quinta-feira, 17 de março de 2016

Recital Dia da Terra - Palestina



Recital Dia da Terra - Palestina



 RECITAL DIA DA TERRA - PALESTINA

  
Biblioteca Mário de Andrade

29/03 - Terça - 19 h

R. da Consolação, 94 - Consolação, São Paulo - SP
Metrô Anhangabaú


O recital “Dia da Terra”, que acontecerá no dia 29 de março, terça-feira, a partir das 19h, na Biblioteca Mário de Andrade, contará com a participação dos poetas Claudio Daniel, Ruy Proença, Marcelo Ariel, Rubens Jardim, Khaled Mahassen, Célia Abila, Marcelo Adifa e Rosana Piccolo, que lerão poemas de autores palestinos contemporâneos, como Mahmoud Darwish, Salim Jabran, Tawfik Az- Zayad e Samih al Qassim, além de composições de autores brasileiros relacionados com o tema da Palestina, sua história, sua cultura e os seus desafios para a autodeterminação.

O Dia da Terra (em árabe: يوم الأرض)  é uma data do calendário palestino, comemorada no dia 30 de março para recordar a ocupação de suas terras pela colonização sionista e afirmar a sua aspiração à autodeterminação e soberania nacional. A origem da data está nos eventos ocorridos em 30 de março de 1976,  quando aconteceram greves e manifestações de protesto em cidades palestinas situadas em Israel contra o anúncio de um plano do governo israelense de expropriar 25.000 dunums (25 milhoes m²) na Galileia, por "razões de segurança e para construção de assentamentos". O exército israelense de ocupação reprimiu duramente as manifestações e seis palestinos foram mortos, na área de Al Jahil. Desde 2007, o Dia da Terra Palestina é celebrado com ações do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções  (BDS), que visa pressionar as autoridades israelenses a realizarem negociações sérias para a paz na região.


Sobre os poetas:


Claudio Daniel nasceu em São Paulo, em 1962.  É poeta, tradutor, ensaísta e doutor em Literatura Portuguesa pela USP. Foi curador de Literatura e Poesia no Centro Cultural São Paulo entre 2010 e 2014 e colunista da revista CULT. Publicou diversos livros de poesia, entre eles A sombra do leopardo, Figuras metálicas e Cadernos bestiais.

Rubens Jardim, 69 anos, fez parte da Catequese Poética nos anos 60, participou da 1ª Bienal Internacional de Poesia e publicou 3 livros: Ultimatum (1966), Espelho riscado (1978) e Cantares da paixão (2008) --e uma plaquete: Fora da estante (2012). Publicou em diversas antologias, no Brasil e no exterior. No seu blog www.rubensjardim.com divulga a série AS MULHERES POETAS desde 2011.

Marcelo Ariel é poeta, performer e ensaísta. Autor dos livros Retornaremos das cinzas para sonhar com o silêncio, Ed.Patuá, O rei das vozes enterradas, Ed. Córrego, entre  outros. Coordena cursos de criação literária.
  
Célia Abila é poeta, participou do Laboratório de Criação Poética e publicou poemas em blogues, sites e revistas de literatura, como Germina, Cronópios e Zunái. É autora do livro de poesia Civilização em aneis de guepardo.

Marcelo Adifa é poeta. Recentemente publicou a obra Exílio, onde retrata, por meio de versos, sua experiência fora do país, tem também o livro A Quem se Fizer Estrela.  Além de suas duas obras, Marcelo participou de diversas antologias temáticas com grandes poetas brasileiros, entre elas 29 de abril – o verso da violência. Na música, já compôs canções em parceria com Lula Barbosa, Vidal França, João Bá e Lluis Llach.

Khaled Mahassen é poeta e empresário no setor de turismo. Publicou poemas em blogues, sites, revistas e na antologia Poetas da Palestina.

CEBRAPAZ
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Palestinos: O Dia da Terra*

Por Maurício Tragtenberg**

 Amanhã, dia 30, o povo palestino comemora o “Dia da Terra”, que surgiu como lembrança histórica da resistência que em 1976, os vários palestinos da Galiléia (território ocupado em 1948) manifestaram contra a invasão e ocupação de suas terras pelo Estado em Israel.

 Como acontece nessas ocasiões houve repressão e violência por parte das autoridades militares de ocupação, onde foram indiscriminadamente atingidos homens, mulheres, velhos e crianças. É impossível destruir um povo que por mais de trinta séculos construiu sua cultura, suas obras materiais e espirituais.

 Enquadrada no plano da destruição da cultura e identidade do povo palestino estão as universidades palestinas construídas nas ‘zonas ocupadas’ pelo Estado em Israel.

  Através da Ordenança Militar 854, uma das 1.080 ordenações militares que modificam a legislação jordaniana, em vigor na Cisjordânia, o Estado detém em suas mãos a permissão de funcionamento de qualquer instituição educacional, que implica no controle pelas autoridades do pessoal acadêmico, dos programas e manuais de ensino.

  Uma das iniciativas que afetou gravemente o funcionamento das universidades palestinas nas ‘zonas ocupadas’ foi que a partir de 1983 os professores estrangeiros –na realidade palestinos com passaportes de diversas nacionalidades estrangeiras – tenham que assinar uma declaração, segundo a qual, comprometem-se a não dar apoio algum à OLP nem a qualquer organização terrorista. Ante a recusa unânime do corpo de professores em assinar tal ignominioso papel, a repressão foi terrível.

  A Universidade d’An-Najah teve dezoito professores expulsos, enquanto outros três que estavam no Exterior foram proibidos de ingressar na Cisjordânia. Bir-Zeit perdeu cinco e a Universidade de Bethléem perdeu doze de seus professores.

  O fechamento temporário de universidades é outra medida que as “autoridades” de ocupação lançam mão; entre 1981/2 a Universidade de Bir-Zeit ficou fechada sete meses. A Universidade de An-Najah em 1982/3 ficou fechada durante três meses consecutivos, as Universidades de Bethléem e Hebron conheceram igual destino.

  Com o fim de vencer a resistência cultural palestina, a detenção de estudantes pelos motivos mais fúteis é coisa comum em todas as universidades da Cisjordânia. Os detidos são confinados na prisão de Fara’a, no Vale do Jordão. Segundo a advogada Lea Tsemel, o detido, conforme a “lei de urgência” (do período do Mandato Britânico) pode ficar incomunicável durante dezoito dias, sem culpabilidade definida nem visita de advogado. Por trazer consigo um panfleto ilegal o detido pode assim ficar durante 48 dias.

  O “tratamento” é o mais degradante possível: duchas frias, golpes, insultos.

  O presidente do Conselho de Estudantes de An-Najah, condenado a seis anos de prisão em 1974, não só afirmou ter sido torturado como também afirmou: “todos os prisioneiros palestinos são torturados.”

  Porém, a Universidade de Bir-Zeit é um foco de resistência cultural palestina; organiza atividades culturais fundada na cultura popular palestina. Possui uma biblioteca significativa aberta à consulta pública.

  Os dados a respeito da situação de resistência cultural palestina acima descrita nos foram fornecidos por Sônia Dayan-Herzbrun e Paul Kessler, que testemunham: “O fato de sermos judeus não afeta nossa objetividade em relação ao tema tratado. A consciência de nossa identidade judaica e das responsabilidades inerentes a ela nos levaram a participar do Centro de Cooperação com a Universidade Bir-Zeit.” (Le Monde Diplomatique, julho de 1984)

É o que também pensamos. O “Dia da Terra” é a reafirmação de um povo que pode ser expropriado, espezinhado, torturado, caluniado;vencido nunca.

 * Publicado in: Folha de S. Paulo, 29.03.1985.

 ** Maurício Tragtenberg, 54, professor do Departamento de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas SP) e da PUC-SP, escreveu, entre outros livros, “Administração, Poder e Ideologia.


sábado, 5 de março de 2016

Pela libertação dos quatro brasileiros presos nos cárceres israelenses

Palestino brasileiros presos nos cárceres israelenses
Islam Hamed, 32 anos; Sultan Hijaz, 17 anos;
Mujahed Hamed, 23 anos e Yussef barghouthi, 22 anos

Conselho de Cidadãos Brasileiros na Palestina
Membros do Conselho de Cidadãos Brasileiros na Palestina se encontram  com Raed Issa Abdel Aziz, 22 anos, libertado em 22/01/16. 

O Conselho de Cidadãos Brasileiros na Palestina emitiu relatório onde descreve a situação de humilhação e maus tratos dos quatro brasileiros presos em Israel  e seus familiares.

Solicitamos às autoridades brasileiras, ao Itamaraty, que interceda junto às autoridades israelenses para que libertem os brasileiros-palestinos, imediatamente!

Israel ocupa ilegalmente territórios do Estado da Palestina e contraria todas as Convenções de Genebra, o Direito Internacional e as resoluções da ONU sobre a questão da Palestina.

Todos os prisioneiros políticos e seus familiares que lutam pela libertação de seus filhos dos cárceres do apartheid israelense merecem todo nosso apoio e solidariedade.

Conclamamos a sociedade civil brasileira e os movimentos sociais a compartilhar esse pedido de libertação e envidar esforços para que ações concretas, por parte do governo brasileiro, sejam implementadas até a libertação dos prisioneiros brasileiros.

05/03/2016

FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil

https://www.facebook.com/FepalPalestina/


Federação Árabe Palestina do Brasil - FEPAL
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Conselho de Cidadãos Brasileiros na Palestina (CCBP)

Segundo relatório sobre a situação dos brasileiros
detidos por Israel

28 de fevereiro de 2016

Este relatório foi elaborado após a visita realizada pelo Conselho às famílias dos cidadãos brasileiros-palestinos detidos pelo Exército israelense na Palestina.

Além de todas as arbitragens cometidas pelo Exército israelense contra os detidos palestinos, violações do Direito Internacional e de Direitos Humanos, pudemos perceber, durante o acompanhamento das detenções dos  brasileiros-palestinos e suas audiências, o tratamento desrespeitoso e desumano do Exército israelense para com os detidos e seus familiares.

O  apartheid israelense imposto aos palestinos vai muito além da imaginação, principalmente com relação aos direitos dos detidos em cárceres israelenses. Os brasileiros-palestinos também são vítimas deste apartheid.

Não bastassem tantas violações, estas prisões tornaram-se empresas em que se gera um grande lucro para o governo israelense. As prisões geram milhares de empregos para israelenses, o consumo de produtos de colônias israelenses pelos prisioneiros; além disso, os julgamentos também impõem altíssimas multas a cada prisioneiro.

Os familiares dos prisioneiros têm uma despesa de 1.200,00 a 1.400,00 shequels mensalmente (cerca de R$ 1.423,00 – ou US$ 360,00 – em cotação de 1º de março de 2016), pois são proibidos de levar a maioria dos produtos necessários aos detidos para dentro das prisões, onde devem comprá-los. Entre esses produtos estão cobertores, sapatos, escovas de dentes, cigarro e até mesmo comida e água mineral. Os produtos são vendidos nas prisões pelo dobro do preço comercializado nos territórios palestinos.

Atualmente temos ainda quatro brasileiros-palestinos encarcerados; um dos prisioneiros contabilizados no relatório anterior foi posto em liberdade no mês de janeiro. Todos os prisioneiros brasileiros-palestinos foram detidos em seus lares, em territórios palestinos ocupados pelo Estado de Israel. São eles:


Nome do detido: Islam Hamed
Idade: 32 anos
Cidade: Silwad – Ramalá
Número de detenções: três vezes (a primeira por Israel, a segunda pelas autoridades palestinas e a terceira, novamente, por Israel, após ter sido posto em liberdade pelas autoridades palestinas). Sua terceira detenção se deu em  24/10/2015.
Acusações: Ainda não determinadas pelos tribunais do Exército israelense.

          
Islam Hamed, preso em Israel





O Exército israelense invadiu a casa dos pais de Islam Hamed em janeiro – relata Nadia Hamed, mãe de Islam Hamed. Soldados invadiram sua casa às 00h30 e só saíram às 3h00 da madrugada, deixando muitos estragos. Nesta mesma noite fizeram revistas em várias outras casas da cidade, alegando terem recebido denúncias da existência de armamentos, mas nenhum foi encontrado.

Islam ainda não foi condenado e Nadia sempre se faz presente em suas audiências. Ela demonstra preocupação, pois seu filho não está bem de saúde e tem sentido fortes dores em seu rim direito. A esposa, o pai e o irmão de Islam são proibidos de visitá-lo – a permissão só é dada à mãe. Além dela, Islam tem tido a visita frequente dos agentes do Escritório de Representação Brasileira na Palestina.

Sua próxima audiência se dará no dia 06/03/2016.



Nome do detido: Sultan Hijaz
Idade: 17 anos
Cidade  Mazra Sharquiya – Ramalá
Acusações: Atirar pedras e bombas caseiras (coquetéis "Molotov") contra o Exército israelense.


       

Preso por Israel



A mãe de Sultan, Yusra Ahmad, assistiu a sua audiência em 25/12/2015, onde foi revistada de forma brutal e grosseira. Quando passava pelo detector de metais, o aparelho soou um alerta, mas não havia absolutamente nada visível que ela pudesse tirar para que o sinal parasse. Neste momento foi  agressivamente revistada e constatou-se que a alça de seu sutiã tinha um pequeno metal. Ela disse ter tido muito medo e, quando já dentro da sala de audiências, ao ver seu filho, tentou abracá-lo, quando foi brutalmente afastada dele e acusada de ter tentado dar uma faca a Sultan, ainda que tivesse sido revistada antes da sua entrada. A primeira visita que Yusra pôde fazer ao filho, à parte das audiências, foi em 06/01/2016, dois meses após a sua detenção. Sultan não tinha advogado devido à situação financeira da familia, mas um cidadão brasileir ( anonimo ), por solidariedade, pagou um advogado para defendê-lo. 

Yusra afirma que, quando acompanhados dos agentes do Escritório de Representação Brasileira na Palestina, o tratamento é diferente. As despesas de seu filho dentro da prisão são muito altas, pois não é permitida levar-lhe nada: tudo deve ser comprado da própria prisão. Sultan tem tido acompanhamento dos agentes do Escritório de Representação Brasileira em Ramala em suas audiências.

Sultan ainda não foi condenado e sua próxima audiência acontece em 02/03/2016. Os tribunais militares do Exército israelense pediram uma condenação a 10 meses de prisão e uma multa de 3.000,00 shequels (por volta de R$ 3.046,00 – ou US$ 800,00 – em cotação de 1º de março de 2016).




Nome do detido: Mujahed Hamed
Idade: 23 anos
Cidade: Silwad – Ramalla
Numero de detenções: Três vezes
Acusações: Atirar pedras contra o Exército israelense; tentativa de matar colonos israelenses lançando pedras (as autoridades israelenses dizem ter chego à acusação através de teste de impressão digital na pedra, mas nada foi comprovado); entrar em territórios de Israel sem a devida permissão.

       
                                
               
Preso por Israel



A última vez que Widad Hamed visitou seu filho foi no dia 08/02/2016. Durante esta visita, Mujahed informou-lhe que seriam proibidas as visitas nos próximos dois meses devido a uma revista surpresa feita no presídio durante a madrugada. A revista deu-se sob a alegação de suspeitas de que havia celulares dentro das celas e correu, como sempre, com muita violência. Como Mujahed reagiu à violência, recebeu como punição dois meses sem a visita de sua mãe. Com isso, Widad fez um novo pedido de visita para o mês de fevereiro e a permissão foi dada para o dia 24. Entretanto, quando  Widad foi visitar seu filho na data agendada, foi impedida de entrar, sob a alegação de “motivos de segurança”.

Os agentes do Escritório de Representação Brasileira na Palestina tranquilizaram Widad dizendo ter visitado Mujahed; felizmente, ele se encontra bem.


Mujahed terá audiência em 15/03/2016, mas ainda não se sabe se ele  será julgado ou se o julgamento será novamente adiado.



Nome do detido: Yussef Barghouthi
Idade: 22 anos
Cidade: Der Abu-Mishal – Ramalla
Numero de detenções: Primeira vez
Acusações: Jogar pedras contra o Exército israelense e fabricar “coquetéis Molotov”.





Preso por Israel



Detido em 04/09/2014, em sua casa, às 2h00 da madrugada, Yussef foi lavado para Maskubiya para interrogatório. Não confessou qualquer das acusações e ainda não foi condenado.

Durante seu interrogatório, o Exército israelense diz que Yussef assinou uma declaração admitindo as acusações, mas o documento está escrito em hebraico; também não é permitida a presença de advogados durante o tempo de interrogatórios, que podem levar até 90 dias. Segundo a família de Yussef, ele assinou um documento sem saber do que se tratava.

Yussef tem tido acompanhamento dos agentes do Escritório de Representação Brasileira em Ramalá. Sua última audiência aconteceu em 20/01/2016, sem julgamento, e foi suspensa até o dia 15/03/2016. O tribunal militar de Israel pede uma condenação para Yussef, com a pena de sete anos e meio de prisão e uma multa de 7.000,00 shequels (R$ 7.107,00 – ou US$ 1.802,00 em cotação de 1º de março de 2016).




Nome do detido: Raed Issa Abdel Aziz
Idade: 22 anos
Cidade: Mazra Sarquiya
Tempo de detenção: 2 anos e 3 meses
Multa: 2.600,00 shequels (R$ 2.640,00 – ou US$ 670,00 na cotação de 1º de março de 2016).
Acusações: Entrar em contato com representantes do Hamas na Jordânia após visitar um amigo que havia saído da prisão e atirar pedras contra o Exército israelense.





Preso por Israel






Raed foi posto em liberdade em 22/01/2016, 50 dias antes da data prevista (11/03/2016). Raed diz que agentes penitenciários o informaram que ele sairia antes da data prevista devido à superlotação dos presídios. Ele deixou a prisão de Ofar em Betúnia – Ramala, mas ficou à espera do processo por mais de três horas, sem comer ou beber água. Foi posto em liberdade com outros prisioneiros e teve de auxiliar um jovem palestino de apenas 14 anos a andar até o portão, pois o adolescente havia sido baleado na perna (uma bala perdida do Exército Israelense). Ainda assim, o jovem ficou detido por dois meses sem direito a uma muleta para andar até o portão do qual sairiam, para encontrar seus familiares que ali estavam à espera.


Raed conta sobre as   abusos cometidas pelo Exército Israelense contra os prisioneiros como “animalescas”. As revistas feitas durante a madrugada são sempre violentas, a falta de atendimento médico ou até mesmo a negação de remédios a pessoas com câncer e outras doenças graves, maus tratos e humilhações são cotidianos.

Raed tambem apontou que tudo deve ser comprado dentro da prisão, onde tudo é muito caro. Só é permitida a entrada de roupas de algodão, de três em três meses, o que não é suficiente para o inverno rigoroso, especialmente dentro das prisões.

Raed disse que ficava muito feliz em saber que receberia a visita da mãe “e, ao mesmo tempo muito triste, pois sabia que seria cansativo para ela, tanto física quanto psicologicamente. Por isso, pedi várias vezes que ela não viesse me visitar, principalmente quando estive na prisão de Nakkab, que fica muito longe e tem condições deploráveis.”

Raed ficou noivo antes de ser posto em liberdade. Nunca foi visitado por sua noiva enquanto detido. Apesar de estar noivo, ele diz que seu maior sonho continua sendo o de ver seu país, a Palestina, livre da ocupação Israelense e poder ver todos os prisioneiros palestinos em liberdade.


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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Israel é a premissa do ódio




31/01/2016 - por Breno Altman


A Folha de S.Paulo publicou, no último dia 24 de janeiro, no caderno Ilustríssima, elegante defesa do sionismo, assinada pelo jornalista Alon Feuerwerker e intitulada “Quatro premissas erradas sobre Israel”.

A síntese do postulado apresentado pelo autor está em frase clara, pela qual busca explicar obstáculos para a fundação do Estado palestino: “a ampla maioria dos líderes árabes e muçulmanos tem recusado qualquer solução de compromisso que inclua um Estado judeu”.

A assertiva camufla uma falácia: ao contrário do que afirma o escriba, a Organização pela Libertação da Palestina, desde 1993, quando foi assinado o Acordo de Oslo, reconhece a legalidade de Israel, somando-se ao ponto de vista advogado por Egito e Jordânia, entre outras nações árabes.

As lideranças palestinas, ao assumirem esta posição, aceitaram a fórmula da convivência pacífica e soberana de dois Estados, um árabe e outro judaico, como o mapa do caminho para a independência e a descolonização.

Sucessivos governos sionistas, no entanto, das mais distintas colorações partidárias, continuaram a política de ocupação dos territórios anexados à força nas guerras posteriores a 1947.

A Autoridade Palestina, criada após as negociações entre Yasser Arafat e Yitzhak Rabin, permanece estrangulada por um sistema militar e administrativo que impede sua plena soberania. Repartida em bantustões formalmente autônomos, localizados em territórios descontinuados, não tem controle sobre riquezas naturais, fluxos comerciais, estradas de passagem, política de defesa ou cobrança de impostos.

O Estado de Israel persevera em violação sistemática de resoluções internacionais que obrigam o recuo às fronteiras existentes até a guerra de 1967.

O texto de Feuerwerker aborda o tema como se fosse conflito entre dois Estados. Abusando da fantasia, traça paralelo com as tratativas que sedimentaram a paz entre França e Alemanha no século XX. A questão palestina tem outra natureza: expressa situação neocolonial, na qual uma nação invade e governa terras que não lhe pertencem, ditando o destino de outros povos e impondo seus interesses geopolíticos.

Ao longo de sucessivas batalhas de ocupação, o Estado de Israel ampliou sua posse sobre a antiga Palestina britânica, dos 53% determinados pela partilha original, até superar atualmente os 80%. Além das guerras de conquista, estabeleceu processo de usurpação e discriminação contra a população palestina, incorrendo em práticas de colonialismo frontalmente condenadas pela comunidade das nações.

À luz da norma internacional, Israel comporta-se como Estado pirata. De índole semelhante a da África do Sul durante o apartheid, no qual um regime de ordenamento racial protegia a supremacia branca.

Todos os povos submetidos a este tipo de garrote possuem o direito à rebelião, historicamente caracterizado como autodefesa diante da opressão estrangeira e do vilipêndio à liberdade.

Todos os governos que atropelam princípios estabelecidos pela carta fundacional das Nações Unidas e suas decisões correlatas devem ser pressionados e boicotados até que retomem a rota da legalidade.

Mesmo que seja longo o caminho para a derrota da doutrina expansionista, ao inverso do que esboça o respeitado jornalista, a responsabilidade pelo ódio é uma pena que sempre cabe ao agressor.


Esse artigo foi originalmente publicado no jornal Folha de S. Paulo, no dia 31/01/2016.(http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/01/1735262-israel-e-a-premissa-do-odio.shtml).



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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Empresa israelense oferece empregadas com valor tabelado por etnia

O racismo em Israel é parte de sua formação


Do Brasil 247 - por Plínio Zúnica*


O trabalho doméstico é, por si, um absurdo. Em Israel, porém, o absurdo ganha sempre novos limites, principalmente quando envolve a exploração de minorias étnicas, e com o trabalho doméstico não poderia ser diferente. Agora, na "única democracia do oriente médio", o valor da exploração do trabalho doméstico de uma mulher é tabelado por origem étnica.

"Precisa de uma empregada? Está cansado de ser multado por contratar imigrantes ilegais? Não quer contratar uma faxineira árabe por questões de segurança? Está cansado de seguir a lei e depois ser processado por empregados temporários?"


Esse é o texto no cabeçalho de um folheto publicitário que vem sendo distribuído nas vias mais movimentadas do norte de Tel Aviv, a cidade "mais progressista" de Israel. No dia 05 de fevereiro, a blogueira israelense Tal Schneider recebeu este panfleto e denunciou a empresa, que oferece serviços de diaristas e empregadas domésticas com valores diferenciados de acordo com a sua etnia.

A empresa oferece a "solução" para as aflições dos cidadãos israelenses, com um cardápio variado de mulheres para atender as necessidades e níveis de racismo de cada cliente. De acordo com o flyer, a empresa reconhece oficialmente que a carne mais barata do mercado é a carne negra, uma vez que contratar uma empregada doméstica vinda de países africanos custa 49,00 NIS (Shekel israelense, cuja cotação atual é de 1 para 1 com o Real). Uma empregada do Leste Europeu sai por 52,00 NIS por hora. Já a hora de trabalho uma empregada da parte ocidental da Europa custa 69,00 NIS, ou seja, uma mulher do "mundo civilizado" vale 40% mais do que uma africana.

O jornal israelense Mako entrou em contato com a empresa, que declarou que o anúncio é verdadeiro, que não há nenhum mal entendido, e que em Israel não é ilegal pagar salários diferentes por motivos raciais. Infelizmente, eles têm razão. A discriminação racial é legalizada em Israel, e casos como este não são nenhuma novidade na nação mais racista e xenófoba do planeta.

Não é nenhuma novidade que o apartheid racial é legalizado e amplamente normalizado na sociedade sionista. Um exemplo das leis que garantem o direito israelense de ser racista é o fato de que todo proprietário pode se recusar a alugar imóveis para não-judeus, e é muito comum que árabes e negros sejam considerados vizinhos indesejáveis. Pra além das medidas de racismo governamental, existem as práticas cotidianas de uma sociedade profundamente embriagada com a ideia de sua superioridade racial, como nos mostra o caso recente de dois palestinos que foram expulsos de um voo porque cerca de setenta israelenses se enfureceram com a ideia de dividir o seu precioso espaço com árabes. Ou podemos citar o caso de outubro de 2015, quando uma reportagem do Channel 2 de Israel revelou que os hotéis da rede Crown Plaza alertavam seus clientes israelenses de que, infelizmente, teriam que passar pelo inconveniente de terem que dividir as áreas comuns do hotel com árabes. Os exemplos são infinitos.

O racismo israelense não é novidade, porém é muito comum que se pense que o preconceito sionista seja apenas islamofóbico ou anti-palestino. A propaganda de doutrinação sionista costuma usar, muito desonestamente, a existência de judeus etíopes para alegar que não existe preconceito contra negros em Israel. O caso desta empresa, no entanto, é apenas mais um dos inúmeros exemplos que provam que a sociedade israelense não é apenas paranoica com "questões de segurança" e "terroristas muçulmanos". Israel é uma sociedade xenófoba e higienista, que não vê problemas em tabelar o valor de mulheres de acordo com a cor de sua pele e origem étnica, da mesma maneira que não vê problemas na existência de Holot, um campo de concentraçãono deserto do Negev, construído para encarcerar ilegalmente negros refugiados e depois deportá-los à força para destinos aleatórios. Afinal, colonização, racismo e exploração do trabalho são elementos indissociáveis, e o sionismo moderno não é nada mais do que a perpetuação do colonialismo europeu.


Para saber mais sobre o racismo israelense contra povos africanos, recomendo o site (em inglês) do jornalista David Sheen, que compila reportagens e relatórios de ataques sionistas contra populações negras.


*Plínio Zúnica - Estudante de Letras, viveu no Egito e na Palestina. Escreve também os blogs Descolonizações e Bebendo Blues. Contato: zuni.plinio@gmail.com 


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