeu Norte-americano e do Conselho de Sinagogas dos Estados Unidos, sustenta que a ocupação israelense dos territórios palestinos deve terminar

Por Amy Goodman, artigo publicado em Truthdig em 30 de julho de 2014. Tradução para português de Carlos Santos para Esquerda.net*


Henry Siegman, uma importante voz judia a favor da paz

O ataque de Israel contra a população palestina da Faixa de Gaza já leva mais de três semanas. O atual ataque militar terrestre, marítimo e aéreo dura há mais tempo que o terrível ataque de 2008/2009, no qual morreram 1.400 palestinos. O número de mortos é de pelo menos 1.400 pessoas, na sua grande maioria civis [1]. No momento de escrever esta coluna, as Nações Unidas confirmaram que uma escola da ONU em Gaza, em que milhares de civis estavam refugiados, foi atacada pelas Forças de Defesa israelitas, deixando um saldo de pelo menos 20 pessoas mortas. As Nações Unidas informaram 17 vezes as coordenadas exatas do refúgio às forças israelitas.

Democracy Now! entrevistou Henry Siegman, uma referência do pensamento judeu nos Estados Unidos e presidente do “US/Middle East Project” (Projeto Médio Oriente/Estados Unidos). Siegman é rabino e ex-diretor executivo do Congresso Judeu Norte-americano e do Conselho de Sinagogas dos Estados Unidos, duas das principais organizações judias do país. Siegman sustenta que a ocupação israelita dos territórios palestinianos deve terminar.

“Há um dito talmúdico na ‘Ética dos pais’ que sustenta ‘Não julgues o teu próximo enquanto não tiveres estado no seu lugar’. Então, a minha primeira pergunta ao abordar qualquer problema relacionado com a questão israelense-palestina é: que faríamos se estivéssemos no seu lugar’. Que sucederia se a situação se revertesse e a população judia fosse sitiada ou se lhe dissessem: ‘Damos-lhes menos de 2% da Palestina. Agora comportem-se. Nada de resistência e permitam-nos tratar do resto’. Será que algum judeu diria que é uma proposta razoável?”.

Siegman continuou: “Nas circunstâncias atuais, Israel tem o direito de fazer o que está a fazer agora e, certamente, como se sustentou, inclusive o presidente dos Estados Unidos o afirmou em reiteradas ocasiões, nenhum país aceitaria viver sob essa ameaça permanente. Ainda que lhe tenha faltado dizer, e é o que invalida e mina o princípio, que nenhum país nem nenhuma população aceitaria viver do modo a que se obrigou a viver as pessoas de Gaza. E, portanto, isto também invalida essa equação moral que põe Israel no lugar da vítima que deve atuar para evitar que a situação continue desta maneira. E os nossos meios de comunicação raramente assinalam que os palestinos de Gaza ou o Hamas, a organização que dirige Gaza, que são os atacantes, também têm o direito a ter uma vida normal e digna e que eles também devem pensar ‘que podemos fazer para pôr fim a esta situação?’”.

Henry Siegman nasceu na Alemanha em 1930. Ele e a sua família foram perseguidos pelos nazistas. “Vivi dois anos sob a ocupação nazista, a maior parte do tempo correndo de um lugar para outro, escondendo-me. Sempre pensei que a lição mais importante do Holocausto não é que existe o mal, que há pessoas malvadas no mundo que podem fazer as coisas mais cruéis e inimagináveis. Essa não foi a principal aprendizagem do Holocausto. A grande aprendizagem do Holocausto é que a gente de bem, cultivada, que geralmente consideraríamos boas pessoas, podem permitir que esse mal se imponha. A população alemã, que não eram monstros, permitiu que a máquina nazista fizesse o que fez”.

O pai de Siegman foi um dos líderes do movimento sionista europeu, que reclamava uma pátria para o povo judeu. Siegman contou: “Eu era um fervoroso sionista desde criança. Lembro-me que no barco que me trouxe aqui, quando estávamos vindo para os Estados Unidos e teria 10 ou 11 anos de idade, escrevia poesia e canções sobre o céu azul da Palestina. Naquela época denominávamo-la Palestina”.

Nos Estados Unidos, Henry Siegman converteu-se numa importante referência da vida judia norte-americana. Quando lhe pedi que refletisse sobre o ataque atual contra Gaza, sustentou: “É desastroso. Tanto em termos políticos como do ponto de vista humanitário. Quando alguém se põe a pensar que isto é o que faz falta para que Israel sobreviva, que o sonho sionista se baseia no assassinato reiterado de pessoas inocentes à escala que vemos hoje na televisão, trata-se de uma crise muito profunda do pensamento de todos os que estamos comprometidos com a criação de um Estado e do seu sucesso”.

Pedi a Siegman que olhasse para um fragmento do programa “Face the Nation”, da cadeia CBS. O apresentador, Bob Schieffer, finalizou recentemente o programa com o seguinte comentário: “No Oriente Médio, o povo palestino encontra-se sob o controle de um grupo terrorista que embarcou numa estratégia para que as suas próprias crianças sejam assassinadas para conseguir a compaixão pela sua causa. Esta estratégia talvez esteja funcionando, pelo menos em algumas partes. Na semana passada, encontrei uma citação de há muitos anos de Golda Meir, uma das primeiras líderes de Israel, que bem poderia ter sido pronunciada ontem: ‘Podemos perdoar aos árabes por matar os nossos filhos’, afirmou, ‘mas jamais poderemos perdoá-los por nos obrigar a matar os seus filhos’”.

Siegman disse que tinha visto o programa e respondeu: “Conheci a Golda Meir e escutei o seu comentário. Naquele tempo pensei —e agora também penso— que é uma declaração terrivelmente hipócrita. Essa declaração foi feita pela mesma mulher que disse: ‘Os palestinos… não existem os palestinos. Eu sou palestina’. Se não queres matar os palestinos, se te provoca tanta dor, não deves matá-los. Podes dar-lhes os seus direitos e podes pôr fim à ocupação. E, culpar os palestinos pela ocupação e pelo assassinato de inocentes de que estamos a ser testemunhas neste momento em Gaza? Por quê? Por querer um Estado próprio? Por querer o que os judeus quiseram e conseguiram? Acho, para dizê-lo em termos suaves, pouco digno de admiração. Há algo profundamente hipócrita na sua declaração original e na repetição agora como uma grande reflexão moral”.

Enquanto os Estados Unidos continuam a fornecer armas a Israel, mais de 250 crianças morreram em Gaza. Em lugar de lhes dar armas, os Estados Unidos e o resto do mundo deveriam pressionar Israel para que ponha fim à matança.

Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna. Texto em inglês traduzido por Mercedes Camps para o espanhol. 





[1] Nota do Blog Sanaúd-Voltaremos: No 25ºdia (08/07 a 04/08) do massacre que Israel comete contra a população de Gaza, o numero de mortos ultrapassou os 1845 e mais de 9600 feridos, sendo a imensa maioria de crianças, mulheres e idosos.

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