FEPAL - FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL
NOSSO ADEUS AO POETA DA PALESTINA
POETA DA RESISTÊNCIA
MAHMOUD DARWISH
1941 -2008Poeta maior da resistência
o poeta do mundo árabe
Mahmoud Darwish
Continuarás alimentando
nossa luta, nosso combate
pela liberdade, lar e retorno
Continuaremos absorvendo
sua pintura literária
poesia que de sua alma brotou.
A sua carteira de identidade
continuará se espalhando pela Palestina
irritando o ocupante opressor.
Você venho de lá poeta, da Palestina
Voltaremos poeta, sanaúd.
Emir Mourad
...................................................................
Mahmoud Darwish é considerado o mais importante poeta árabe contemporâneo. Nasceu em 1941 no vilarejo de Birwa, na Galiléia, que foi destruído por tropas israelenses em 1948. Em conseqüência de seu ativismo político ele enfrentou perda de moradia e prisão.
Em 1960, com 19 anos, escreveu seu primeiro poema, intitulado “Pássaros sem asas”. Um ano mais tarde ingressou no Partido Comunista de Israel, composto por árabes e judeus. Aos 22 anos publicou sua primeira obra intitulada “Folhas de oliviera” e desde então escreveu 31 livros de poesia e prosa ( algumas das obras estão catalogadas no site). Seus textos foram traduzidos para mais de 20 idiomas.
Darwish foi editor do jornal Itthad antes de ser forçado, pela ocupação israelense, a sair de sua terra natal em 1970 e exilar-se em Moscou, onde estudou por um ano. Foi então para o Egito onde trabalhou no Cairo para o Jornal Al-Ahram e em Beirute, no Líbano, como editor do jornal Palestinian Issues.
Em 1988 foi o autor da Declaração de Independência da Palestina, juntamente com Edward Said, o que lhe valeu o título de “Poeta da resistência”. Em toda sua obra Darwish expressa a defesa da liberdade e de sua terra, mas também soube cantar a vida e o amor.
Publicou em 1998 a coletânea poética Sareer el Ghariba (Leito do Estrangeiro), sua primeira coleção de poemas de amor. Em 2000 publicou Jidariyya (Mural), livro que consiste de um poema sobre sua experiência próxima da morte em 1997. Publicou seu livro de poesias Palco de Estado de Sítio em 2002.
Seu célebre poema, Carteira de Identidade (Sajjel, ana arabi), se converteu em um hino em todo o mundo árabe.
Foi membro do Comitê executivo da OLP e viveu no exílio entre Beirute e Paris até seu retorno em 1996 à Palestina. Seus poemas são conhecidos por todo o mundo árabe, e vários deles se tornaram letras de músicas.
Darwish tem sido o poeta palestino mais reconhecido no exterior. Em 1969 foi honrado com o prêmio Lótus, o prêmio Lênin em 1983, o premio da Fundação Lannn da liberdade cultural em 2001 e o premio Príncipe Claus da Holanda em 2004. Em 1997 foi produzido um documentário sobre ele na TV francesa, dirigido pela conhecida diretora franco-israelense Simone Bitton e recebeu a medalha de Cavalheiro das Artes e Letras da França e tornou-se membro comendador da Ordem de França das Letras e Artes. É membro honorário do Centro Sakakini.
Leia a matéria do ARABESQ sobre a obra e vida de Mahmoud Darwish
Mahmoud Darwich
Registra-me!
sou árabe
número de minha identidade é cinqüenta mil
tenho oito filhos
e o nono... virá logo depois do verão!
vais te irritar por acaso?
Registra-me!
sou árabe
trabalho com meus companheiros de luta
em uma pedreira
tenho oito filhos
arranco pedras
o pão, as roupas, os cadernos
e não venho mendigar em tua porta
e não me dobro
diante das lajes de teu umbral
vais te irritar por acaso?
Registra-me!
sou árabe
meu nome é muito comum
e sou paciente
em um país que ferve de cólera
minhas raízes...
fixadas antes do nascimento dos tempos
antes da eclosão dos séculos
antes dos ciprestes e oliveiras
antes do crescimento vegetal
meu pai... da família do arado
e não dos senhores do Nujub¹
e meu avô era camponês
sem árvore genealógica
minha casa
uma cabana de guarda
de canas e ramagens
satisfeito com minha condição
meu nome é muito comum
Registra-me
sou árabe
sou árabe
cabelos... negros
olhos... castanhos
sinais particulares
um kuffiah² e uma faixa na cabeça
as palmas ásperas como rochas
arranharam as mãos que estreitam
e amo acima de tudo
o azeite de oliva e o tomilho
meu endereço
sou de um povoado perdido... esquecido
de ruas sem nome
e todos os seus homens... no campo e na pedreira
amam o comunismo
vais te irritar por acaso?
Registra-me
sou árabe
tu me despojaste dos vinhedos de meus antepassados
e da terra que cultivava
com meus filhos
e não os deixastes
nem a nossos descendentes
mais que estes seixos
que nosso governo tomará também
como se diz
vamos!
escreve
bem no alto da primeira página
que não odeio os homens
que eu não agrido ninguém
mas... se me esfomeiam
como a carne de quem me despoja
e cuidado...cuida-te
de minha fome
e minha cólera.
De Folhas de Oliveira
1- Célebre tribo da Arábia
2. Lenço com desenhos quadriculados, usado para cobrir a cabeça e que tornou-se símbolo nacional palestino pela liberdade e independência. Originariamente, esse lenço é usado pelos camponeses para protegerem a cabeça durante o trabalho no campo.
بطاقة هوية
محمود درويش
!سجِّل
أنا عربي
ورقمُ بطاقتي خمسونَ ألفْ
وأطفالي ثمانيةٌ
!وتاسعهُم.. سيأتي بعدَ صيفْ
فهلْ تغضبْ؟
!سجِّلْ
أنا عربي
وأعملُ مع رفاقِ الكدحِ في محجرْ
وأطفالي ثمانيةٌ
أسلُّ لهمْ رغيفَ الخبزِ،
والأثوابَ والدفترْ
من الصخرِ
و لا أتوسَّلُ الصدقاتِ من بابِكْ
ولا أصغرْ
أعتابكْ أمامَ بلاطِ
فهل تغضب؟
!سجل
أنا عربي
لقبِ أنا إسمٌ بلا
صبورٌ في بلادٍ كلُّ ما فيها
يعيشُ بفورةِ الغضبِ
...جذوري
قبلَ ميلادِ الزمانِ رستْ
وقبلَ تفتّحِ الحقبِ
وقبلَ السّروِ والزيتونِ
وقبلَ ترعرعِ العشبِ
أبي... من أسرةِ المحراثِ
لا من سادةٍ نجبِ
وجدّي كانَ فلاحاً
بلا حسبٍ.. ولا نسبِ
يعلّمني شموخَ الشمسِ قبلَ قراءةِ الكتبِ
وبيتي كوخُ ناطورٍ
منَ الأعوادِ والقصبِ
فهل ترضيكَ منزلتي؟
!أنا إسمٌ بلا لقبِ
!سجل
أنا عربي
ولونُ الشعرِ.. فحميٌّ
ولونُ العينِ.. بنيٌّ
:وميزاتي
على رأسي عقالٌ فوقَ كوفيّه
وكفّي صلبةٌ كالصخرِ
تخمشُ من يلامسَها
:وعنواني
أنا من قريةٍ عزلاءَ منسيّهْ
شوارعُها بلا أسماء
وكلُّ رجالها في الحقلِ والمحجرْ
فهل تغضبْ؟
سجِّل
أنا عربي
سلبتَ كرومَ أجدادي
وأرضاً كنتُ أفلحُها
أنا وجميعُ أولادي
ولم تتركْ لنا... ولكلِّ أحفادي
...سوى هذي الصخورِ
فهل ستأخذُها حكومتكمْ.. كما قيلا!؟
! إذن!
سجِّل.. برأسِ الصفحةِ الأولى
أنا لا أكرهُ الناسَ
ولا أسطو على أحدٍ
ولكنّي... إذا ما جعتُ
آكلُ لحمَ مغتصبي
حذارِ.. حذارِ.. من جوعي
!! ومن غضبي
من أوراق الزيتون
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10/08/2008 - 09h59
Morre o poeta símbolo da Palestina, Mahmoud Darwish
Morre o poeta símbolo da Palestina, Mahmoud Darwish
Reuters
Mohammed Assadi
De Ramallah
Mohammed Assadi
De Ramallah
Mahmoud Darwish, cuja poesia traduziu a causa Palestina, receberá o equivalente a um funeral de Estado na Cisjordânia na terça-feira --honraria oferecida anteriormente apenas ao líder da Organização pela Libertação da Palestina Yasser Arafat.
O escritor de 67 anos morreu no sábado em Texas, Houston, de complicações desencadeadas por uma cirurgia de coração.
"Ele traduzia a dor dos palestinos de forma mágica. Ele nos fazia chorar e nos fazia feliz e mexia com nossas emoções", disse o poeta egípcio Ahmed Fouad Negm.
"Além de ser o poeta da ferida palestina, que está machucando todos os árabes e todas as pessoas honestas no mundo, ele é um poeta magistral", disse Negm à Reuters no Cairo.
O funeral de Darwish em Ramala será o primeiro patrocinado pela Autoridade Palestina desde que Arafat morreu em 2004.
O presidente palestino Mahmoud Abbas decretou três dias de luto nacional. Pessoas se aglomeraram no sábado à noite nas ruas de Ramala segurando velas e chorando.
O poeta residia na Cisjordânia desde que retornou, em 1990, de um longo período de exílio durante o qual ganhou proeminência na OLP de Arafat."A questão palestina, na poesia de Mahmoud Darwish, não era mais uma lenda, mas uma história sobre pessoas feitas de carne, sangue e sentimentos", disse Zehi Wahbi, apresentador de televisão e poeta libanês, amigo de Darwish.
Considerado o poeta nacional da Palestina, o trabalho de Darwish foi largamente traduzido. Ele ganhou novas gerações de admiradores com poemas que evocavam não apenas a dor dos palestinos deslocados, mas também paradoxos sutis e temas humanos mais amplos.
Ele desfrutava de grande popularidade no mundo árabe, onde tinha um nível de leitura de fazer inveja a poetas contemporâneos que escrevem em inglês e outras línguas européias, normalmente eclipsados por romancistas.
O escritor de 67 anos morreu no sábado em Texas, Houston, de complicações desencadeadas por uma cirurgia de coração.
"Ele traduzia a dor dos palestinos de forma mágica. Ele nos fazia chorar e nos fazia feliz e mexia com nossas emoções", disse o poeta egípcio Ahmed Fouad Negm.
"Além de ser o poeta da ferida palestina, que está machucando todos os árabes e todas as pessoas honestas no mundo, ele é um poeta magistral", disse Negm à Reuters no Cairo.
O funeral de Darwish em Ramala será o primeiro patrocinado pela Autoridade Palestina desde que Arafat morreu em 2004.
O presidente palestino Mahmoud Abbas decretou três dias de luto nacional. Pessoas se aglomeraram no sábado à noite nas ruas de Ramala segurando velas e chorando.
O poeta residia na Cisjordânia desde que retornou, em 1990, de um longo período de exílio durante o qual ganhou proeminência na OLP de Arafat."A questão palestina, na poesia de Mahmoud Darwish, não era mais uma lenda, mas uma história sobre pessoas feitas de carne, sangue e sentimentos", disse Zehi Wahbi, apresentador de televisão e poeta libanês, amigo de Darwish.
Considerado o poeta nacional da Palestina, o trabalho de Darwish foi largamente traduzido. Ele ganhou novas gerações de admiradores com poemas que evocavam não apenas a dor dos palestinos deslocados, mas também paradoxos sutis e temas humanos mais amplos.
Ele desfrutava de grande popularidade no mundo árabe, onde tinha um nível de leitura de fazer inveja a poetas contemporâneos que escrevem em inglês e outras línguas européias, normalmente eclipsados por romancistas.
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A convocatória do 9º Congresso das Entidades e Comunidades Palestino Brasileiras, ocorrido em Janeiro de 2007, apresentou, na sua introdução, a seguinte poesia de Mahmoud Darwich:
EU SOU DE LÁ
Mahmoud Darwich
Eu venho de lá e recordo
que nasci como todo mundo nasce, tenho uma mãe
e uma casa com muitas janelas,
tenho irmãos, amigos e uma prisão.
Tenho uma onda marinha que a gaivota arrebatou
tenho uma visão de mim mesmo e uma folha de capim
tenho uma lua passada no auge das palavras
tenho uma comida divina de pássaros e uma oliveira
além da quilha do tempo
atravessei a terra antes que espadas tornassem
os corpos banquetes.
Eu venho dali.
Eu faço o céu retornar à sua mãe
quando por sua mãe o céu chorar,
e eu choro querendo o retorno de uma nuvem
para me conhecer.
Eu aprendi as palavras de tribunais manchados de sangue
de forma a quebrar as regras.
Eu aprendi e desmantelei todas as palavras
para construir uma única: Lar.
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BIOGRAFIA, CANÇÃO E DECLAMAÇÃO
Última aparição publica do Poeta, breve biografia e depoimentos
O fim do exílio: do Texas à Palestina
Remembering Mahmoud Darwish, Houston, Texas
(سجل، أنا عربي) - Carteira de Identidade - Cantada por George Qirmz
Mahmoud Darwish - Aabiroun