quinta-feira, 8 de junho de 2017

50 anos de ocupação: A Guerra dos Seis Dias de Israel foi baseada em uma mentira


50 anos da ocupação israelense
Soldados israelenses procuram prisioneiros jordanianos durante operação de limpeza em Jerusalém, em 8 de 1967, quando a cidade ficou sob o domínio judeu durante a Guerra dos Seis Dias.


The Intercept_Brasil – Por Mehdi Hasan


50 ANOS ATRÁS, entre 5 e 10 de junho de 1967, Israel invadiu e ocupou Jerusalém Oriental, a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e as Colinas de Golã. A Guerra dos Seis Dias, como ela ficaria conhecida depois, viu o “Davi” israelense impor uma humilhante derrota ao “Golias” árabe – talvez personificado no presidente egípcio Gamal Abdel Nasser.

“A existência do estado israelense estava por um fio”, afirmou o primeiro-ministro do país, Levi Eshkol, dois dias após o fim da guerra, “mas as esperanças dos líderes árabes de aniquilar Israel foram destruídas”. O argumento israelense é que um genocídio, um segundo Holocausto havia sido evitado.

No entanto, há problema com este argumento: ele é uma completa ficção, uma mentira, um mito, uma fantasia egoísta construída após o evento para justificar uma guerra agressiva e expansionista. Não sou eu quem diz isso: “A tese segundo a qual o perigo de genocídio pendia sobre nós em junho de 1967 e, segundo a qual, Israel estava lutando por sua existência, não passa de um blefe nascido e alimentado após a guerra.” As palavras são do general Matituahu Peled, chefe do comando logístico na Guerra dos Seis Dias e um dos 12 membros do Estado-Maior de Israel, em março de 1972.

Um ano antes, Mordechai Bentov, membro do governo durante a guerra e uma das 37 pessoas a assinar a Declaração de Independência de Israel, fez um reconhecimento semelhante. “Toda essa história sobre a ameaça do extermínio foi totalmente planejada, e depois elaborada, a posteriori, para justificar a anexação de novos territórios árabes”, afirmou Bentov em abril de 1971.

Mesmo o primeiro-ministro israelense Menachem Begin, ex-terrorista e queridinho da extrema direita israelense, admitiu, em um discurso em agosto de 1982, que “em junho de 1967, nós fizemos uma escolha. As movimentações do exército egípcio ao abordar a península do Sinai não eram prova de que Nasser realmente estava a ponto de nos atacar, precisamos ser honestos. Nós decidimos atacá-lo. ”

As consequências desse ataque são sentidas no Oriente Médio até os dias atuais. Poucos conflitos modernos tiveram impacto tão profundo e duradouro quanto a Guerra dos Seis Dias. Como observa o acadêmico e ativista norte-americano Thomas Reifer, a Guerra dos Seis Dias parecia o “golpe de morte no nacionalismo pan-árabe, o surgimento do Islã político, de um nacionalismo palestino independente” e “a emergência de Israel como um ‘ativo’ estratégico dos Estados Unidos no coração do Oriente Médio, com os EUA enviando bilhões de dólares a Israel, numa parceria sem precedentes na história mundial”.

Acima de tudo, a guerra, definida pelo London Daily Telegraph, em 1967, como “um triunfo da civilização”, forçou 300 mil palestinos a abandonar suas casas e inaugurou uma brutal ocupação militar para os milhões de palestinos que lá ficaram.

A guerra pode ter durado apenas seis dias, mas a ocupação que se seguiu ao conflito está entrando em sua sexta década. É a mais longa ocupação militar no planeta. Os defensores de Israel negam que isso seja uma ocupação: dizem que os Territórios Ocupados estão “em disputa” – uma afirmação mentirosa, negada até mesmo pela Suprema Corte de Israel, que decidiu, em 2005, que a Cisjordânia é “posse do Estado de Israel em uma ocupação beligerante”.

Cinquenta longos anos de ocupação; de desapropriação e limpeza étnica; de demolições de casas e toques de recolher noturnos; de postos de controle, muros e pedidos de licenças.


Cinquenta anos de discriminação racial e preconceito étnico; de um sistema judicial desigual e de dois níveis – um para palestinos e outro para israelenses; de tribunais militares e “detenção administrativa“.

Cinquenta anos de humilhação e submissão; de mulheres palestinas grávidas que dão à luz nos postos de controle; dos pacientes de câncer palestinos que não têm acesso à radioterapia; de jogadores de futebol palestinos impedidos de jogar.

Cinquenta anos de negociações inúteis e planos de paz fracassados: Allon, Rogers, Fahd, Fez, Reagan, Madrid, Oslo, Wye River, Camp David, Taba, Red Sea, Annapolis. O que, de fato, essas negociações conseguiram para os palestinos em territórios ocupados? Nada, além de assentamentos, assentamentos e mais assentamentos israelenses?

Veja só: em 1992, um ano antes do início do processo de paz de Oslo, os assentamentos na Cisjordânia cobriam 77 quilômetros e abrigavam 248 mil colonos israelenses. Até 2016, esses assentamentos aumentaram para 197 quilômetros e o número de colonos que viviam neles, mais do que triplicou: eram 763 mil pessoas.

Esses assentamentos tornaram praticamente impossível a famosa “solução de dois estados”. A Cisjordânia ocupada foi retalhada em uma série de bantustões, separados entre si e do mundo. Os colonos não vão sair de lá tão cedo. Eles são os “fatos” sobre os quais Israel argumenta. Ignorá-los é ignorar o maior obstáculo para acabar com a ocupação. “É como você e eu estivéssemos negociando sobre um pedaço de pizza”, explicou o advogado palestino-americano e ex-conselheiro da OLP, Michael Tarazi, em 2004. “Quanto da pizza vou receber? E quanto você vai obter? Mas enquanto estamos negociando, você continua a comer a pizza”.

Moshe Dayan

Gen. Moshe Dayan fala a repórteres em Tel Aviv durante sua primeira coletiva, em 3 de junho de 1967, depois de assumir o posto de Ministro da Defesa.
 
Foto: AP


Não apenas a guerra de 1967 foi construída sobre uma mentira; foi assim também com a ocupação que veio depois dela. A ocupação não foi pensada como algo temporário, nem que os palestinos recuperariam suas terras depois. Se Israel tivesse planos para se retirar dos Territórios Ocupados, como sugerem alguns de seus apoiadores, então, por que o primeiro assentamento na Cisjordânia, Kfar Etzion, estabelecido menos de quatro meses após a Guerra dos Seis Dias, desafiando o “conselho ultrassecreto” do conselheiro jurídico do Ministério das Relações Exteriores israelense de que o “assentamento civil” nos Territórios violaria “as disposições explícitas na Quarta Convenção de Genebra”?

Por que o Estado judeu passou as últimas cinco décadas usando um processo de paz fantoche para engolir mais terras palestinas e criar mais assentamentos ilegais? A verdade é que o Estado judeu, desde o início, “usou as negociações como uma cortina de fumaça para ampliar seu projeto colonial”, usando emprestada a expressão do militante e ativista palestino preso Marwan Barghouti. Cinquenta anos depois, é hora das lideranças palestinas e a comunidade internacional pararem de fingir o contrário.

O lendário general israelense e ministro da Defesa, Moshe Dayan, um dos arquitetos da vitória de Israel em 1967 – e defensor ferrenho de que o estado judeu deveria manter os territórios que havia conquistado, é quem melhor resume a atitude cínica dos governos israelenses (sejam de esquerda ou de direita) nas últimas cinco décadas. “As únicas negociações de paz”, declarou Dayan, quando questionado sobre a possibilidade de um acordo de paz com os palestinos, em novembro de 1970, “são aqueles nas quais consolidamos os territórios e, de tempos em tempos, vamos de novo para a guerra.”



Tradução: Charles Nisz

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sábado, 27 de maio de 2017

Ramadan, mês sagrado dos muçulmanos


RAMADAN KARIM

Aos meus amigos e amigas muçulmanas, neste inicio do mês sagrado do Ramadan, inicio de um novo ano, desejo a cada um de vocês e familiares dias de muita paz interior, um jejum e orações abençoadas e muita reflexão sobre os destinos da humanidade.

Que a islamofobia , a xenofobia, a discriminação, o racismo e os preconceitos de qualquer ordem sejam combatidos e eliminados da mente e coração dos homens.

Os homens nasceram para serem felizes, não nasceram para serem oprimidos, escravizados, explorados ou odiados por outros homens.

Que o ano que vem, nessa mesma data, possamos orar em Jerusalém (Al Quds), livre, soberana e independente, capital da Palestina.

Feliz ano novo – Kullu 3am wa antum bikhair كل عام وانتم بخير

Emir Mourad
Editor do Blog

27/05/2017




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quarta-feira, 17 de maio de 2017

Sanaúd, um filme brasileiro sobre a Palestina


FILME “SANAÚD – VOLTAREMOS “ , SEGUIDO DE DEBATE

20/maio – sábado – 16 h - Esporte Clube Sírio – Entrada franca

Av. Indianópolis, 1192 - Planalto Paulista, São Paulo – SP



É com muito orgulho e satisfação que apresentamos ao público o filme documentário Sanaúd, que em árabe significa voltaremos.

Em abril de 1980, uma delegação brasileira - formada por membros da Comissão de Justiça e Paz, deputados, jornalistas, líderes sindicais, historiadores, representantes da UNE (União Nacional de Estudantes) e da comunidade negra - viajou para o Oriente Médio. No Líbano, foram recebidos por Yasser Arafat, líder da OLP (Organização pela Libertação da Palestina) e acompanharam a dramática situação e luta do povo palestino por justiça e liberdade.

O documentário foi  produzido por uma equipe de cinema independente, nos campos de refugiados palestinos da Síria e do Líbano, com a direção e roteiro de José Antonio de Barros Freire e fotografia de Jorge Bouquet.

O ano de 1982 marcou profundamente um grupo de jovens brasileiros de descendência árabe: a invasão de Israel ao Líbano que resultou em mais de 17 mil civis mortos e o massacre de Sabra e Chatilla, acampamentos de refugiados localizados em Beirute, onde mais de 3 mil palestinos foram mortos por milícias libanesas que apoiavam o estado terrorista de Israel.

Em 1983 o grupo de jovens, inspirado no filme Sanaúd e nos acontecimentos no Libano, fundou a Associação Cultural Sanaúd, que tive a honra de presidir.

Em 15 de maio de 1948, há 69 anos, mais de 750 mil palestinos foram expulsos de suas terras e lares e mais de 500 cidades e aldeias palestinas foram eliminadas do mapa: os palestinos chamam de Nakba, a catástrofe.  Hoje,  são mais de 5 milhões  de refugiados palestinos que tem o direito de retornar à Palestina negado por Israel. Por isso os refugiados falam, gritam, lutam e sonham: VOLTAREMOS (SANÁUD). Voltarão à Palestina, livre, soberana, com Jerusalém Capital.

Não é por acaso que o nome desse blog é PALESTINA-SANAÚD-VOLTAREMOS!


Emir Mourad

Editor do Blog



Filme Sanaúd (Voltaremos) - 1980
Cartaz de 1980: apresentação do filme Sanaúd
no Sindicato dos Bancários - São Paulo

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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Al Nakba, a catástrofe palestina: 69 anos


 15 DE MAIO DE 1948

Há 69 anos, mais de 750 mil palestinos foram expulsos de suas terras e lares. A catástrofe continua hoje como mais de 7 milhões  de refugiados palestinos que tem o direito de retornar negado por Israel. 


69 anos da catástrofe palestina



FILME “SANAÚD – VOLTAREMOS “  SEGUIDO DE DEBATE

20/maio – sábado – 16 h - Esporte Clube Sírio – Entrada franca

Av. Indianópolis, 1192 - Planalto Paulista, São Paulo – SP


Com Emir Mourad – Editor do Blog Sanaúd e ex-secretário geral da FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil


Filme Sanaúd (Voltaremos) – 30 minutos

Em abril de 1980, uma delegação brasileira - formada por membros da Comissão de Justiça e Paz, deputados, jornalistas, líderes sindicais, historiadores, representantes da UNE (União Nacional de Estudantes) e da comunidade negra - viajou para o Oriente Médio. No Líbano, foram recebidos por Yasser Arafat, líder da OLP (Organização pela Libertação da Palestina) e acompanharam os conflitos entre israelenses e palestinos que já dizimou milhares de pessoas. Documentário produzido por uma equipe de cinema independente, nos campos de refugiados palestinos da Síria e do Líbano.
Direção e roteiro: JOSÉ ANTONIO DE BARROS FREIRE
Fotografia: JORGE BOUQUET


Embaixada do Estado da Palestina no Brasil convida




15 de maio de 1948: A guerra que não terminou


Vinicius Valentin Raduan Miguel* 


Todos os anos, nesta data, é relembrado o que os árabes/palestinos chamam de Al'Nakba (A Catástrofe) ou o que os judeus-israelenses comemoram como a Guerra de Independência, quando o Estado de Israel foi criado.

Uma problemática acompanhou a criação do Estado de Israel: Israel é um projeto que prega a exclusividade étnica e lingüística de um grupo (judeu/hebraico) em detrimento de todos os outros. A questão posta nos anos iniciais da colonização era "como lidar com a população árabe que lá vivia?". A solução encontrada foi uma deliberada e metódica eliminação física e cultural dos povos tradicionais, uma prática que encontra seu conceito jurídico na definição de "limpeza étnica". Desta forma, no ano de 1948, 531 vilas, 11 áreas urbanas e 30 cidades foram totalmente destruídas. No total, aproximadamente 800.000 pessoas (mais do que metade da população na época) foram expulsas (1) formando a atual massa de quatro milhões de refugiados que habitam os países vizinhos.

Refugiados palestinos - Al Nakba
Palestinos expulsos carregando seus pertenencias durante a Nakba, en 1948.  Foto: Fred Csasznik

Relembrar este dia é fundamental, pois marca uma data que tragicamente não terminou. A Guerra de 1948 não terminou por duas razões: (a) Israel se recusa a reconhecer o crime que cometeu e, desta maneira, aceitar as responsabilidades advindas de sua prática, como aceitar o retorno dos refugiados e/ou indenizar os sobreviventes expulsos de suas terras e; (b) o fator ideológico que motivou a guerra persiste. Em outras palavras, o projeto de Israel enquanto Estado sem árabes continua e a prática de limpeza étnica é um fantasma constante.

A analogia com o apartheid (2) é evidente: um Estado de brancos sem negros é inaceitável, mas um Estado de judeus sem árabes é permissível. Esta é a origem de todos os conflitos na região - muito além da concepção reducionista de embate apocalíptico-religioso em que uma aliança "Européia/Ocidental/Cristã" da "bondade" enfrenta os "malvados" "Orientais/Muçulmanos/Anti-Cristãos"3. Mas contestar esta prática racista é violência e a violência do fraco, mesmo que injustificada e em resposta a uma prévia violência, é terrorismo. Em contrapartida, a violência do poderoso se justifica e apresenta-se como legítima defesa!

Falar em enfrentamento entre Israel e Palestina esconde ainda outros problemas, não menos sutis. Mascara-se propositalmente que Israel é um Estado e a Palestina não existe enquanto tal. A Palestina persiste em um limbo jurídico definido como "territórios ocupados", uma condição em que a potência ocupante é responsável de fato pela administração. É sob estes fatos ignorados e falsificados pela mídia que é preciso entender os últimos acontecimentos na região, como a guerra em 2006 contra o Líbano e o recente massacre em Gaza, iniciado em dezembro de 2008.

A violência israelense, como todas as agressões colonialistas são desproporcionais. Na Guerra de 2006 contra o Líbano, por exemplo, são 44 civis israelenses mortos contra 1191 civis libaneses; na Guerra de 2008-2009 contra Gaza foram (3) civis israelenses contra 926 civis palestinos. Mas não só de nefastas estatísticas que se faz a desproporcionalidade. A cobertura histórica também é desproporcional e são poucas as menções feitas à tragédia árabe-palestina de 1948, contribuindo para seu "apagamento".

Neste sentido, a maior eliminação provocada por este verdadeiro crime de limpeza étnica foi a supressão do acontecimento da História, de maneira que ninguém sequer menciona este outro holocausto (4). Contra isso, celebrar o Dia da Catástrofe é lembrar. É um projeto educativo denunciando a limpeza étnica da Palestina como um projeto inacabado de Israel. Lembrar os métodos e práticas israelenses que se arrastam do passado até os dias de hoje devem servir para impedir que o plano de eliminação da Palestina se concretize. Repetindo o mantra que já nos acostumamos a ouvir: Nunca mais!

(1) PAPPE, Ilan. The ethnic cleansing of Palestine. Oneworld Publications, Oxford: 2007.

(2) Para mais informações, o website http://ApartheidNaPalestina.blogspot.com/ possui uma valiosa coletânea de artigos sobre o assunto.

(3) Não esquecer que existem outros grupos religiosos entre os palestinos, como cristãos
.
(4) Existem projetos de leis no parlamento israelense que buscam inclusive proibir manifestações lembrando o dia!



*Vinicius Valentin Raduan Miguel é cientista social pela Universidade Federal de Rondônia e mestrando em Ciência Política pela Universidade de Glasgow, Escócia. 


Nota do Blog: Este artigo foi publicado em 2009 e mantém a sua atualidade, pois Israel continua ocupando a Palestina,  realizando a limpeza étnica e negando/impedindo o direito de retorno dos refugiados à seus lares e sua terras.

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DOCUMENTÁRIO: A HISTÓRIA SIONISTA (THE ZIONIST STORY)

Do autor Renen Berelovich:   "Recentemente concluí um documentário independente, A história Sionista, no qual quero apresentar não apenas a história do conflito Israel/Palestina, mas também as razões centrais do mesmo: a ideologia sionista, seus objetivos (passados e atuais) e seu firme controle não somente da sociedade israelense mas também, e de modo crescente, da percepção que os ocidentais têm do Oriente Médio.”

O autor combina com êxito imagens de arquivo com comentários próprios e de outros, como Ilan Pappe, Jeff Halper, Terry Boullata e Alan Hart.




A LIMPEZA ÉTNICA DA PALESTINA E OS MITOS DA CRIAÇÃO DE ISRAEL

Assista a entrevista (legendada em português) com o historiador israelense ILAN PAPPE, onde discorre sobre como o sionismo, de forma planejada, executou e continua executando a limpeza étnica da Palestina: ocupação e roubo da terra, eliminação física e expulsão dos palestinos, apagamento da cultura e da história palestina. O mito da "guerra de defesa" de 1948. O mito que os palestinos abandonaram seus lares e terras. . A lógica sionista do massacre de Deir Yassin. O mito da democracia israelense. As perspectivas para o futuro.A perseguição que sofreu na Universidade Uma entrevista de um judeu que foi em busca da verdade e enfrentou todas as pressões com altivez e coragem.




A INVENÇÃO DA TERRA DE ISRAEL

Nesta conferência, o historiador israelense Shlomo Sand expõe a essência de seu novo livro, A invenção da terra de Israel, e debate com o público presente as ideias por ele desenvolvidas nesta obra e em seu livro anterior (A invenção do povo judeu).

Com sua costumeira contundência, Shlomo Sand desconstroi por completo a mitologia erguida pelos sionistas através da manipulação de citações bíblicas. O propósito de tal manipulação é de tentar justificar com argumentos religiosos a ocupação da Palestina e a expulsão de grande parte dos habitantes autóctones para, em seu lugar, assentar os contingentes de pessoas de ascendência judaica (majoritariamente oriundos da Europa oriental) que o sionismo conseguiu levar para lá.


PARTE 1









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SAIBA MAIS SOBRE A NAKBA:













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terça-feira, 9 de maio de 2017

Palestina: "Freud anteviu a catástrofe"

Freud, que manteve uma correspondência com Einstein sobre a guerra e as pulsões que levam os homens a matar e exterminar seus semelhantes, nunca defendeu o sionismo.


Leneide Duarte-Plon, de Paris* - Carta Maior


Palestinian loss of land - 1946 to 2005


Pelo que vemos se desenhar no horizonte com a nova aliança Trump-Netanyahu - que no encontro de ontem, em Washington, prepararam o mundo para o fim do sonho de criação do Estado Palestino - a caixa de Pandora está prestes a ser aberta. Em Israel, uma multidão de fundamentalistas fanáticos prega a demolição da Mesquita de Al-Acqsa, em Jerusalém, para a construir no local o novo Templo de Salomão.

Ora, essa mesquita é o terceiro lugar mais sagrado do Islã e foi construída no século VII, onde Maomé teria sido arrebatado ao céu.

O roteiro do apocalipse pode estar começando a ser escrito, uma vez que os países muçulmanos não vão ver a destruição da mesquita Al-Acqsa de braços cruzados. Sem falar do projeto de Trump de transferir a embaixada americana para Jerusalém. Como se sabe,  a parte Leste da cidade, hoje ocupada por Israel, seria a capital do sempre adiado Estado Palestino.

Freud, que manteve uma correspondência com Einstein sobre a guerra e as pulsões que levam os homens a matar e exterminar seus semelhantes, nunca defendeu o sionismo.

Ao contrário, manifestou-se contra a criação de um Estado para os judeus na Palestina. Uma carta na qual ele expressa claramente sua pouca simpatia pelo projeto sionista foi escondida deliberadamente durante décadas pelos defensores da causa sionista.

As cartas de Freud são um capítulo à parte na sua obra. A maior parte delas é conhecida e estudada exaustivamente. Um terço das cartas, classificadas como confidenciais por seus descendentes e herdeiros, faz parte do “Arquivo Freud” e encontra-se na Biblioteca do Congresso, em Washington.

A carta em que Freud faz restrições ao sionismo foi escrita em 26 de fevereiro de 1930 e endereçada a Chaim Koffler, membro da Fundação para a Reinstalação dos Judeus na Palestina (Keren Hayesod). Koffler havia pedido a Freud, como a outros intelectuais judeus, um texto de apoio à causa sionista.

Traduzida por Jacques Le Rider para o francês, ela foi publicada pela revista Le Nouvel Observateur em dezembro de 2004, depois de ter sido revelada pelo jornal italiano Corriere della Sera, em julho de 2003.  Em 1978, fora citada em inglês num artigo dedicado a Freud e a Herzl e em 1991, depois de ter sido mencionada em uma revista semanal argelina para mostrar que Freud não tinha simpatia pelo sionismo, ela foi finalmente traduzida em inglês pelo psicanalista americano Peter Loewenberg, para provar que Freud fora vencido pela História.

Nenhum olho humano deve ler essa carta


O texto da carta mostra o quanto Freud era cético em relação ao projeto sionista de reinstalação dos judeus na Palestina. Por isso mesmo, ela foi cuidadosamente escondida por tanto tempo para cumprir a promessa de Abraham Schwadron a Koffler de que “nenhum olho humano a veria”. Dada a autoridade moral do autor, a carta poderia ser uma pedra no caminho dos que construíam o projeto sionista.

Em um dos trechos, Freud diz: “não penso que a Palestina possa vir a tornar-se um Estado judaico”. Como lembra a historiadora da psicanálise Elisabeth Roudinesco, Freud combatia todas as formas de religião, inclusive o judaísmo. “Ele aceitava dificilmente a idéia de um Estado judaico viável, pois tal Estado feito por e para os judeus não poderia ser, no seu entender, um Estado secular”.

No final da carta, Freud fala do sionismo como de “uma esperança injustificada” e diz que não se sente capaz de exercer o papel de consolador de um povo “perturbado” por essa esperança.

Eis o texto que traduzo para o português a partir da tradução francesa de Le Rider:

Viena, 19 Berggasse,
         26 de fevereiro de 1930.
Senhor Doutor,

Não posso fazer o que o senhor deseja. Minha dificuldade em despertar o interesse do público por minha personalidade é impossível de superar e as circunstâncias críticas atuais não me parecem favorer essa empreitada. Quem quer influenciar o maior número de pessoas deve ter algo de empolgante a dizer, e isso meu julgamento pouco entusiasmado pelo sionismo não me permite. Tenho com certeza os melhores sentimentos de simpatia pelos esforços consentidos livremente, sinto-me orgulhoso pela nossa universidade de Jerusalém e me regozijo da prosperidade dos estabelecimentos dos nossos colonos. Mas, por outro lado, não penso que a Palestina possa vir a tornar-se um Estado judaico nem que o mundo cristão, como o mundo islâmico, possam um dia estar dispostos a confiar seus lugares santos aos cuidados dos judeus. Me pareceria mais sensato fundar uma pátria judaica sobre um solo não conotado historicamente; decerto, sei que para um objetivo tão racional, jamais seria possível suscitar a exaltação das massas nem a cooperação dos ricos. Admito também, com pesar, que o fanatismo irrealista de nossos compatriotas tenha sua parte de responsabilidade no despertar da desconfiança dos árabes. Não posso ter a mínima simpatia por uma piedade mal interpretada que faz de um pedaço do muro de Herodes uma relíquia nacional e por causa dela desafie os sentimentos dos habitantes da região.

Julgue o senhor mesmo se, com um ponto de vista tão crítico, eu posso ser a pessoa certa para fazer o papel de consolador de um povo perturbado por uma esperança injustificada. Freud.

Dezessete anos depois de escrita a carta, o Estado de Israel deixou de ser um sonho dos sionistas para se tornar realidade.

Lugares santos no centro da querela


Mas quem pode dizer que Freud não anteviu a catástrofe?

Elisabeth Roudinesco assinala que “Freud teve a intuição magistral de que a questão da soberania dos lugares santos estaria um dia no centro de uma querela quase insolúvel, entre os três monoteísmos. Ele temia, com razão, que “uma colonização abusiva acabasse por opor, em torno de um pedaço de muro idolatrado, os árabes fanáticos e anti-semitas aos judeus fundamentalistas e  racistas”.

Num magnífico artigo publicado no jornal Le Monde de 18 de agosto de 2006, o filósofo Etienne Balibar e o físico Jean-Marc Lévy-Leblond percorrem a história de Israel para analisar a atualidade política do Oriente Médio e todas as ameaças que pesam sobre o mundo, em função do barril de pólvora em que se transformou a região.

No terceiro parágrafo do brilhante texto, os dois intelectuais escrevem: “A segunda guerra mundial foi um ponto de ruptura: ela trouxe o enfraquecimento do império britânico e levou à Palestina centenas de milhares de pessoas que escaparam à exterminação dos nazistas. O que conferiu ao Estado de Israel, criado pela “partilha” de 1947, uma nova legitimidade moral, sancionada pelo reconhecimento internacional quase unânime e pela admissão às Nações Unidas. O que não impede que o Estado que se proclamou como “Estado judaico” (apesar da presença em seu seio de uma grande minoria árabe muçulmana e cristã) e se deu por missão reunir no seu solo o maior número possível de judeus religiosos ou leigos do mundo inteiro (imigrantes recentes ou assimilados há muitos anos em seus países respectivos, vindos de culturas diversas e sendo vítimas de anti-semitismo em graus muito diferentes) tenha nascido na guerra e mesmo no terrorismo. Isso por causa da hostilidade irredutível (ao menos até a iniciativa do presidente Sadat) dos Estados árabes que o cercavam, por causa do próprio nacionalismo e panarabismo ascendente que os levavam a recusar a instalação de Israel na Palestina, depois a desejar sua destruição e padecer sua intenção simétrica, mais ou menos confessada, de expulsar a população árabe autóctone.

Balibar e Lévy-Leblond continuam: “A frase de Golda Meir: ‘uma terra sem povo para um povo sem terra’ – em total contradição com a realidade – trazia em si uma lógica de eliminação, que continha em germe os elementos da catástrofe atual. Essa lógica de eliminação foi imediatamente denunciada por certos intelectuais (como Einstein, Buber, Arendt ou o fundador da universidade hebraica de Jerusalém, Judah Magnes)”. 


* Leneide Duarte-Plon é autora de « A tortura como arma de guerra-Da Argélia ao Brasil : Como os militares franceses exportaram os esquadrões da morte e o terrorismo de Estado » (Editora Civilização Brasileira, 2016)».



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sábado, 29 de abril de 2017

Ilan Pappé, historiador israelense, recebe homenagem de árabes e muçulmanos



Illan Pappé é homenageado no Brasil
Vice presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil,
 Dr. Ali Hussein El Zoghbi (esq.) entrega homenagem ao escritor Ilan Pappé


Ilan Pappé, esteve no Brasil para o lançamento do seu livro “A limpeza étnica da Palestina”, cujo original em inglês data de 2006.

Os seus estudos e livros lhe renderam a perseguição por parte do regime sionista de Israel e hoje vive exilado na Inglaterra onde é professor na Universidade de Exeter.

Pappé participou de várias palestras de lançamento do seu livro e concedeu uma entrevista para o jornal Folha de São Paulo (https://goo.gl/0EsxKw).

Durante almoço oferecido pela Federação de Associações Muçulmanas do Brasil, o vice presidente, Dr. Ali Hussein El Zoghbi prestou a homenagem ao escritor Pappé na presença de membros da comunidade árabe e muçulmana.

Foi com muita honra que me sentei ao lado de Ilan Pappé e pude conhecer um pouco mais deste corajoso e brilhante intelectual e acadêmico que não compactuou com a narrativa da colonização sionista de ocupação e expulsão do povo palestino de sua pátria palestina. 

Como também, foi uma honra poder compartilhar a mesa com o escritor Milton Hatoum.


Emir Mourad

Editor do Blog 





Illan Pappe, historiador israelense,



Livro de Illan Pappé é lançado no Brasil


Illan Pappé lança seu livro no Brasil "Limpeza étnica da Palestina"


Illan Pappé autografa seu livro


Lançamento de livro de Illan Pappé no Brasil


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Matérias realacionados com Ilan Pappé:




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