Diante dos bombardeios incessantes de Israel sobre a Faixa
de Gaza, expulsando o povo palestino de forma brutal, atingindo principalmente
os civis, a Federação Nacional dos Metroviários - FENAMETRO resgatou a
entrevista realizada entre os dias 02 e 03 de novembro de 2013, durante a
reunião dos diretores da federação com a diretora de Relações Internacionais da
Campanha Palestina contra o Muro do Apartheid, Maren Mantovani.
Maren falou das ofensivas da multinacional francesa Alstom
contra os metroviários e a população palestina. Em sua apresentação Maren
destacou o papel exercido pela Alstom como cúmplice no processo de colonização,
ocupação e apartheide israelense contra o povo palestino através de seus
contratos ilegais na construção e exploração de uma linha de metrô em
Jerusalém.
“A Alstom lucra com a privatização dos transportes públicos,
a corrupção e a exploração de trabalhadores em todo o mundo”, denunciou Maren.
“O povo palestino, a classe trabalhadora e os povos oprimidos têm uma causa
comum contra o interesse social, o colonialismo e o imperialismo” observou a
dirigente.
Segundo dados apresentados por Maren as francesas Alstom e
Veolia são os maiores investidores internacionais no consórcio Citypass, que
ganhou em 2002 o direito concedido pelas autoridades ocupantes israelenses à
viabilização e construção de uma linha de transporte metroviário em Jerusalém,
no valor de cerca de 500 milhões de euros.
O projeto, uma parceria público-privada (PPP) entre o
governo de ocupação israelense e o consórcio, depende da vontade das
multinacionais para fornecer uma enorme injeção de capital ao Estado. “Por sua
vez a Alstom e a Veolia colheram lucros significativos ao longo de um período
de trinta anos - dinheiro manchado com o sangue e o sofrimento dos palestinos
sob ocupação”, disse.
A empresa Alston cumpre um papel fundamental na tentativa de
Israel de fazer a sua anexação ilegal de Jerusalém Oriental palestina de forma
abusiva e massacrante. “Além do processo de privatização do transporte local, o
que torna a luta comum dos trabalhadores palestinos e brasileiros contra a
multinacional, que também enfrentam com precarização do sistema e as relações
de trabalho”.
Por isso, a luta contra o Muro do Apartheid está
intrinsecamente centrada “contra a colonização e a construção de guetos através
de muros, militarização, urbanizações, estradas e infraestruturas exclusivas
para judeus destinados à extinção do patrimônio e o futuro do povo e contra a
limpeza étnica de Jerusalém e a atual expulsão do povo palestino de suas
casas”.
Maren destacou que desde a sua criação, em 1948, Israel vem
expulsando palestinos de forma contínua de suas casas e terras. A parte
oriental de Jerusalém, ocupada em 1967, está hoje sob severo ataque de limpeza
étnica. Casas palestinas são destruídas, os palestinos que vivem a gerações na
cidade têm o seu direito de viver cerceado isso quando não são brutalmente
expulsos de suas casas.
Além disso, ressaltou que o Muro do Apartheid isola
completamente a cidade do resto do território palestino ocupado. “No lugar da
população palestina, Israel implanta assentamentos ilegais só para os judeus e
constrói a infraestrutura do apartheid - entre eles, o metrô, que será
construído ilegalmente para servir a esses assentamentos”, denunciou Maren.
Como resultado da campanha global para derrotar a Alstom e a
Veolia, instituições financeiras em toda a Europa já venderam suas ações nas
duas empresas e as autoridades públicas no Reino Unido França, Suécia,
Austrália, EUA têm excluído essas empresas de licitações em contratos públicos.
Trabalhadores dos transportes na Irlanda recusaram-se treinar o pessoal para a
construção do metrô de apartheid.
“É preciso unidade dos metroviários para derrotar os
interesses corporativistas da Alstom”, destacou Maren Mantovani.
Alstom e o processo de corrupção no Brasil
Ao contrário do Brasil, onde o próprio presidente do Metrô
de São Paulo, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, assume a existência de cartel
(acordo ilegal, firmado entre empresas para evitar a concorrência e elevar
preços de produtos e serviços) envolvendo a multinacional Alstom, nenhum
contrato foi encerrado e muito menos a empresa francesa deixou de participar
das licitações do governo.
Sempre é importante relembrar que em maio deste ano, a
Siemens denunciou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em
troca de punições menos rígidas que a empresa teria pago propinas a autoridades
dos governos do PSDB de São Paulo, formando um cartel com outras empresas, como
Alstom, Bombardier, CAF e Mitsui. Segundo o esquema denunciado as fraudes
ocorreram no processo de licitação pública para venda e manutenção de metrôs e
trens metropolitanos nos governos Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, entre
os anos de 1990 e 2000.
Além disso, as multinacionais combinavam entre si quem seria
os vencedores das concorrências públicas para forçar os preços e garantir o
superfaturamento – o esquema foi apontado nos metrôs de São Paulo e Brasília. O
processo vem sendo investigado pelo Cade, Ministério Público Federal,
Ministério Público Estadual de São Paulo e Polícia Federal, no entanto, até
agora ninguém foi punido.
Juliana Silva
Redação - Fenametro
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