Bienal de Arte de São Paulo não terá mais o apoio de Israel
01/09/2014 - Brasil de Fato
Reprodução |
Instituição que organiza o evento acatou o repúdio de 55 artistas de diversas nacionalidades; informação foi publicada pelo artista plástico, arquiteto e escritor libanês Tony Chakar.
José Francisco Neto
Da Redação
A Fundação Bienal de São Paulo anunciou nesta segunda-feira
(01) que não irá mais aceitar o apoio e financiamento de Israel à 31ª Bienal
Internacional de Arte de São Paulo, que terá sua abertura na próxima
sexta-feira (6). A decisão foi tomada após um grupo formado por 55 artistas lançar
uma carta de repúdio ao apoio israelense ao evento.
A informação foi publicada pelo artista plástico, arquiteto
e escritor libanês Tony Chakar, o mesmo que divulgou em sua página oficial do
Facebook o manifesto de repúdio na semana passada.
"A grande maioria dos artistas desse evento não apenas
mostrou que tem agência ao demandar transparência referente ao financiamento de
eventos culturais, mas também levantou a questão fundamental de como o
financiamento pode comprometer e minar seu trabalho. Além disso, a luta por
autodeterminação do povo palestino se reflete nos trabalhos de muitos artistas
e participantes da Bienal, envolvidos com direitos humanos e lutas populares em
escala global. A opressão de um é a opressão de todos", diz trecho da carta
lançada nesta segunda.
Henrique Sanchez, membro do Movimento Palestina para Tod@s
(Mop@t), formado por ativistas da causa palestina que atua no Brasil desde
2008, avaliou que a desvinculação do apoio de Israel à Bienal foi uma
importante vitória do movimento internacional de Boicote, Desinvestimento e
Sanções (BDS) em relação à solidariedade ao povo palestino.
“Foi uma importante vitória no sentido de se contrapor à
normalização cultural do Estado israelense e suas inúmeras violações do direito
internacional. Abre também precedentes para a construção de amplas ações,
iniciativas e campanhas de boicote cultural no Brasil", diz.
Confira a íntegra da carta lançada hoje (01)
ARTISTAS DA BIENAL DE SÃO PAULO SE DISSOCIAM DO
FINANCIAMENTO DE ISRAEL
Nós, a maioria dos artistas e participantes da 31ª Bienal de
São Paulo, que nos opusemos a qualquer associação de nossos trabalhos com o
financiamento do Estado de Israel, tivemos, hoje, nosso apelo ouvido pela
Fundação Bienal de São Paulo. Há uma semana fomos confrontados com o fato de
que o Estado de Israel está contribuindo com o financiamento da exposição como
um todo, o que, para a maioria de nós, é inaceitável.
Após negociações coletivas, a Fundação Bienal de São Paulo
se comprometeu a desassociar claramente o financiamento israelense do
financiamento total da exposição. O logo do Consulado de Israel, que havia sido
apresentado como patrocinador master do evento, agora será relacionado aos
artistas israelenses que receberam aquele apoio financeiro específico.
Nós, artistas e participantes da 31ª Bienal São Paulo,
recusamos apoiar a normalização das ocupações conduzidas continuamente por
Israel na Palestina. Acreditamos que o apoio cultural do Estado de Israel
contribui diretamente para manter, defender e limpar suas violações de leis
internacionais e direitos humanos.
A grande maioria dos artistas desse evento não apenas
mostrou que tem agência ao demandar transparência referente ao financiamento de
eventos culturais, mas também levantou a questão fundamental de como o
financiamento pode comprometer e minar seu trabalho. Além disso, a luta por
autodeterminação do povo palestino se reflete nos trabalhos de muitos artistas
e participantes da Bienal, envolvidos com direitos humanos e lutas populares em
escala global. A opressão de um é a opressão de todos.
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Especial sobre as Relações Brasil - Palestina, leia aqui:
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